Falamos com o diretor de fotografia Matthew Libatique, o bra&ccedil;o direito de Olivia Wilde, a diretora do filme &ldquo;N&atilde;o Se Preocupe, Querida&rdquo;

Por tratar de duas realidades diferentes, o filme &ldquo;N&atilde;o Se Preocupe, Querida&rdquo; se destaca por usar diferentes elementos visuais para levar a trama. S&atilde;o as cores e a luminosidade de cada cena que d&atilde;o indicativos ao p&uacute;blico que algo n&atilde;o est&aacute; perfeito no bairro Victory e o que parece ser apenas um filme de &eacute;poca &eacute; na verdade um suspense de fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica.&nbsp;
Estes aspectos visuais, s&atilde;o cria&ccedil;&atilde;o da &aacute;rea de Dire&ccedil;&atilde;o de Fotografia, um dos principais cargos no cinema. Al&eacute;m de ser quem literalmente est&aacute; por tr&aacute;s das c&acirc;meras durante as grava&ccedil;&otilde;es, &eacute; tamb&eacute;m a pessoa respons&aacute;vel pela ilumina&ccedil;&atilde;o de cada cena bem como a exposi&ccedil;&atilde;o do equipamento &agrave; luz. E, a revela&ccedil;&atilde;o da pel&iacute;cula de filme - algo que em tempos pr&eacute;-digitais era extremamente delicado e arriscado.&nbsp;
<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/pop-culture/olivia-wilde-esclarece-briga-com-florence-pugh">Olivia Wilde</a>, a diretora do filme, pode contar com o renomado diretor de fotografia Matthew Libatique, como seu bra&ccedil;o direito no projeto que leva em seu curr&iacute;culo grandes produ&ccedil;&otilde;es como Cisne Negro, <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/cultura/lady-gaga-e-indicada-em-duas-categorias-no-oscar">Nasce uma Estrela</a> e at&eacute; mesmo dois dos filmes de Iron Man.
Matthew deu uma entrevista exclusiva para L&rsquo;Officiel onde contou um pouco como foi o seu processo de cria&ccedil;&atilde;o e as filmagens de N&atilde;o Se Preocupe, Querida. Veja a seguir:

não se preocupe, querida (divulgação)

Tentando n&atilde;o dar spoiler, quais foram os elementos chaves que voc&ecirc; levou em considera&ccedil;&atilde;o para ilustrar o que era necess&aacute;rio no filme?
Sempre o foco &eacute; o contraste entre o personagem e o cen&aacute;rio. (brinca) Criar este mundo id&iacute;lico poderia facilmente ter ficado pl&aacute;stico. Essa foi a coisa mais importante realmente, criar esse naturalismo para que quando ca&iacute;mos no mundo de Victory, quando vemos este lugar pela primeira vez, n&atilde;o seja &oacute;bvio que &eacute; um filme sobre qualquer outra coisa al&eacute;m deste lugar.

Como voc&ecirc; fez para atingir esta naturalidade? Porque de fato, tudo parece muito real quando assistimos.&nbsp;
Uma coisa que tentei abra&ccedil;ar &eacute; o conceito de imperfei&ccedil;&atilde;o porque o mundo poderia ser t&atilde;o perfeito. Uma t&eacute;cnica foi usar lentes e &oacute;ticas que pudessem realmente aceitar a luz e depois rejeit&aacute;-la pelo flaring, aquela luz que &agrave;s vezes era muito brilhante e n&atilde;o perfeitamente exposta. O personagem n&atilde;o existe apenas quando ele est&aacute; com a luz no seu rosto. &Eacute; como ser um estudante da exist&ecirc;ncia cotidiana. Usamos uma loca&ccedil;&atilde;o externa em Palm Springs de modelo para entender como a luz jogava dentro da casa. Isso foi muito importante para mim como diretor de fotografia e para minha equipe, pois pod&iacute;amos verificar como projetar isso. Queria que a luz fosse bonita, mas &agrave;s vezes era dura ou forte demais. A luz do sol entra muito brilhante na casa e est&aacute; sempre presente, a menos que seja um dia sem sol.

