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Pedro Barros: equilíbrio, desempenho esportivo e diversão

Good vibes! Prestes a participar pela segunda vez dos Jogos Olímpicos, o medalhista Pedro Barros – um dos ícones do skate mundial – busca o equilíbrio no dia a dia como forma de ampliar o desempenho esportivo, mas sem perder de vista a diversão

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Fotos: Divulgação

A função do shape, conhecido também como deck, board ou tábua é manter a estabilidade e permitir o controle do skatista durante as manobras. Mas essa parte do equipamento esportivo – que deve ter o tamanho, que leva em conta o peso e a altura de quem vai utilizá-lo, além da modalidade que será praticada – desempenha também outra função importantíssima: ser uma ferramenta de expressão, imprimindo a imagem e o estilo que o atleta quer mostrar ao público. Na conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, edição na qual o esporte estreou como modalidade olímpica, Pedro Barros, principal nome do skate park brasileiro, homenageou o seu lugar de origem, Santa Catarina, pintada no shape, em formato de mapa azul com o fundo amarelo.

Às vésperas dos jogos de Paris, Barros revelou, em entrevista exclusiva para a L’Officiel Hommes, diretamente do quintal da casa do pai – o surfista André Barros, que mora na praia de Miramar, na Nicarágua –, que ainda não pensou sobre como será a customização do seu próximo shape olímpico. “Geralmente crio a identidade visual. Não sou o melhor desenhista e nem designer gráfico, mas costumo fazer um esboço, uma tentativa de expressar o que está dentro da minha mente. Aí, passo para a minha equipe finalizar a ideia”, conta.

Aos 29 anos, Pedro, que subiu ainda de fraldas no skate pela primeira vez, tem uma trajetória admirável. Oito vezes campeão mundial e ostentando dez medalhas – das quais seis de ouro –, da maior competição de esportes de ação, a X Games, tem buscado se preparar dentro de um conceito que ele define como “360”. “Depois de muitos anos como atleta profissional, entendo que é essencial para as provas considerar todos os aspectos da minha vida, pois cada pensamento e ação fazem diferença no desempenho. Para fazer a melhor performance em cima do skate, preciso estar em equilíbrio. Se eu sentir que é necessário, jogo até capoeira para soltar o corpo antes de entrar na pista.” Os 15 dias na Nicarágua fizeram parte desta preparação. Além de brincar com Chella, a cachorrinha da família, o atleta – que coleciona 21 tatuagens, várias sobre os cães que teve na infância e nenhuma sobre o pódio olímpico – também tem-se dedicado a pegar onda e a praticar exercícios de respiração que o ajudam ainda mais a se conectar com o momento presente.

Fotos: Divulgação

Pedro Barros ganhou o título mundial de estreia aos 14 anos e avalia que a prática esportiva de alto rendimento traz impactos não apenas para o corpo. “A gente acaba sentindo tanto o lado físico como o mental. É o estar longe da família e dos amigos, assim como passar por períodos de grande liberação de dopamina e adrenalina durante as apresentações que mais influenciam nos resultados”, reflete. Dentro da realidade das Olimpíadas, ele percebe que o skate pode ser um exemplo de união entre os adversários. “Um diferencial do skate é que todo mundo se dá bem e torce pelo sucesso dos outros competidores. Em toda entrevista é possível perceber que sempre destacamos o divertimento como sendo essencial. Porque essa é a nossa meta principal. Quando falamos da alta performance olímpica, geralmente exteriorizamos um excesso de disciplina que pode acabar com a curtição e com a alegria do ‘deixar fluir’”, observa. Pedro ainda pondera que o seu objetivo no esporte é a expansão dos próprios limites. “Desde que me conheço por gente a minha ambição é ser o melhor skatista que puder ser. E venho ampliando os meus limites. Entendo que quanto mais cresço, mais espaço tenho para evoluir, mas é preciso manter esse sonho de criança fresco na memória.” Espiritualizado e de olho nas conexões positivas, Barros admite que o bom desempenho é fruto da mente saudável. “É uma questão de fé, de acreditar em um poder que sai do nosso controle. Então é sobre como me conectar a essa energia criadora que torna tudo possível – da criação da natureza ao resultado que você está esperando.”

Nos momentos de pausa, Pedro – que é fã de animes e séries – busca experimentar as aventuras culinárias. “Gosto de fazer macarrão e carne, mas também doces, como cookies e petits gâteaux. Também curto improvisar. Dia desses peguei um resto de farofa feita pelo meu pai e coloquei sobre uma torrada com cream cheese e um ovo estalado. Ficou ótimo!”

Em outras arenas, o jovem dedica-se à cervejaria Layback
(@LAYBACK) e à marca própria Privê Skateboarding (@PRIVEGUEST), que surgiu para idealizar shapes para amantes do skate. “É um processo manual. Começa pela definição das medidas e do desenho, passando pela seleção da árvore – utilizamos a maple canadense –, até a forma de transporte. Tudo isso torna o trabalho artístico e especial”, define. É esse pensamento sereno, que desponta com ar criterioso e ao mesmo tempo decidido, que Pedro Barros pode ser traduzido: um cara descolado, moderno e cheio de afetividade pela vida, pela profissão e pelas pessoas que o cercam. Que seja ouro!

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