Juliana Paes em entrevista exclusiva para L'Officiel Brasil
Mais do que dar vida a mulheres inesquecíveis, Juliana Paes equilibra os ensinamentos da vida pessoal
para cuidar de si e do mundo além das câmeras. Aqui, ela brilha com as peças poderosas Cartier
Com mais de 20 anos de carreira, ela é conhecida por seus personagens marcantes. E deu vida à Maria Marruá, no remake de Pantanal, o que lhe rendeu uma série de elogios do público, dos seus mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais e da crítica especializada. E eis que um projeto chamou atenção da atriz durante as gravações: o Instituto Arara Azul, que desde 1990 trabalha para conservar as araras-azuis e a biodiversidade do Pantanal. Além disso, é defensora para a Prevenção e Eliminação da Violência contra as Mulheres, na ONU, desde novembro de 2015. Ativa e ativista, a seguir ela fala de padrões de beleza, etarismo, moda e tática para manter a saúde física e mental em tempos intensos.
L’OFFICIEL Mulheres fortes estão no seu rol de personagens, a mais recente, no remake de Pantanal. Como foi participar do projeto e “se encantar” em Maria Marruá? O que, depois do fim das gravações, trouxe dela em você?
JULIANA PAES Eu realmente me sinto agraciada pelos personagens que me foram concebidos ao longo desses anos. Uma das coisas mais especiais que Maria Marruá trouxe para mim foi a possibilidade de conhecer o Pantanal. Aquele lugar tão único regido pela natureza. Foi com a Marruá que eu conheci o trabalho do Instituto Arara Azul e me tornei embaixadora dele. Foi durante as gravações da novela que pude me reconectar com o meu eu, longe do sinal de celular, da tecnologia. Acordei com o canto dos bichos, presenciei de perto a energia e o mistério das águas do Pantanal. Foi um mergulho espiritual e o que eu trago da personagem é essa força renovada dentro de mim. Maria Marruá é uma mulher forte, intensa, guerreira, que me fez olhar para dentro e relembrar dessas características presentes em mim
L’O Você é embaixadora do Instituto Arara Azul. Como usa sua voz para defender as causas que tocam seu coração?
JP Ser embaixadora do ITA me traz a honra de poder usar da minha visibilidade em prol do ecossistema que vivemos, buscando entender cada dia mais do assunto, abrindo diálogos e fomentando discussões a respeito da mãe natureza. É também uma forma de retribuir tudo o que a região do Pantanal me proporcionou nos dias que vivi lá. A natureza sempre foi o meu lugar preferido para brincar. É uma conexão desde berço e que foi aprofundada ainda mais depois dessa experiência. Estar no Pantanal me trouxe um impacto de realidade. De como falar sobre isso é necessário e urgente.
L’O Você também é defensora para a Prevenção e Eliminação da Violência contra as Mulheres, na ONU, desde novembro de 2015. Como atua nesse sentido? Como traz as ações para o seu dia a dia?
JP Eu acredito muito na corrente de apoio que as mulheres conseguem construir, pois juntas somos mais fortes. Os números de casos de violência física e sexual contra as mulheres são alarmantes. Ao ser Defensora para a Prevenção e Eliminação da Violência contra as Mulheres da ONU, eu me vejo sendo uma porta-voz de tantas que precisam ser ouvidas. São mais de 30 milhões de pessoas me acompanhando nas redes sociais e eu vejo dentro de mim a necessidade de usar dessa visibilidade em prol de algo importante.
L’O Corpo magro, cabelo liso, rosto sem rugas e marcas: como lida com as pressões dos padrões de beleza?
JP Tento sempre lidar de uma forma com que eu não vire refém desses padrões. Hoje eu tenho um olhar muito mais de amor e respeito para com o meu corpo. Esse, inclusive, era um ponto que sempre eu era questionada sobre a Maria Marruá. As pessoas achavam que era um sacrifício ter esses sinais atenuados para a caracterização da personagem. Mas muito pelo contrário. Me sinto confortável em me despir dessas vaidades. Sou uma mulher com 43 anos de idade que enxerga com naturalidade as transformações do seu corpo.
