Burberry apresenta coleção de inverno 2022 fora do calendário de Londres
Sóbria, grandiosa e comunitária: essas são as palavras de definição para a apresentação de inverno 2022/23 da Burberry. Confira!
O primeiro desfile presencial pós-quarentena da Burberry de Riccardo Tisci chegou em um momento complicado de atenções. Marcado para acontecer depois das semanas de moda oficiais, de maneira independente do calendário, em Londres, o show aconteceu já depois de duas semanas do começo da invasão russa à Ucrânia. Se durante os shows em Paris, marcas e estilistas foram questionadas por manter a roda da moda girando, hoje o potencial de discussão seria ainda maior. De propósito ou não, a apresentação da Burberry foi especialmente sóbria — ainda que grandiosa — e comunitária.
Espalhados pelo Methodist Central Hall, os convidados usuais se juntaram aos vips em pé ao redor de mesas que serviram como tablado. Não de graça: Tisci quis falar muito sobre o poder do coletivo: “quero mostrar que as pessoas podem se unir para mudar o mundo”. O diretor-criativo aproveitou para brilhar sua própria comunidade: não só o heritage da Burberry, que apareceu mais forte do que em coleções anteriores, mas sobre a cultura britânica de modo geral. Reflexo não só deste momento de guerra, em que estamos todos discutindo sobre fronteiras e nacionalidades, mas também desse momento específico pós-Brexit, com a Inglaterra se desligando da União Europeia e revivendo suas próprias raízes com força. “Uma fusão única sobre honrar a beleza do passado e manter o foco no futuro”, definiu Tisci, listando os contrastes todos da cultura local que trabalhou na coleção — dos punks à equitação passando pela forte classe operária e toda a tradição de uniformes e workwear dali.
A coleção masculina, que abriu rapidamente a apresentação, mesclou alfaiatarias e peças clássicas da história do guarda-roupa britânico com moletons e trenchs que se viravam do avesso. O desfile principal, do inverno feminino, manteve certa sensibilidade da moda em tempos de guerra, com saias rodadas e suéteres ancestrais, antes de abrir espaço a vestidos sem alça feitos na base dos trenchcoats, forte estudo de modelagem que revê as tradições da marca, e um momento de brilho ao final, quando Tisci parecia reafirmar seu mote de que a beleza pode nos salvar a todos.