PFW: Anrealage desfila seu verão 25 em Paris

A moda tem um lado pouco evidenciado que é o de propor reflexão sobre o presente. E, soluções, claro são bem-vindas. É inspirador ver, por exemplo, como fashion designers autorais propõem não somente uma visão crítica, mas propostas criativas para questões desafiadores. O estilista Kunihiko Morinaga, com sua Anrealage – que já teve exposição na Japan House, em São Paulo –, é nome empolgante nesse campo. Para o próximo verão, a pergunta foi: “Com a crise climática aumentando as temperaturas em todo o planeta, como sobreviver ao calor?

A saída pode estar em suas roupas “cool-wear”, que tem a missão de refrescar o usuário. Lembrando paraquedas infláveis feitas de náilon, as peças foram desenvolvidas em parceria com a Kuchofuku, empresa japonesa pioneira em roupas utilitárias providas de ar-condicionado.

O estilista utilizou náilon hermético pesando não mais que 23 gramas por metro de tecido, feito com fios tão finos que medem cerca de um terço da espessura de um fio de cabelo. Na passarela, a resposta tecnológica foi evidenciada através de performances em que as roupas inflavam assim que as modelos acionavam um pequeno botão acoplado nas peças, fazendo surgir, também, modelagens esculturais divertidas.

Outra proposta interessante foi a escolha da impressão à jato de tinta sustentável Forearth da Kyocera, que não utiliza água, para criar motivos abstratos vibrantes que formam padrões mutáveis. Se o princípio do design é apontar formas de resolver problemas reais com criatividade e estética, Morinaga abre a porta para um universo que até pode parecer surreal mas, definitivamente, viável.