LFW: Verão 25 da Erdem transita entre masculino e feminino
Em homenagem ao “O poço da solidão” de Radclyffe Hall, a Erdem apresenta sua nova coleção na LFW.
“O poço da solidão” de Radclyffe Hall foi publicado pela primeira vez em 1928 e banido de circulação antes do final do mesmo ano. Conta a história de Stephen Gordon, uma mulher vivendo como um homem, e seu relacionamento com Mary Llewellyn. A própria Hall vivia abertamente como uma mulher gay com sua parceira Una Troubridge. Ela frequentemente usava roupas masculinas e mais tarde se renomeou John. A obra, que hoje tem peso de tratado queer, deu voz e forma ao amor de duas mulheres em uma época em que a ideia de amor lésbico era tabu.
No release sobre o desfile, em tom de manifesto, o diretor criativo Erdem Moralioglu sentencia: “Nós nos apoiamos em figuras como Hall para sermos capazes de responder hoje que a beleza e o poder não estão em se conformar com construções sociais, mas em celebrar a autoexpressão individual”. E cita “O poço da solidão”: "Você não é nem antinatural, nem abominável, nem louco; você é tão parte do que as pessoas chamam de natureza quanto qualquer outra pessoa."
Utilizando o romance como pano de fundo, o verão 2025 da Erdem, desfilado em Londres, transita entre masculino e feminino, homenageando Stephen e Mary e, também, Radclyffe e Una. Valendo-se da tradição britânica na alfaiataria, alguns looks foram feitos à mão em colaboração com o alfaiate Edward Sexton, da Savile Row. Ternos aparecem em rosa escuro e pistache. A alfaiataria se funde com silhuetas de cintura baixa da década de 1920. Cardigans e blazers masculinos desestruturados são usados sobre vestidos. O emblema queer do cravo aparece em diferentes formas, sutis e grandes, gráficas e fantasmagóricas. A primeira bolsa de Erdem - a Bloom Bag - em couro com uma alça de botão de latão martelado vem preciosa.