Chanel escolhe Dakar para o seu Métiers d'Art
Confira a coleção Métiers d'Art, pre-fall da Chanel, apresentada ao sul do Deserto do Saara.
Fundada pelos franceses em 1857 e antiga capital da África Ocidental Francesa, Dakar foi escolhida pela Chanel para o seu Métiers d'Art, como é chamado o projeto que homenageia seus artesãos através da coleção pre-fall. Foram três anos de planejamento e a primeira vez que um desfile da marca, e também de uma grife europeia, é realizado na África Subsaariana (ao sul do Deserto do Saara). Há sentimento de modernidade no tom do encontro de talentos em pé de igualdade que permeou todo o show, agrupando coreógrafos, diretores, músicos, autores e amigos da Maison de nacionalidades diferentes. Com essa apresentação, a diretora criativa @virginieviard também dá um importante passo, costurando com laçadas ainda mais fortes na conexão entre moda e as artes, ação que vem dando a cara da sua presença à frente do estilo da Chanel. Em quatro episódios, uma série documental dirigida por alunos das escolas de cinema Kourtrajmé fundadas por Ladj Ly em Dakar e Montfermeil, documenta a evolução da coleção, que conversa com o espírito disruptivo dos anos 1970. Há uma profusão de cores quentes, mistura de padrões, abundância de acessórios, lindos tweeds texturizados e bordados geométricos formando uma alfaiataria com perfume vintage que conversa a subcultura sapeur do Congo. Sutis e respeitosas são as referências étnicas que conectam as criações à cultura local, como os detalhes com contas trançadas em tear ou bordadas diretamente sobre o tecido. O styling em camadas é chique, assim como o casting que desfilou os 62 looks. Entre os encontros, vale destacar ainda o trabalho do coreógrofo Dimitri Chamblas com a dançarina Germaine Acogny, de 72 anos, e o “encontro literário” entre Marie NDiaye, Charlotte Casiraghi e Rokhaya Niang. Emocionante.