Bulgari: inspiração que vem de Roma
Bulgari celebra 140 anos com a coleção de alta joalheria Aeterna. “Não há futuro se você não olhar de onde você veio”, diz o executivo da Maison, Mauro Di Roberto.
Roma, lar da Bvlgari, tem sido inspiração recorrente para a marca, que acaba de celebrar 140 anos. A coleção Aeterna destaca a data, tendo como fonte de inspiração a cidade e, principalmente, as variações de luz solar que incidem sobre ela. Mauro Di Roberto, diretor-geral da unidade de joalheria, conta que o lançamento traz mais de 320 peças únicas, one of a kind, das quais 160 são Aeterna. Alta joalheria, tem como ponto alto o colar formado por sete diamantes na cor D e pureza impecável totalizando 140 quilates – um para cada ano de história – e 698 diamantes em lapidação baguete pesando 61,81 quilates. Sua execução exigiu mais de 2.800 horas de trabalho dos artesãos e o preço estimado é de US$ 43 milhões. “É perfeito do ponto de vista da fabricação”, analisa o executivo.
Na apresentação da coleção, realizada na Terme di Diocleziano – as maiores termas da Roma Antiga reabriram ao público recentemente após longas obras de restauração – a atriz e embaixadora global da Bvlgari Priyanka Chopra Jonas usou a peça – batizada de Serpenti Aeterna – que foi vendida em poucas horas. A Bvlgari exibiu as joias primeiro em uma imersão em um showroom com expositores inspirados na arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e então, em um desfile com casting que incluiu Isabella Rossellini, Carla Bruni, Mariacarla Boscono, Blesnya Minher, Elisabetta Dessy e Giacomo Cavalli e também controu com Anne Hathaway na primeira fila.
Para marcar a data, a Fondazione Bvlgari apresentou à cidade a instalação imersiva Vista Aeterna, criada pela designer holandesa Sabine Marcelis. A obra de arte pode ser visitada na Piazza di Spagna até 15 de junho e oferece uma interpretação contemporânea da paisagem urbana de Roma. É composta por doze pilares de travertino adornados com espelhos coloridos reflexivos que giram continuamente ao longo do dia, traçando o caminho do sol do amanhecer ao anoitecer. À medida que se movem, eles capturam e refratam a luz solar, projetando nos arredores um espectro de tons quentes inspirados no sol.
A Maison também lançou o Passaporte Digital Bvlgari, registro digital imutável que armazena as características únicas e os certificados de cada criação de alta joalheria no blockchain privado Aura, protegendo os dados do produto indefinidamente. A seguir, Mauro Di Roberto detalha a coleção criada pela diretora criativa Lucia Silvestri.
L’OFFICIEL – O que os 140 anos trazem em termos de aprendizado com o passado e planejamento para o futuro?
MAURO DI ROBERTO – Para nós, 140 anos é uma desculpa para comemorar, mas tudo o que fazemos é olhar para trás, para a nossa inspiração através da história, para que então façamos melhor o processo de hoje e de amanhã. O aprendizado não para. A realidade é que nos inspiramos muito na história, no estilo de vida, se preferir, de Roma ou do Mediterrâneo. E tentamos colocar isso em toda a nossa criatividade. E isso é uma evolução contínua. Se você olhar para nossa herança e para alguns lançamentos você verá que nossa criatividade em joias tem sido uma evolução contínua, muito diferente do que fazem muitos de nossos concorrentes tradicionais de joalheria. Para nós não há futuro se você não olhar de onde você veio.
L’O A luz de Roma foi a inspiração para a coleção?
MDR Roma para nós sempre foi uma inspiração. Neste momento particular, o fato de estarmos comemorando 140 anos e de termos chamado a coleção de Aeterna. Por que Aeterna? Porque Roma é uma cidade eterna, inspirada pela sua história, pela sua maneira de sobreviver através de tantos séculos e evoluir. Roma influenciou o resto do mundo e foi influenciada por muitas pessoas diferentes vindas de outras partes do mundo. Então acho que essa fusão faz de Roma um centro da inspiração que vai além da Itália.
