Oscar Anders Thomas Jensen fala sobre Loucos por Justiça

Desde que “Druk: Mais uma Rodada” ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2021, o cinema dinamarquês entrou em destaque especial entre o público. E não poderia ser diferente, uma vez que o país nos traz grandes nomes na frente e por trás das câmeras, como Nikolaj Coster-Waldau, Connie Nielsen e claro, Mads Mikkelsen que lança seu mais novo filme “Loucos Por Justiça” no dia 6 de Agosto.

Escrito e dirigido pelo diretor Oscar Anders Thomas Jensen, o filme é o que chamamos de dark-comedy, uma comédia sombria e um tanto realista, com alguns elementos de ação e com personagens de caráter um pouco questionável. Mikkelsen interpreta Markus, um ex-militar que fica responsável pela filha após a morte da esposa em um acidente de trem que pode ou não ter sido um assassinado orquestrado. A suspeita leva Markus a se juntar com um grupo nada convencional para ir atrás de justiça.

Se a temática inusitada já era o suficiente para deixar o público curioso, a expectativa do filme também está alta nos círculos de cinema uma vez que está é a segunda colaboração entre o renomado ator e o diretor que já tem um Oscar além de diversos prêmios em festivais de cinema internacionais. Sem contar que também tem na produção a dupla Sisse Graum Jørgensen ("Druk: Mais uma Rodada") e Sidsel Hybchmann ("A Caça").

“Loucos por Justiça” traz humor à uma história que poderia ser extremamente sombria, e mostra personagens passando por situações extremas quando suas vidas são afetadas por algo inesperado e impensável. E só o diretor e roteirista Oscar Anders Thomas Jensen para explicar o que está por trás de toda essa narrativa, por isso aproveitei a oportunidade de conversar com ele sobre o filme e a indústria como um todo.

Uma coisa que eu adorei no filme é que tudo era imprevisível. É uma comédia sombria, mas também há um lado humano interessante. De onde surgiu a ideia de trazer esta narrativa?

Eu tive uma ideia para um outro projeto onde um dos personagens era um ex-soldado que sofria de depressão. E eu decidi explorar ele e a sua condição. O filme mostra como nossas vidas são afetadas quando algo que é impensável ocorre. Como a gente mantém nossa fé na vida, quando a gente não tem mais nada em que acreditar? Neste caso, um grupo de pessoas feridas se junta, e ao longo de seus caminhos, ajudam a curar umas às outras.

O elenco realmente é extraordinário. O quanto eles contribuíram para a construção destes personagens tão peculiares?

Algumas partes foram escritas já com cada ator em mente. Eu trabalhei muito com Mads Mikkelsen,Nikolaj Lie Kaas e Nicolas Bro e há algum tempo queria trabalhar com Lars Brygmann. Ele é absurdamente engraçado mas é em geral escalado para papéis sérios. Fizemos ensaios e leituras, onde eles fizeram perguntas e me falaram o que pensavam. E também colaboramos juntos como seria o visual de cada personagem. Mas a maioria das coisas já estava no roteiro.

Você escreveu e dirigiu o filme. Como é ter estes dois papéis em uma produção?

Pessoalmente, eu acho que ajuda muito estar em total acordo com o roteirista em todos os momentos.

Qual foi o maior desafio nas filmagens? Há diversas cenas de ação bem como cenas densas de interpretação emocional.

Estes atores habilidosos e bem preparados. Eles podem fazer qualquer coisa, mas as cenas de ação foram duras. Filmamos ao ar livre durante o inverno. Envolve muita gente, coreografia e trabalho de dublês. Tinha que ter muito cuidado no planejamento. Não tínhamos muito tempo , nem muito orçamento para gravar e regravar. Então tínhamos que conseguir acertar a cena em um ou dois takes.

As plataformas digitais estão tendo um papel importante no consumo de cinema e televisão internacional pelo público geral. Como você vê este novo momento?

Eu acho que é fantástico. Tem tantos filmes fenomenais de todas as partes do mundo. E agora também é muito mais acessível.