Em homenagem declarada a Milão, Armani apresenta coleção na Semana de Alta Costura
Giorgio Armani é um personagem tão bom de política quanto de alfaiataria. Desde o começo da crise social causada pelo coronavírus na Itália, ele tem se movimentado para discutir posicionamentos da indústria da moda em relação à sociedade. Foi assim na última temporada de ready to wear, em setembro, quando transmitiu seu desfile em TV aberta. E se mantém hoje, com o desfile de alta-costura de Verão 2021. Depois de pular uma estação por conta da pandemia, a Armani Privé voltou ao calendário parisiense mas sem sair da Itália. Pelo contrário, Armani usou a apresentação como um posicionamento, fazendo homenagem declarada a Milão — inclusive usando pela primeira vez as dependências do Palazzo Orsini, um dos QGs da marca por lá, para o show.
Um movimento claro não só para evitar problemas de ordem prática com viagens, mas também para reforçar o “Made in Italy”, conceito que o estilista ajudou a criar, décadas atrás. A coleção, puro Armani — tratada como “sem estação”, é um apanhado de portfólio de tudo o que de melhor pode sair dos ateliês da marca, dos paletós acinturados com calças de alfaiataria confortáveis aos vestidos de festa, vaporosos ou de red carpet. Amarrando tudo, o italiano carrega no brilho. Além dos tecidos — acetinados, veludos pesados e jacquards — o foco é no trabalho dos ateliês da Privé especializados em bordados. De lá saíram os paetês de vários tipos e cristais de cores variadas que dão luz e movimento até às peças mais austeras. Tudo combinando com o piso impecavelmente encerado de seu Palazzo.