MFW: Prada outono-inverno 25/26
Nova coleção da Prada para esta temporada da MFW reflete sobre o significado feminilidade nos dias atuais. Veja todos os detalhes!
Miuccia Prada e Raf Simons são dois profissionais emblemáticos. Sensíveis, sérios, talentosos, analíticos. Pés no chão e sensibilidade afiada. É uma sintonia que deu match desde a primeira coleção a quatro mãos e que está a cada estação mais conectada. São em detalhes aqui e acolá que saltam individualidades que, ainda assim, dialogam perfeitamente. Daí que o trabalho mostrado pela Prada é intelectual, contemporâneo na expressão e vanguardista em sua tradução. É moda sazonal por força da indústria e é puro luxo pelo caráter de raridade na condução de todo o processo que culmina no momento máximo do desfile.
Realizado no Deposito da Fondazione Prada, o show teve o mesmo cenário de Rem Koolhaas da apresentação masculina – com estrutura de andaime de metal em três níveis contrastando com o sofisticado tapete projetado pela designer e figurinista Catherine Martin, premiada com dois Oscar por “Moulin Rouge” e “O Grande Gatsby” – já de cara unindo os dois segmentos na ambientação e, depois, nos looks.
A coleção atualiza a linha de pensamento sobre a presença feminina na sociedade, recorrente no processo criativo de Miuccia. Daí os questionamentos que abrem as notas sobre o desfile: “O que significa feminilidade hoje? Como pode ser definida? É um exercício de colocar questões, provocar discussão em torno de nossa percepção coletiva da tipicidade da feminilidade, sobre noções de beleza, sobre como essas percepções podem mudar constantemente”, avisam a dupla de criadores. É assim que eles trabalham deslocamento, redimensionamento, rematerialização, recontextualização e descontextualização de modelagens, detalhes e proporções para criar silhuetas disruptivas que deixam o corpo livre e confortável.
Opondo-se a levar sua moda para o campo político, a Prada busca com a coleção traduzir em roupas e acessórios que é preciso arriscar para alcançar liberdade, em uma visão mais social do presente. Aqui, o vestido preto é statement – seu shape é amplo em formato de saco e o acabamento é cru. Pequenos laços trazem delicadeza, o pijama é absolutamente cool, os casacos são quadrados, os botões se revelam gigantes e os tricôs vêm oversized. A cintura, baixa, é trabalhada em pregas como que moldadas no ajuste da saia ao corpo, enquanto os casacos têm botões-joias. Os sparpins podem até ter bico fino, mas são em couro envelhecido e com pregas (lindos!).