Exposição no MET ressalta a importância de mulheres designers
MET ressalta a importância de mulheres designers na moda com a exposição Women Dressing Women. Confira todos os detalhes!
O grande debate na moda este ano, sem dúvida, foi a pequena representatividade feminina em cargos de comando entre as marcas de luxo e, ainda, sua redução. O estopim foi a substituição de Sarah Burton por Seán McGirr na Alexander McQueen. As outras marcas do grupo Kering – Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta e Balenciaga – são lideradas por homens brancos. Na LVMH, das 14 marcas que compõem a divisão Fashion & Leather Goods, apenas três – Dior (Maria Grazia Chiuri), Pucci (Camille Miceli) e Fendi (Silvia Venturini Fendi) – têm mulheres em cargos de liderança. O Grupo OTB, dono de cinco grifes, incluindo Marni, Diesel e Maison Margiela, possui apenas uma diretora criativa – Lucie Meier, da Jil Sander, que divide o papel com seu marido Luke. Miuccia Prada ainda comanda a Prada, mas tudo indica que seu sucessor será Raf Simons.
Um estudo de 2022 do Conselho de Designers de Moda da América intitulado The Glass Runway, concluiu que das 50 maiores casas de moda do mundo, apenas 14% delas são dirigidas por mulheres executivas. Ou seja, embora a grande maioria dos estudantes que se formam em moda sejam mulheres, os homens ainda dominam a indústria. Esse cenário torna ainda mais relevante a exposição Women Dressing Women que abriu no dia 7 de dezembro no Metropolitan Museum of Art (MET), em Nova York.
A mostra é particularmente importante no sentido de mostrar como roupas criadas por mulheres estão mais próximas das necessidades das mulheres reais. A socióloga Diana Crane explica em Ensaios sobre moda, arte e globalização cultural que as mulheres sempre foram costureiras, mas que somente no fim do século 19 algumas se tornaram designers de moda e, nessa condição, ganharam a possibilidade de exprimir suas experiências femininas em roupas femininas. “Seria de esperar que as mulheres dominassem o design de moda feminino, mas, de fato, elas foram e continuam sendo numericamente superadas pelos homens nesse campo”, explica.
“Nossa exposição de outono proporciona uma oportunidade de interagir com as histórias críticas de designers inovadoras, que desempenharam papéis fundamentais na concepção da moda como a conhecemos hoje”, comenta Mellissa Huber, curadora associada do The Costume Institute. Na seleção estão nomes conhecidos, como Gabrielle Chanel, Miuccia Prada, Madeleine Vionnet, Elsa Schiaparelli e Vivienne Westwood, e outros nem tanto, como Ann Lowe, que desenhou o vestido de noiva de Jacqueline Bouvier para seu casamento com o então senador John F. Kennedy em 1953, e Adèle Henriette Nigrin Fortuny, que foi fundamental no design do famoso vestido Delphos, apresentado pela primeira vez em 1909. Há espaço, ainda, para jovens criadoras, incluindo Hillary Taymour da Collina Strada, Anifa Mvuemba da Hanifa, Iris van Herpen, Norma Kamali, Ester Manas, Jamie Okuma, Simone Rocha, Marine Serre, Yeohlee Teng e Isabel Toledo.
A mostra reúne cerca de 80 looks do século 20 até os dias atuais, celebrando a criatividade e o legado artístico de mais de 70 estilistas cujas criações estão representadas na coleção permanente da instituição. Na Galeria Carl e Iris Barrel Apfel estão estilistas que trabalharam em Paris. A proposta é destacar a ascensão do costureiro e a natureza coletiva do design, examinando como a moda serviu de veículo para proporcionar autonomia financeira, social e criativa às mulheres.
Já os looks na Galeria Lizzie e Jonathan Tisch analisam como as mudanças geracionais levaram novas oportunidades para as mulheres. Os objetos e marcas representados nesta seção demonstram diferentes pontos de entrada para a indústria da moda através de áreas adjacentes e de ambientes autônomos com o surgimento de lojas independentes e da cultura de butique. Criações de profissionais que trabalham desde a década de 1960 até o presente enfatizam como a moda tem servido como lugar de expressão política e corporal, identidade e escolha.
O circuito termina destacando histórias de ausência ou omissão através da apresentação de objetos de designers cujo trabalho só recentemente começou a receber crédito e reconhecimento, como Ann Lowe e Adèle Henriette Nigrin Fortuny. “O fio condutor entre diferentes gerações de mulheres profissionais revela como as gerações subsequentes construíram e expandiram o legado dos seus antecessores”, explica Karen Van Godtsenhoven, co-curadora convidada da exposição, que fica em cartaz até o dia 3 de março de 2024.