Sérgio Mallandro relembra perrengues em novo filme: “Perdi tudo”
Sérgio Mallandro relembra fase difícil de sua vida em novo filme 'Mallandro: o errado que deu certo'
Sérgio Mallandro (68) sabe fazer piada, e por mais de quatro décadas, foi assim que ganhou a sua vida. No entanto, nem sempre foi assim, o ator, comediante e apresentador passou por momentos de crise, onde contraiu dívidas, perdeu tudo o que tinha e agarrou-se a oportunidades de fazer dinheiro um tanto incomuns, como no dia em que se apresentou em um circo no interior onde sua plateia era, majoritariamente, formada por cachorros!
Hoje, Mallandro comanda um podcast de sucesso ‘Papagaio Falante’ e promete lotar os cinemas com seu novo filme, “Mallandro: o errado que deu certo”. Dirigido por Marco Antonio Carvalho, a autocinebiografia acompanha Serginho Mallandro em busca de sua reinvenção. Após ser eliminado de um reality e coberto de dívidas, o comediante faz um teste para um novo programa de auditório, mas acaba se metendo em uma enrascada: “É um filme com fatos reais e um pouquinho de ficção”, brinca Mallandro.
Para o Globo, Serginho revela que está emocionado ao ver sua história ser retratada nas telonas: “Muito do que está no filme são coisas que aconteceram comigo. Mostra momentos difíceis da minha vida e como eu me reinventei, como voltei a ser o Sérgio Mallandro. Quando me falaram que eu ia filmar todos os dias, quase 35 dias sem parar, eu fiquei muito feliz, mas também foi muito difícil, porque sou um cara que dorme muito tarde. De manhã, eu não funciono. Aí, quando fui fazer o filme, tinha que acordar 6h da manhã. Mudei todo meu cotidiano em prol do filme, mas valeu a pena. Vem aí com certeza o ‘Mallandro: o errado que deu certo 2’. Se prepara, meu glu-glu. E vai vir o Oscar. Eu sonhei que recebia o Oscar. Só não sei se era o Troféu Imprensa.”
De praieiro a comediante
“Quando comecei a fazer cinema, eu nem era artista, era um cara da praia. Eu era brother do André De Biase e ele me indicou para fazer ‘Menino do Rio’ (1982). Ele falou para o (diretor) Antônio Calmon me dar uma oportunidade, disse que eu era um folclore da praia, que falava muitas gírias. E deu certo. Depois que eu já era um artista mais conhecido, fazia ‘O povo na TV’ e era jurado do Silvio Santos (no ‘Show de Calouros’), o Renato Aragão, no período em que separou dos Trapalhões, me chamou para ser meio que um outro Trapalhão em ‘O Trapalhão na Arca de Noé’ (1983), que foi um marco na minha carreira. Aí eu fui fazer ‘Garota dourada’ (1984) e ‘As aventuras de Sérgio Mallandro’ (1985). Eu estava na pegada do cinema. Depois, fiz ‘Lua de Cristal’ (1990), ‘Sonho de verão’ (1990) e ‘Inspetor Faustão e o Mallandro’ (1991).”
“Eu tinha R$7 reais na conta”
“Eu saí do ar em 1996 e fiquei três anos fora da TV, em uma época em que, se a televisão não te contratasse, você não tinha para onde correr. Hoje, com as redes sociais, o artista é mais independente, tem mais oportunidades. Quando eu saí do ar, comecei a vender todo meu patrimônio. Perdi tudo que tinha juntado entre 1982 e 1995. Nesses três anos fora do ar, precisei vender tudo. Vendi minha casa de Búzios, casa aqui, casa lá, apartamento. Fui perdendo, fui perdendo, até que de repente eu vi que eu tinha R$ 7 na conta.”
Além de perder seus bens, Serginho também se deparou com uma situação muito triste e delicada: “Quando um oficial de justiça bateu na minha porta para levar o meu último carro, ele me reconheceu, ficou surpreso e me disse que eu era ídolo do filho dele de 9 anos, que estava com câncer. Eu pedi para ele esperar e fui buscar um presentinho para ele. Achei um bonequinho que fazia glu-glu e dei para ele. Ele ficou sem jeito, perguntou: ‘Como vou levar seu carro embora?’ Mas eu disse que não era para confundir as coisas, que era para ele fazer o trabalho dele. Quando ele desceu a ladeira da minha rua com o carro, eu comecei a chorar muito. Mas não era porque estava levando o meu carro. Foi porque eu percebi que, dentro da minha casa, eu tinha os meus três filhos saudáveis. Percebi que não tinha problemas, mas apenas obstáculos. Problema é chegar no hospital e o médico falar que você vai perder a pessoa que você ama. Boleto pra pagar, geladeira vazia, briga com a esposa são obstáculos. Eu só tinha o obstáculo de ter que voltar a ser um artista.”
Xuxa no filme
“Coloquei meus grandes amigos participando da minha história. Xuxa é uma grande irmã. Ela fez uma participação maravilhosa no filme. Coloquei ela para abrir a ‘Porta dos desesperados’. Quando ela aparece, as pessoas dão uma suspirada no cinema. Ela tem uma luz muito forte. Chamei também o Zico, que é o meu ídolo, Nanny People, Lúcio Mauro Filho e muitos outros.”