Cultura

Sofrer ela sofre, mas Duda Beat também inspira!

Com seu novo clipe "Nem Um Pouquinho" saindo do forno nessa quarta-feira (30.06), a artista recifense mostra que a sofrência tem outro lado para contar
Duda Beat
Duda Beat

Impossível ouvir uma música de Duda Beat e não dar aquela "sofridinha" junto à cantora. A recifense de 33 anos conquistou a cena alternativa do país com seus versos e trechos que expõem as belezas e percalços de nossas vivências, e que qualquer um pode facilmente se identificar. Seu trabalho também nos faz mergulhar em um mar de referências brasileiras: Duda toca de tudo, do pisadinha ao pagodão baiano.

Mas seu talento não se resume apenas ao seu trabalho. Duda está envolvida em pautas relevantes e atuais, como a defesa da cultura e população nordestina, além de igualdade de gênero na indústria musical - afinal, ser artista nesse país significa ter que levantar e defender questões sociais e bandeiras, suas próprias e as de seu público. Ela ainda revela um dado alarmante: atualmente, apenas 1 entre 5 artistas nas paradas musicais são mulheres! Justamente por isso, a luta precisa continuar.

Para quem estava com saudades, a cantora lança nesta quarta-feira (30.06) o seu mais novo trabalho, "Nem um Pouquinho". "Cada música funciona como o capítulo de um livro. Se em ‘Meu Pisêro’ essa mulher sofria, mas perdoava e seguia adiante, ela já mostra uma outra faceta em ‘Nem Um Pouquinho'", explica ela. Com uma estética cyber punk, os looks de seu clipe ainda flertam com o glam rock, mas com uma boa dose dos anos 2000 - um prato cheio de boas referências!

L'OFFICIEL bateu um papo com Duda para falar sobre sentimentos atuais, carreira, pandemia e, claro, música! Confira abaixo:

Duda Beat
Foto: Divulgação

L'OFFICIEL BRASIL - Como começou sua paixão pela música?

Duda Beat - Começou na infância. Tenho essa memória de ouvir discos com meu pai na sala de casa, de ouvir rádio no carro com minha mãe. Recife é uma cidade muito musical. Os programas da tarde de lá tinham muita música e eu acompanhava também. Música sempre fez parte da minha vida. Todo tipo de música, aliás. Acho que por isso gosto tanto de unir estilos, que combinar ritmos. Nunca me limitei a ouvir uma coisa só. Sempre ouvi de tudo: rock, brega, forró, maracatu, coco, pop, reggae... E isso está na minha música, na maneira como faço música.

LB - Quais foram os primeiros obstáculos que enfrentou na busca pelo seu sonho?

DB - Acho que tem um obstáculo que ainda enfrento hoje que é ter espaço para levar meu trabalho em mais e mais canais. Ainda é difícil tocar em rádio, por exemplo, e essa é uma vontade muito grande minha. Porque o rádio fez parte da minha formação musical, porque é um meio de comunicação que chega em muitos lugares. Na TV também, quero ter mais espaço nesses meios, levar minha música para cada vez mais lugares. Tenho plena consciência que cada vez avanço mais. Olha eu aqui dando essa entrevista para você! Isso para mim é muito especial e é extremamente importante para fortalecer meu trabalho. Sou uma artista independente e encontrar esses espaços para falar sobre meu trabalho é fundamental.

LB - O seu figurino diz muito sobre o que você está sentindo e cantando. Como é a sua relação com a moda? 


DB - Eu amo moda! Uso para realmente me ajudar a contar uma história. Adoro brincar com isso. No meu trabalho, ela é fundamental. Lembro que as pessoas ficavam curiosas para saber o que eu ia usar nos shows (risos). Já subi no palco vestida de coração, com balões de gás na roupa. A criatividade não tem limite. Tenho a sorte de trabalhar com o Leandro Porto (stylist), que é uma pessoa que abraça tudo isso e me dá confiança para embarcar em todas as ideias. Ele sugere coisas incríveis. Moda é uma forma de expressão artística, assim como a música. Por isso, para mim, elas são complementares e fundamentais para contar a minha história, seja no palco, seja no clipe.

LB - Você acha que a moda pode ser opressora ou libertadora?

