Hommes

Alain Delon, ícone do cinema francês, morre aos 88 anos

Ator enfrentava um quadro de degeneração cognitiva após um AVC em 2019 e estava recluso em sua casa

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Alain Delon | Getty Images

Neste domingo (18.08), morreu o ator francês Alain Delon aos 88 anos de idade. A informação foi confirmada pela família do ator. Ele faleceu em sua residência em Douchy-Montcorbon, na região de Val de Loire, Franca. Até o momento, a causa da morte não foi divulgada.

Ícone e sucesso absoluto da história do cinema mundial, Alain Deon arrebatou o coração de milhares de fãs vivendo papéis icônicos, como assassinos, bandidos e matadores do apogeu do cinema no período pós-guerra.

Em nota divulgada por seus filhos à imprensa internacional, a morte do ator foi declarada. “Alain Fabien, Anouchka, Anthony e [seu cão] Loubo lamentam profundamente o falecimento de seu pai. Ele morreu tranquilamente em sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. A família pede que respeitem sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, dizia a nota oficial.

 

Gigante da cultura francesa

Segundo especialistas, o título de gigante se deve pelo fato de o ator sempre ter interpretado personagens memoráveis que conquistaram um lugar cativo no coração dos fãs. Delon estrelou clássicos do cinema, como O Sol por Testemunha (Plein soleil, 1960), Rocco e Seus Irmãos (Rocco i Suoi Fratelli, 1960) e O Leopardo (l Gattopardo, 1963). Mesmo com o sucesso alcançado em seu país, o ator não tinha a mesma popularidade nos corredores de Hollywood.

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O Sol por Testemunha (1960)

Em maio de 2019, Alain Delon fez sua última aparição pública para receber uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cinema de Cannes. Depois de sofrer um AVC naquele ano, o ator passou a viver recluso em sua propriedade. Na época, sua família chegou a declarar que Delon manifestou o seu desejo de se submeter ao suicídio assistido.

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Rocco e seus irmãos (1960)

Rumo ao estrelato

Antes de se tornar famoso, Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, na França, e começou a trabalhar como aprendiz de açougueiro ao lado do pai.

 

Em 1953, alistou-se como fuzileiro naval e foi enviado em missão ao sudeste asiático. Com a dispensa do serviço militar em 1955, Alain Delon começou a fazer vários trabalhos temporários e, devido a esses contatos profissionais, tornou-se amigo de atores de cinema. Em 1957, ele compareceu, pela primeira vez, ao festival de cinema de Cannes. Durante a premiação, Delon chamou a atenção do produtor americano David Selznick. Na época, o profissional lhe ofereceu um contrato com a condição de aprender inglês para trabalhar. No entanto, foi com a proposta do diretor francês Yves Allégret que Delon decidiu seguir carreira na França.

 

Vivendo o auge da carreira nos anos das décadas de 1960 e 1970, Alain Delon estrelou mais de 80 produções e está entre os filmes canônicos da história do cinema, como Cidadão Klein (Mr. Klein, 1976), O Eclipse, (L'eclisse, 1962) entre outros. Ao longo da carreira meteórica, trabalhou com cineastas famosos, como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray.

 

"Eu nunca sonhei com essa carreira, ela simplesmente aconteceu. Eu não fui feito para ser Alain Delon. Eu deveria ter morrido há muito tempo. Isso se chama destino", disse Alain Delon em edição especial da revista semanal Paris-Match dedicada ao ator em 2018. Curiosamente, ele falava de si mesmo na terceira pessoa em alguns momentos. Um vício de linguagem que marcava, do seu ponto de vista, a fronteira entre o ator e o indivíduo Alain Delon.

 

O ator também já se envolveu em algumas polêmicas aos olhos da mídia. Em fevereiro deste ano, a polícia francesa apreendeu 72 armas de fogos e mais de 3 mil munições na casa do ator que não possuía, segundo o portal G1, qualquer tipo de licença de porte para material bélico.

Suicídio assistido

 

Devido a sua condição de saúde nos últimos tempos em que sofria de um grave quadro de degeneração cognitiva, o ator se envolveu em polêmica sobre o suicídio assistido. No final de março desde ano, o perfil oficial de Alain Delon no Instagram publicou uma nota que foi interpretada como uma mensagem de despedida aos fãs e seguidores. "Gostaria de agradecer a todos que me acompanharam ao longo dos anos e me deram grande apoio. Espero que os futuros atores possam ver em mim um exemplo, não apenas no trabalho, mas na vida cotidiana, com suas vitórias e derrotas. Obrigado, Alain Delon", dizia a legenda da postagem.

 

Pouco tempo depois, a conta foi apagada na rede social. O ator, que sofreu um AVC em 2019, já tinha mencionado várias vezes a possibilidade de realizar o suicídio assistido, principalmente depois de presenciar o sofrimento de sua esposa Nathalie Delon. Ela também tinha a intenção de realizar o procedimento, mas faleceu em 2021 devido a um câncer de pâncreas.

Comoção

A morte de Alain Delon gerou uma série de manifestações nas redes sociais. O presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou a morte do ator. “Alain Delon interpretou papéis lendários e fez o mundo sonhar. Emprestando seu rosto inesquecível para sacudir nossas vidas. Melancólico, popular, reservado, ele era mais do que uma estrela: era um monumento francês", escreveu o político em seu perfil oficial no X (antigo Twitter).

 

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