H&aacute; diversas grandes cenas com muitos atores, inclusive com a diretora do filme em cena. Como voc&ecirc;, que est&aacute; literalmente por tr&aacute;s das c&acirc;meras, trabalhou esses momentos?
Para ser honesto, busquei realmente criar espa&ccedil;o para esses artistas. Quando Olivia est&aacute; em cena, ela est&aacute; dirigindo a cena de dentro. Todos os seus artistas e elenco foram maravilhosos. Ela juntou Kate Berlant e Nick Kroll. Essas pessoas trabalham juntas como uma esp&eacute;cie de orquestra. M&uacute;sicos passando um solo para o outro e encaixando as falas. Todo mundo sabia o seu lugar em cada cena e sempre sabiam onde estava a c&acirc;mera, o que lhes dava a liberdade para se mover. &Eacute; muito comum, no cinema, que os atores sejam dirigidos de forma r&iacute;gida em fun&ccedil;&atilde;o da luz. N&oacute;s quer&iacute;amos fazer o oposto disso. Quer&iacute;amos dizer: "Ok, bem, este &eacute; o seu espa&ccedil;o. Se voc&ecirc; quiser tomar uma bebida no bar e voltar, v&aacute; em frente. Podemos segu&iacute;-lo ou n&atilde;o". Assim foi na primeira cena do filme em que todos est&atilde;o festejando juntos, isso foi o que deu o tom para o filme inteiro.

E como foi a colabora&ccedil;&atilde;o com a Olivia, considerando que este &eacute; o seu segundo longa-metragem?
Em qualquer rela&ccedil;&atilde;o com diretores, voc&ecirc; deve entender qual &eacute; a vis&atilde;o deles. Esse &eacute; o come&ccedil;o de tudo. Eu j&aacute; havia trabalhado com ela no curta que ela fez ap&oacute;s Booksmart, seu primeiro longa, chamado Wake Up com a atriz Margaret Qualley (S&eacute;rie Maid da Netflix). Foi uma experi&ecirc;ncia muito bonita porque eu pude ver o seu senso de criatividade e abertura para as diferentes disciplinas do cinema como edi&ccedil;&atilde;o, m&uacute;sica, design de produ&ccedil;&atilde;o e fotografia. Ela realmente aproveitou tudo que h&aacute; dispon&iacute;vel na orquestragem de cinema. Como j&aacute; t&iacute;nhamos trabalhado juntos, em &ldquo;N&atilde;o Se Preocupe, Querida&rdquo;, era mais para entender como ela iria querer levar essa narrativa.&nbsp;

Não se preocupe, querida - Olivia Wilde

Os elementos visuais do filme realmente se destacam na produ&ccedil;&atilde;o como um todo. Como criar essa sintonia das disciplinas para este filme?
Olivia tem um senso de est&eacute;tica forte e seu estilo &eacute; que tudo deve estar em sintonia. Ela queria criar esse mundo ideal, mas ao mesmo tempo que fosse debochado e tamb&eacute;m sexy. E a c&acirc;mera deve seguir essa linguagem. Quando eu comecei a trabalhar no filme, j&aacute; havia muito design planejado. A casa j&aacute; havia sido projetada, a paleta de cores definida. Ent&atilde;o o meu papel era entender realmente o que a Olivia queria fazer visualmente e ajud&aacute;-la a contar essa hist&oacute;ria. Ela falava sobre a atmosfera e a vibra&ccedil;&atilde;o da performance que ela queria, mas tamb&eacute;m tinha muitas opini&otilde;es sobre a cinematografia e luz. E gosto de discuss&otilde;es que tem a ver com as outras disciplinas do filme, porque isso informa a maneira como eu vou fazer a minha parte.

Olivia foi bastante ousada na dire&ccedil;&atilde;o do filme, principalmente se pararmos para pensar que ela &eacute; uma nova diretora ainda. Como voc&ecirc; v&ecirc; o crescimento dela neste papel em um mercado que ainda &eacute; bastante masculino?
Eu acho que ela est&aacute; a caminho de ser uma grande diretora, honestamente. Em termos de trabalhar com uma mulher, acho que certamente h&aacute; uma perspectiva diferente. H&aacute; uma suavidade no lado feminino e h&aacute; uma esp&eacute;cie de uma atitude mais direta na perspectiva masculina. Voc&ecirc; olha para o filme, &eacute; uma hist&oacute;ria feminina. Pode n&atilde;o parecer necessariamente, mas a sensa&ccedil;&atilde;o que o filme d&aacute; &eacute; que &eacute;. Por isso, foi a diretora certa para o material certo. Acho que a raz&atilde;o pela qual o filme &eacute; bem sucedido visualmente &eacute; porque Olivia n&atilde;o se restringe apenas &agrave;s qualidade femininas, ela tamb&eacute;m algumas tend&ecirc;ncias masculinas. Por isso, seu gosto pode agradar a todos.

Não se preocupe,querida

Bastidor do filme - Fotos: Merrick Morton / Divulga&ccedil;&atilde;o

“Não Se Preocupe, Querida”: Entrevistamos o diretor de fotografia

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