A luta por uma moda mais inclusiva e politizada!

Houve tempo que as silhuetas magras e a beleza nórdica ditavam os padrões do lado de cá do Equador – mesmo sendo nós, uma gente misturada, quase sempre dona de cabelos castanhos e encaracolados e contornos curvilíneos. Mas com o fetiche viking devidamente neutralizado e o reconhecimento pela diversidade, finalmente, aceito, eis que o mundo acordou para as questões da pluralidade. Entraram em cena corpos, cores, (a)gêneros, discursos e diferenças necessárias.

Nós queremos escutar outras vozes, ver caras novas, ser incomodados e provocados a sair da tal zona de conforto. Nós queremos ter os pés no chão e a mente nas alturas – como se fosse possível transformar devaneios em realidade. Talvez até seja, pois aqui estamos mais uma vez prontos para quebrar as convenções.

Se o humorista Fabio Porchat chega para desidratar o diálogo anticultura e falar mais alto contra quem tenta emudecê-lo, o modelo Akin Cavalcanti e os imigrantes africanos Abdou Dia e Nabila Youssouf, respectivamente, do Senegal e da Guiné-Bissau, reforçam a necessidade de derrubar as fronteiras. Já tivemos uma edição dedicada às diásporas contemporâneas (agosto de 2020), e voltamos ao tema por sua natureza justa e humana. Essa é uma revista que se permite saltar fora das obviedades e faz questão de entender o Brasil em perspectivas mais dinâmicas.