Marcus Buaiz: destemido, inventivo e que sabe fazer a diferença

Ele poderia ser apenas mais um herdeiro sortudo no mapa das grandes fortunas, porém, Marcus Buaiz preferiu seguir o próprio caminho. Capixaba, nascido no finzinho dos anos 1970, o empresário, que tem ascendência ítalo-libanesa, coleciona sucessos desde que debutou no mercado – e isso tem quase três décadas. “Ainda era estudante, mas queria construir a minha biografia. Então, o meu avô [Américo Buaiz] e o meu pai [Américo Buaiz Filho] fizeram um acordo comigo para que eu estagiasse na principal holding da família depois do horário escolar, sem poder assumir nenhum cargo executivo. Passado algum tempo, migrei para o setor da comunicação. À época, a rádio do grupo era considerada o ‘patinho feio’, mas eu via boas possibilidades ali. Com esforço, convenci ‘os Américos’ a me deixarem tocar a direção do lugar. Eu tinha 17 anos”, recorda-se.

No comando da emissora, o jovem armou uma verdadeira revolução. “Penso que música é sensorial e a rádio tem uma coisa mística com os ouvintes. Foi quando cogitei que seria incrível criar um estúdio acessível aos olhos, ancorado em um lugar movimentado, onde o público tivesse contato com os artistas.” A ideia materializou-se em formato de aquário, incluído no skyline do Shopping Vitória. Mas para que o investimento desse certo, Marcus precisava ter um nome forte na locução – e tudo apontava para Torino Marques, que era o profissional mais importante em atividade, com carreira consolidada na concorrência. “Todo mundo dizia que não conseguiria contratá- lo – porém, não só consegui, como, em seis meses, coloquei a rádio no topo da audiência. Também entendi que o faturamento daquele nicho vinha de eventos e não da venda de espaço publicitário, o que me levou a montar uma empresa de entretenimento.”

O problema é que ele estava fora do eixo Rio-São Paulo. Contudo, quem acredita que uma mera questão geográfica limitou as suas ações, engana-se. Com vocação para os negócios e dono de um espírito aguerrido, Marcus startou o empreendimento com um festival a céu aberto, realizado na Praça do Papa. Em 12 horas de shows, o “Vitória Pop Rock” apresentou nomes como Charlie Brown Jr., Cássia Eller, Jota Quest e O Rappa. “Tinha que colocar dez mil pessoas para evitar prejuízo. Botei 28 mil!”

De malas prontas para desembarcar na orla carioca, já formado em Administração de Empresas pela Universidade de Vila Velha, ele resolveu aprimorar os estudos e lançou-se na tarefa de cursar o MBA em Marketing, na renomada Fundação Getúlio Vargas. A escala seguinte foi São Paulo, cidade que Buaiz escolheu para servir como centro de operações para decolar a carreira. Foi em solo paulistano que ele estabeleceu parcerias rentáveis, como a que aconteceu com o ex-piloto da Fórmula Renault, Pedro Paulo Diniz. “Nós nos conhecemos por intermédio de um amigo. O Pedro queria levar uma etapa da corrida para o Espírito Santo, o que era ambicioso. Confesso que o projeto era complexo e tinha poucas chances de dar certo. Mas acabei fechando o contrato – e, em vez de comissão, pedi a ele que entrasse como sócio da Host, com 33% de participação. Ele topou e, em menos de um ano, éramos referência no segmento.”

Para alguém nascido sob a regência do signo de Leão, é quase imposição astrológica ocupar o posto de liderança. Neste quesito, Marcus Buaiz não decepcionou os astros – e chegou a ser dono de um conglomerado de casas noturnas e de 13 empresas diferentes. “Era uma loucura. E não sou necessariamente o ‘cara’ da balada. Quando a diversão pegava fogo, admito que estava no conforto do meu lar, acompanhando tudo dos monitores que transmitiam diretamente das boates. Sou pioneiro nessa coisa de reality show (risos)!” Além de ficar de olho no movimento de cada iniciativa, ele recebia relatórios detalhados de consumo. “Sou uma pessoa que constrói times e divide funções. Venho de exemplos de gestão familiar. Por isso gosto de ouvir as pessoas em quem confio.”

A vida atribulada fazia parte do projeto de Buaiz, que traçou um plano de metas batizado de “Jay 40”. “O meu objetivo era completar 40 anos sendo menos empreendedor e mais empresário.” Se deu certo? Muito! Faz cinco anos que ele se enxerga como prioridade – fato que mudou completamente a sua rotina. Agora não tem essa de acordar e cair numa reunião estressante ou de buscar cuidados médicos para tratar a Síndrome de Burnout. Ele, que é faixa preta de jiu-jítsu, avisa que o condicionamento físico requer dedicação e empenho. “O meu dia tem início com o treinamento e com o equilíbrio entre o corpo e a mente. Acredito que a fé é fundamental para a saúde e para o nosso conhecimento interior.” Pai de dois meninos – José Marcus, 12 anos, e João Francisco, 9 anos –, Buaiz faz questão de ter tempo para a família. “Gosto de levá-los à escola e de acompanhar as suas atividades esportivas. Sou um pai dedicado, que conversa muito e entende que a verdade é a principal fonte para a formação do caráter. Eles são crianças amadas e que contam com apoio emocional. Só quero que os meus filhos sejam felizes em suas escolhas e que tenham referências positivas em suas vidas.” Divorciado de um matrimônio que durou 15 anos com a cantora Wanessa Camargo, Marcus admite que estava fechado para o amor. “Foi um casamento que rendeu momentos lindos e filhos incríveis, mas quando um relacionamento duradouro acaba, você não quer emendar em outro.” Entretanto, quem disse que o coração escuta a voz da razão? Por insistência de uma amiga em comum – a Marina Morena –, ele e a atriz Isis Valverde foram trombar-se [ao acaso, diga-se!] num dos destinos mais românticos do globo: Paris. E é claro que nascia ali uma sintonia perfeita, com toda a pompa de que o casal não se desgrudaria tão cedo. Com pouco mais de um ano de namoro, os dois deram o passo seguinte: dividir uma casa no Rio de Janeiro.