SPFW 58: João Pimenta é metamorfose pura!

Joao Pimenta sabe contar uma boa história - e, na moda, contar boas histórias faz toda a diferença. Nesta edição do SPFW, o estilista levou para a passarela uma espécie de metamorfose, mas nada que lembre uma borboleta saindo de seu casulo; na visão dele, a narrativa ganhou sentido na troca de pele da cobra píton. Nos 47 looks apresentados, o branco debutou em versão full, depois fez dobradinha com o preto, ressurgiu com elegantes listras e teve o seu ápice colado ao xadrez. Cinturas altas supermarcadas, saias micros, lapelas e ombros avantajados, rendas com efeitos 3-D, tecidos fluidos, snake print, modelagens reinterpretadas e alfaiataria impecável deixaram evidente que João Pimenta sobra diante de um line-up cada vez mais monótono. Em sua passarela sinalizada num amarelo marca-texto - cor que surpreendeu a audiência ao dar pinta em composições totais -, Pimenta tirou proveito do drama da alta-costura para dar aula fashion. Dividido em dois atos, o show pontuou certo mimetismo na parte inicial, com camisaria, paletós, shorts, macaquinhos, macacões e pantalonas. Antes de startar o segundo momento, que teve pele a mostra e muitas jaquetonas -, o toque teatral de Pimenta foi materializado num conjunto monocromático (repetido no final com outra tonalidade), levado aos olhos da plateia debaixo de um guarda-chuva na melhor vibe de “Priscilla, a Rainha do Deserto”. João Pimenta, de novo, “trocou de pele” e elevou o patamar da moda nacional. Para quem gosta de interpretar as entrelinhas (ou só faz questão mesmo de uma analogia), parece que ele colocou toda a cadeia da moda para “jiboiar” ao sol escaldante da temporada.