Casa de Criadores: Rober Dognani, sexual no limite
Rober Dognani comemora seus 20 anos de Casa de Criadores!
Comemorando com glória seus 20 anos de Casa de Criadores, Rober Dognani resolveu fazer um ligeiro bacanal. “Melhor coisa é comemorar fazendo o que se gosta”, definiu, feliz. E dele, intimidades sexuais à parte, é óbvio que uma das coisas que ama é criar momentos na passarela de imagens extracommodities O tema sexualmente gráfico cai longe da apelação e remete à primeiríssima coleção que apresentou, inspirada nas obras do austríaco Egon Schiele — artista plástico que, junto das reflexões sexuais da cultura europeia do começo do século passado (incluindo aí os estudos de Freud), ficou marcado pelos corpos nus traçados à sua maneira expressionista. Rober partiu dali para trazer esse expressionismo dentro do seu repertório — de látex, seda, tecidos esvoaçantes e bom humor sagaz. A grande vantagem de chegar a um ponto de carreira em que se pode fazer o que quer. O casting — recheado da sua trupe de musas habitual — aprontou um show de corpos nus entrelaçados num boudoir montado na passarela. Nus entre aspas, diga-se. Viu-se pouca pele real, coberta por tules e transparências, algumas estampadas pelas obras de Schiele e outras exibindo seios e genitais apontados para a plateia, moldados em látex artsy, além de ancas e silhuetas que trazem as camadas e cores do austríaco. Sexual no limite, sem deixar de lado os tabus dos julgamentos sociais internos, que aparecem em momentos alegóricos. Uma suruba intelectual e fina, para uma época em que os corpos nus podem, para o bem ou para o mal, ser tratados como commodities.