Óleos essenciais: conheça os seus benefícios e riscos
Com a forte corrente de “clean beauty” (beleza limpa, em tradução livre), que chegou a terras brasileiras após percorrer e ganhar espaço na Austrália e na Europa, começamos a encarar os rótulos dos cosméticos com mais cuidado. Damos ênfase, por exemplo, ao que está escrito na formulação e nas demais linhas finas. “Sem parabenos”, “livre de silicone” ou “sem corantes” se transformaram em inscrições comuns e desejadas, junto com embalagens feitas com material reciclável.
Nem o olfato se manteve o mesmo nessa toada eco-friendly, que busca sempre o mais natural possível. “Fragrâncias sintéticas podem conter derivados de petróleo. Tais componentes têm potencial cumulativo no organismo, conferindo efeitos colaterais ao longo dos anos de uso, como irritabilidade e toxicidade para a pele”, diz Daniele Bornea, farmacêutica de São Paulo. Os petrolatos também entraram para uma lista não grata de matéria-prima por afetar a vida marinha negativamente, por não ser biodegradável.
Em substituição aos químicos que trazem cheiros aos cosméticos, empresas da beleza e bem-estar encontram nos óleos essenciais uma forma de perfumar que ainda tem efeito terapêutico. Esse substituto ganha cada dia mais os holofotes, estando presente nos posts de celebridades e influencers que amam um hit – e em diversas formas de uso.
BENEFÍCIOS
Óleos essenciais são ativos que se desprendem das flores, folhas e ervas. Todo o reino vegetal é rico nesses componentes. “São substâncias curativas que podem tratar o corpo e a mente. Eles são utilizados de forma ampla – desde a melhora da cicatrização da pele até o tratamento secundário da ansiedade e da depressão”, diz Joel Aleixo, alquimista floral, de São Paulo.
NA PELE
Os blends oleosos estão cada dia mais presentes na formulação de cremes, séruns e outros cosméticos de uso diário. “Na dermatologia, eles vêm sendo utilizados como terapia auxiliar aos tratamentos de pele, cabelos e unhas”, diz Cristiane Ribeiro, dermatologista da Clínica Excellence, de São Paulo. Para o seu melhor aproveitamento, o indicado é comprar produtos já formulados e testados, mas algumas pessoas gostam de fazer essa mistura em casa. “Minha indicação para o uso caseiro, para uma aplicação adequada, é a compra do óleo essencial 100% puro. Faça então a sua diluição em um creme, óleo vegetal ou loção carreadora”, diz Joel. Como são substâncias concentradas e, por isso, fortes, o ideal é sempre consultar um dermatologista antes de fazer a investida. Para um frasco de xampu de 300ml, por exemplo, apenas três gotas de óleo essencial de alecrim já são suficientes para um efeito detox, que pode ajudar em alguns casos de coceira e descamação.
OLFATO
O óleo essencial não necessariamente precisa ser colocado em contato com a pele (via tópica) para aportar benefícios. A utilização em difusores, mais conhecida como via aromática, traz também bons resultados. “Ao inalarmos o vapor d’água com as partículas de óleos essenciais fazemos com que eles cheguem ao nosso bulbo olfativo, através da cavidade nasal. A partir do bulbo, as partículas são levadas pelas terminações nervosas a uma parte do nosso cérebro, chamada de sistema límbico, região onde estão as lembranças. Ali o aroma do óleo funciona como um gatilho, proporcionando sensações de alegria e de bem-estar, dependendo da memória despertada”, diz Katarina Wagner, engenheira química, de São Paulo.
RISCO AO PALADAR
Podemos encontrar no mercado óleos tidos como seguros para o uso culinário. Entre eles temos orégano, tomilho ou frutas cítricas. A questão é que se eles forem usados pela indústria alimentícia, que tem profissionais gabaritados para entender o teor do uso versus riscos para a saúde, é uma coisa. Totalmente diferente é o caso de pessoas que, por conta própria, compram óleos essenciais para fazer receitas em casa, sem saber que o perigo pode estar mais próximo do que se imagina.
Consumir óleos essenciais via oral sem o acompanhamento de um profissional da saúde que tenha um conhecimento vasto sobre o tema pode levar a vômitos, náuseas, irritação das mucosas e de órgãos internos e, em casos extremos, até a morte. “Os óleos essenciais são grandes responsáveis por intoxicações orais, principalmente em crianças menores de três anos. Como são muito concentrados, considero-os impróprios para o consumo interno. Por isso, eles devem seguir os mesmos cuidados de armazenamento que os medicamentos e os produtos de limpeza, em casas com crianças pequenas. O uso em vaporizador não oferece riscos de intoxicação, porém crianças e adultos, além de pets, alérgicos podem manifestar sintomas respiratórios”, diz Marcella Garcez, médica nutróloga mestre em ciências da saúde pela Escola de Medicina da PUCPR e pesquisadora em suplementos alimentares no serviço de nutrologia do Hospital do Servidor Público, de São Paulo. Mesmo com o aumento de receitas publicadas na internet usando os óleos na culinária, e até alguns bares testando drinques com gotas de óleos essenciais no menu, só vale experimentar se tiver o aval de um profissional da saúde.
MODERAÇÃO
Além do risco da ingestão dos óleos sem o acompanhamento especializado, tais componentes também podem causar problemas cutâneos, como coceiras e irritações, principalmente entre aqueles que têm a pele mais sensível. “É importante lembrar que o óleo essencial, apesar de ser natural, pode causar contraindicações e problemas de saúde se mal utilizado. Sempre consulte um profissional antes de usá-lo, pois ele poderá indicar o melhor tratamento, assim como receitar dermocosméticos manipulados, unindo vários tipos de óleos para determinadas causas e tendo um protocolo mais profundo, com resultado satisfatório”, diz Cristiane.
Os queridinhos
Melaleuca: utilizado em cosméticos para equilibrar peles com acne. Apresenta bom resultado para eliminar inflamações, manchas e oleosidade.
Alecrim: xampus com alecrim são encontrados para aliviar coceiras e descamações do couro cabeludo.
Lavanda: popular entre pessoas que querem diminuir os efeitos danosos da ansiedade. Bastante usado em difusores