Joias

Joias do consciente: conheça a nova coleção

Traduzindo ideias da psicanálise para suas peças, Luisa Velludo segue o caminho para expressar nosso eu interior através de joias

Luisa Velludo
Luisa Velludo

A convivência sem folgas deste ano em quarentena – seja em família, com roommates ou sozinhas em casa – tem levado muitas pessoas a procurar maior compreensão interna. O interesse por terapias alternativas via tela do computador, autoanálises e meditações aparece com distinção nas buscas on-line e em debates nas redes sociais, muito por conta de uma necessidade de entender como nosso íntimo (até então raramente encarado) funciona.

Essa querença atual dialoga bastante com Partes de um Todo, a nova série idealizada por Luisa Velludo. A joalheira paulista, radicada no Rio de Janeiro, encerra um período de jejum de lançamentos com uma série de pingentes ultrapsicanalíticos. A criação é baseada nos arquétipos visionados por Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, no começo do século 20, ideias que o psiquiatra suíço definiu como “elementos inabaláveis do inconsciente coletivo” da humanidade.

Luisa Velludo
Fotos: Viv Giaquinta

Não é de hoje que Luisa gosta de falar sobre “expressar o eu”. “Entrei na joalheria pela arquitetura, e no começo minhas peças eram focadas na forma, sempre por esse lado mais estético. Depois, comecei a entender que aquilo não era suficiente”, conta. “No processo de criar com mais profundidade, fui entender que minha pesquisa era sobre o eu – como a gente se comporta, se relaciona, como o outro nos influencia.”

Essa busca levou a designer até a filosofia e a psicanálise, um movimento que foi se refletindo em suas peças – por vezes mais geométricas, outras mais orgânicas. A nova empreitada parte de cinco dos tantos arquétipos que Jung listou, transformados em pingentes de duplos losangos, feitos de prata, que remetem ao corpo humano.

“A ideia é materializar essas figuras em símbolos a partir do mesmo ‘corpo’, mas cada arquétipo terá uma movimentação, uma articulação ou um detalhe diferente”, explica Luisa. Por exemplo, a versão do anima (que é o lado feminino inconsciente do homem) e do animus (o lado masculino da mulher) traz uma porta no “peito” com outra figura dentro, desvelando o que está escondido. “O velho sábio tem uma cabeça que se abre, o louco gira o tronco independente da cabeça, e por aí vai.”

Luisa Velludo
Fotos: Viv Giaquinta

Essa corporificação do inconsciente em joias, diz a joalheira, serve para expressar essa noção de aceitação, vem muito da ideia de conseguir abraçar quem nós somos, em um âmbito mesmo de autoacolhimento.

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