Marcelo Lehninger: conheça a trajetória do maestro brasileiro
Marcelo Lehninger tem carreira consolidada na música instrumental e guarda memórias afetivas do Brasil
Marcelo Lehninger, 42, fez carreira em solo americano por anos à frente da música instrumental. Distante dos palcos brasileiros desde 2018, o maestro carioca retorna ao país para o comando da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), conjunto musical mais tradicional do país. Na ocasião especial, ele comandará o concerto de abertura da série que celebra os 85 anos de existência do conjunto no Theatro Municipal do Rio de janeiro.
A Sinfonia nº 5 em dó sustenido maior, de Gustav Mahler, foi a peça escolhida para celebrar o retorno do musicista ao Brasil. Com sua atmosfera de luz e sombra, Lehninger vai conduzir a orquestra e a plateia por um mar sonoro clássico e intenso que vai do desespero, da dor e das sombras à genuína alegria no rondó final, passando antes à introspecção poética e amorosa do adagietto, tão adorado pelo público.
Quem é Marcelo Lehninger?
O musicista é diretor e regente titular da sinfônica de Grand Rapids, em Michigan, instituição quase centenária que já teve diretores musicais renomados, como Semyon Bychkov e Nokolai Malko. Ele também é diretor artístico do Bellingham Festival of Music em Washington, nos Estados Unidos, que acontece durante o Verão norte-americano. A orquestra do festival é formada por músicos dos maiores conjuntos americanos.
Lehninger também já implementou iniciativas fantásticas ao longo da carreira. Em 2024, ele criou o Conducting Institute, programa para jovens regentes, e ainda há planos para a criação de uma orquestra acadêmica e a construção de um novo teatro. “É um festival em pleno crescimento e o objetivo é que se transforme em uma espécie de Tanglewood ou Aspen na Costa Oeste”, disse o maestro que ainda conta com a participação de mentores renomados do universo musical, como Kurt Masur, Mariss Jansons, Leonard Slatkin e Roberto Tibiriçá.
Aos 45 anos, Marcelo Lehninger tem um currículo invejável com feitos notáveis na música instrumental. Além de ser o 14º diretor musical da Grand Rapids, posto assumido em 2016, ele já foi diretor da New West Symphony, em Los Angeles. Anteriormente, foi indicado por James Levine ao cargo de maestro assistente na Sinfônica de Boston, uma das cinco maiores orquestras norte-americanas. Depois, ele alcançou a posição de regente associado em uma jornada que durou cinco anos.
Lehninger foi ovacionado pelo New York Times em sua estreia no Carnegie Hall. "Ele foi fantástico, regendo as três obras com técnica impressionante, visão musical e energia jovem. A orquestra soou ótima", comentou a publicação na época.
O músico calcula já ter regido mais de 100 orquestras, em diversos continentes, ao longo de sua trajetória. Marcelo também já dividiu o palco com um imenso número de solitas estrelados. A começar pelo pianista Nelson Freire, de quem era muito próximo e que foi uma forte influência em sua carreira. A lista do músico também inclui o violoncelista Yo-Yo Ma, os violinistas Joshua Bell, Pinchas Zukerman, Sarah Chang e os pinaistas Daniil Trifonov e Jean-Yves Thibaudet, entre outros nomes reconhecidos no universo instrumental. Como regente convidado, Lehninger já se apresentou em salas como Carnegie Hall, de Nova York, Filarmônica de Berlim e Ópera de Sidney.
Acordes na cidade maravilhosa
No próximo dia 29 de abril, Marcelo Lehninger volta ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para reavivar suas lembranças afetivas com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). O reencontro é um desejo antigo do músico e de Nikolay Sapoundjiev, diretor artístico do conjunto. No entanto, por questões de agenda, só agora foi possível.
Marcelo não esconde a satisfação de celebrar o momento. “A OSB é a orquestra da minha cidade. Cresci ouvindo esta orquestra. E já vivenciei diversos momentos com ela. Nem podia ser diferente. Meus pais – a pianista Sônia Goulart e o violinista Erich Lehninger - tocaram com a OSB e o meu querido mentor, Roberto Tibiriçá, foi seu regente titular por anos”, disse o regente com carinho sobre o tradicional conjunto sinfônico brasileiro. Segundo ele, as oportunidades poderão ser maiores daqui para a frente. A família vai se estabelecer no Rio pelos próximos dois anos, para que as duas filhas do casal ganhem maior fluência no português e maior proximidade com a cultura brasileira. A mulher, Laura, ficará aqui. Lehninger vai se exercitar na ponte aérea.
Para além dos acordes e das notas precisas de seu trabalho, o regente enfatiza a música no aspecto técnico e humano. “Eu sempre foquei na música, não me preocupei muito com carreira não. Meu gol sempre foi, e continua sendo, me aperfeiçoar como músico e como ser humano. Gosto de aprender, de descobrir, tenho curiosidade por tudo! Acho que o resto tem que acontecer naturalmente e sempre tomei muito cuidado para que carreira e sucesso não me distraiam”, explicou o regente de sucesso que promete encantar o público carioca.