DB - Eu acho que tudo depende de como a moda é usada. Eu entendo a moda como libertadora, como um espaço para você experimentar, se descobrir e falar para o mundo quem é você. Acho que a moda te oferece muitas possibilidades e é justamente isso que a faz ser tão rica. Mas também pode ser um lugar de opressão se ela não tiver representatividade, por exemplo. Porque aí parece que a moda é feita só para as pessoas que estão dentro de um padrão social que foi criado. Quando a moda ignora que há corpos diferentes, ela é opressora porque parece que quer obrigar todos a serem de um jeito só. Mas isso cada vez mais vem mudando, o que eu acho maravilhoso. Ver campanhas com pessoas completamente diferentes me deixa muito feliz. Acho que o caminho é esse, de acolhimento e de encontrar espaço para todos.

Duda Beat
Foto: Divulgação

LB - Como você vê a igualdade de gênero na indústria musical?


DB - Vejo que ainda é muito desigual, temos um caminho enorme para percorrer. Atualmente, apenas 1 entre 5 artistas nas paradas são mulheres. É uma discrepância muito grande. Temos que reduzir isso. Temos que apoiar cada vez mais mulheres a compor, a cantar e a criar. Quanto mais mulheres na música, mais representatividade, mais narrativas diversas vamos ouvir e cantar. Precisamos seguir adiante, abrindo caminhos e conquistando os espaços. O mercado já está de olho nisso, tanto o Spotify lançou a hub EQUAL, que é uma maneira de a plataforma assumir um compromisso de amplificar o trabalho de todas as criadoras que se identificam como mulheres. Iniciativas assim são importantes para a gente começar a pensar em uma balança mais igualitária no mundo da música.

LB - A pandemia interferiu em seu processo criativo ou usou o “tempo extra” para se dedicar aos projetos futuros?*
 

Não tem como não interferir. A pandemia não aparece nas letras, mas ela atravessa completamente o trabalho. Ela está na atmosfera do álbum, que traz um clima mais dark, como dá para ver no clipe tanto de "Meu Pisêro" quanto no de "Nem Um Pouquinho", que sai nesta quarta-feira (30.06). A pandemia, o isolamento social, fizeram com que eu mergulhasse mais em mim e me confrontasse comigo mesma de uma maneira muito profunda e também com meus assombros. Tudo isso está presente no clima que atravessa o disco, que permeia os clipes.

LB - Como é fazer um lançamento em plena pandemia? 


DB - É um desafio enorme porque a principal maneira de divulgar um disco é sair fazendo shows. Como você faz, então, se não pode fazer shows? Eu sou uma artista de show, é vital estar em cima do palco, ter aquela troca intensa e catártica com o público. O álbum chegou a ser adiado. Ele sairia no ano passado. Mas neste ano, quando ele estava pronto, senti que já era hora de ele ganhar o mundo, que ele precisava sair de mim. Então, achei que era hora de lançá-lo. Tive dúvidas, claro, porque pensei que diante de tudo que o mundo está passando, diante de tanta dor desespero, desamparo, o que eu tinha para falar não era suficiente. Mas, ao mesmo tempo, acredito que a arte encontra caminhos e pode ser um meio de as pessoas se conectarem, se expressarem. Acreditei que "Te Amo Lá Fora" encontraria caminhos abertos e assim foi. A música me salvou na pandemia e acreditei que ela poderia fazer o mesmo com quem ouvisse. Isso me deixa muito feliz!

LB - Quais são suas principais referências brasileiras na música?

DB - Nossa, tenho tantas: Dona Cila do Coco, que está comigo na faixa "Tu e Eu", Djavan, Caetano, Gil, Gal Costa, Ivete Sangalo, Nando Reis, com quem tive o prazer de colaborar também...

LB - Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
 

DB - O primeiro show que eu fiz com as pessoas cantando junto comigo. Não há nada que chegue perto de ver o público ali, inteiro, entregue, em comunhão comigo, com a banda. É algo mágico, inexplicável. Toda vez que eu subo no palco, vejo essa magia se repetir. Outro momento marcante foi subir no trio elétrico de Ivete Sangalo e cantar com ela no Carnaval de Salvador. Parece que uma corrente de 220V passou pelo meu corpo. Foi muito especial. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.

LB - Pretende se aventurar por outros estilos musicais?


DB - Estou aberta a tudo não me limito não. Gosto de música brasileira em qualquer forma. "Te Amo Lá Fora" vai da pisadinha ao coco, passando pelo reggae e pelo pagodão baiano. Nossa música é muito rica e adoro brincar com todos os seus ritmos e sonoridades.

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