Louis Vuitton repagina e homenageia década de 90 na PFW

O possível “problema” de trabalhar uma imagem de moda que pensa no futuro é que dificilmente esse tempo — idealizado e muito desejado — chega nos termos que a gente quer. Normalmente nos deparamos com um futuro atropelado por questões do passado e, do novo presente, voltamos a idealizar um porvir ainda mais distante. Faz parte do jogo: é assim desde que o mundo é mundo e a moda, moda. Nicolas Ghesquière é um contumaz esteta de um tempo que vem, aplicando seus vanguardismos sempre que pode. Mas, ao que soa, vem sinalizando um jeito diferente de pensar suas vontades na Louis Vuitton, trazendo para o hoje um olhar sobre o ontem com um twist do amanhã. Foi assim no verão passado, por exemplo, com as ancas todas que miravam em mulheres antigas. Neste inverno, a memória é mais fresca — e imediata: a juventude da geração do próprio diretor-criativo, que tinha muita energia para queimar nos anos 1990. Quem esperaria um coleção quase preppy vinda da Vuitton em pleno 2022? Felizmente, as gatinhas colegiais de Ghesquière não são caretas, muito menos patricinhas rigorosas. Pelo contrário, sinalizam espertamente o retorno desta temporada do power dressing pela alfaiataria e seus paletós (você já está sabendo, não é?) para rever (de novo) uma possibilidade de futuro. Um pouco mais possível desta vez, repensando camadas com peças oversized acumuladas, remixando o ideal do twin-set e trazendo para o closet contemporâneo, brocados e tricôs cobertos por vestidos recortados a laser e patches. Se o tal amanhã anda soando mais desconfortável do que idealizado, pelo menos a moda aqui traz um quê de aconchego para tentar chegar lá.