Casa de Criadores: Guma faz estreia presencial no evento
Guma Joana fez seu desfile de estreia presencial na Casa de Criadores no primeiro dia de evento. Confira os detalhes!
A moda é uma expressão artística de vieses únicos e variados. Nela cabem os trabalhos perfeccionistas de corte e modelagem, riquíssimos e acadêmicos, como na semana de alta-costura que acontece agora. Mas também serve como manifestação pessoal e identitária, que independe de refinos técnicos. Como de Guma Joana, que fez seu desfile de estreia presencial na Casa de Criadores ontem (depois de três participações virtuais). Guma é uma jovem travesti paulistana, performer e artista, com vivência intrínseca ligada à cultura da noite da cidade. E está ali para marcar presença, tanto a sua quanto as das suas -- reflita e pense quantas vezes você viu uma travesti à frente de um desfile em uma semana de moda, seja no Brasil ou fora. Sua moda é calcada no caos, na improvisação e nas possibilidades. Mas, mais do que isso, é uma moda que reflete a realidade de sobrevivência pessoal e social de um grupo em um país que tem a marca de ser o que mais mata transexuais no planeta. Guma percebeu, sem planejar, que desfilaria no dia que marca 30 anos da morte de Marsha P. Johnson, ativista trans dos EUA que é símbolo essencial da luta pelos direitos LGBTQIAP+. Daí o título da sua coleção, Vingança. "Caí na realidade de que a maior vingança que podemos fazer, a mais gostosa e revolucionária, é seguir viva e existindo", define Guma. A coleção, não inspirada em Marsha, é uma ode a ela. Refletindo essa cultura de noite, gênero e resistência, ela dá show com suas dolls com shortinhos micro, vestidos texturizados, jeans pintados à mão, modelagens selvagens e pesquisas sobre materiais diversos, como alumínio. Tê-las ali é espaço aberto e espaço dado, mas também marco civilizatório, para além de questões estéticas