L’O E como luz de Roma é expressa nas pedras?
MDR Acho que é uma combinação de tudo. Acho que Roma tem história e acho que você disse a coisa certa. Eu provavelmente não estava pensando nisso. A luz de Roma, sobretudo porque quando toca partes históricas, torna-a única. Nesta cidade, você pode caminhar por qualquer lugar e encontrar algo que traz de volta muitos séculos. E acho que a mentalidade também é essa. Acho que o fato de renascer, sabe, e a evolução, acho que o povo romano tem uma forma contínua de viver a vida.
L’O Pensando em formas e cores quais são as ligações específicas entre Roma e as joias?
MDR Os designs e as cores das gemas são bastante coerentes. Se olharmos para a colorida coleção Mediterranea do ano passado, ela foi influenciada por três continentes diferentes: África, Europa e Ásia. Agora, as combinações de cores são porque Roma nos deu as cores, a luz em momentos diferentes do dia e assim você tem uma iluminação diferente na cidade. É fantástico. E adicionamos diamantes. A Bvlgari nos anos 1930, 1940 costumava ter joias com diamantes. E achamos que o diamante é o tipo certo de gema para representar um aniversário tão importante, especialmente porque trabalhamos com pedras vindas da mina em Lesoto [pequeno país da África Austral], uma mina que é certificada como uma das mais importantes do mundo, para fabricar sete joias perfeitas. O processo que vai além é bem diferente porque é pura criatividade na montagem da cor. Aqui é pura criatividade, porque parece que Lucia [Lucia Silvestre, diretora criativa de joalheria] está brincando com as pedras preciosas e cera em sua mesa na Bvlgari. Mas a base de tudo isso é porque a cidade inspira quando se trata de uma rica luz colorida.
L’O Quantas peças há nesta coleção?
MDR A coleção é composta por mais de 320 joias únicas, one of a kind, das quais 160 são Aeterna. Acredito que seja, provavelmente, a coleção mais espetacular de que me lembro.
L’O Existe uma peça principal?
MDR O colar totalmente em diamantes que chamamos de Serpenti Aeterna. A peculiaridade é que pela primeira vez trabalhamos a partir de uma gema bruta, ajudamos o fornecedor a trabalhar as gemas como queríamos. E elas são perfeitas. Têm a cor perfeita, sem inclusões e assim por diante. Então isso para nós é Aeterna, que vai além do valor das pedras. Obviamente, o valor é alto porque os diamantes são grandes, mas também porque há uma expertise artesanal que vai além. Existem quase 700 diamantes cortados em baguete. Se você não fizer o trabalho corretamente, verá espaços entre eles, o que não é elegante. Este colar é perfeito do ponto de vista da fabricação.
L’O E acho que é uma peça única...
MDR Sim, é uma peça única por causa de um diamante de 50 quilates lapidado desta forma [em formato de pera] porque não queríamos que ficasse muito pesado. Esse é o desafio que torna o corte extremamente único.
L’O Qual o perfil do consumidor de alta joalheria hoje? Existe um consumidor mais jovem?
MDR Mais jovem não. Acho que há asiáticos que olham para a alta joalheria, mas eu diria que com 35, 40 anos ou mais. Este é o cliente de alta joalheria. Agora, é óbvio que você alcança a alta joalheria depois de passar pelo processo de compreensão das joias em geral. Hoje, acho importante que muitos consumidores entendam a alta joalheria. E os clientes que sabem disso, às vezes estudam bem o que estão comprando, principalmente quando falamos das quatro gemas importantes: diamante, esmeralda, rubi e safira. Obviamente, que ainda tem a Paraíba e os espinélios. As gemas coloridas são mais para pessoas requintadas que apreciam a criatividade por trás delas. No geral você pode fazer muito mais coisas com as pedras coloridas porque você tem cortes, formas, cores, soluções infinitas com as quais pode fazer um produto. Quem entende de joias, provavelmente já fez trade up muitas vezes e é um cliente que também diversifica seus investimentos.