L’O Como a moda e a beleza fazem parte da sua vida?
JP Acredito que a moda tem muito o poder de imprimir personalidade, atitudes e sensações. Eu adoro trocar figurinhas com o meu stylist Yan Acioli, saber o que é tendência, o que tem de novo. Ao mesmo tempo que gosto de optar pelo básico, pelo que sei que funciona no meu corpo e me traz o conforto necessário. Porque, para mim, a beleza e o conforto precisam andar lado a lado.
“SOU uma mulher COM 43 ANOS DE IDADE QUE ENXERGA COM naturalidade AS transformações
DO SEU corpo.”
L’O Qual seu acessório de moda favorito?
JP Eu amo óculos! É um acessório versátil que a gente pode usar na praia, no cinema, no trabalho e em outras tantas ocasiões. Não é à toa que tenho a minha própria linha de óculos em Portugal desde 2019 e neste ano eu trouxe para o Brasil. A Juliana Paes Eyewear Collection tem a proposta de convidar as mulheres a serem autênticas e embarcarem em suas próprias viagens, trazendo nos modelos nomes de cidades que eu já conheci ou desejo visitar.
L’O Quais seus novos projetos na tevê e no cinema?
JP Estou no cinema com o filme Predestinado – Arigó e o espírito de dr. Fritz, que conta a história do médium mineiro José Pedro de Freitas que se tornou uma esperança e exemplo de fé para tanta gente ao curar milhares de pessoas com suas cirurgias espirituais. No projeto, eu interpreto a Arlete, esposa do médium, que é mais uma personagem forte para a minha carreira. Ela esteve ao lado do esposo a todo momento, sendo um apoio para ele nessa missão. E estou no ar na TV aos sábados no quadro de calouros “Caldeirola”, do programa Caldeirão, da TV Globo. Eu sou jurada e me divirto muito participando, porque é uma verdadeira troca entre amigos ali.
L’O Atriz, empresária, ativista, mãe. Como equilibra vida profissional e pessoal?
JP Com os anos de carreira, eu pude adquirir uma liberdade para estar mais à frente das decisões, do que eu quero tocar no momento, um controle maior sobre os meus projetos e o meu tempo. Então hoje eu consigo administrar minhas diferentes vertentes com mais qualidade e menos excessos.
L’O Como se prepara para o etarismo ter menos impacto na sua vida? Acha que na profissão de atriz, ele é mais intenso? Ou menos?
JP Sim, é inevitável que na vida artística essas cobranças estejam presentes com certa intensidade, porque o público costuma nos ver maquiados, caracterizados para exercer o nosso ofício. Eu acredito que a partir do momento em que você está bem consigo mesma, cobranças externas deixam de afetar tanto. Esse é o caminho para mim. Trabalhar sempre a minha saúde mental para não deixar que essas questões ocupem um espaço prioritário na minha vida.
L’O Quais suas táticas para manter a saúde física e mental em dia? Corpo são, mente sã ou vice-versa?
JP Eu amo me exercitar e tirar um tempo para mim, sozinha, meditar. É algo essencial e que faz muita diferença para a minha mente e meu corpo. Ainda que seja naqueles dias corridos. Uma prática que também adquiri na pandemia e mudou a minha vida foi fazer terapia.
L’O Mãe de meninos: como cria seus filhos no sentido de termos um mundo mais feminino e feminista?
JP Eu levo muito a sério o compromisso de educar os meus filhos para eles serem cidadãos conscientes e respeitosos. Ainda que pequenos, eles sabem, por exemplo, o papel que tenho na ONU Mulheres e a importância disso. Do porquê isso é necessário. Acho que está no dever de cada mãe explicar às crianças, desde a infância, a questão da equidade entre o homem e a mulher. Se cada mãe, pai, família, tiver esse pensamento e fizer a sua parte, construiremos uma geração melhor e mais respeitosa, porque eles já cresceram sabendo da importância disso.
Fotos: Karine Basílio
Edição de moda: Alexandra Von Bismarck
Assistente de fotografia: Carlos Ximenes e Isabela Boschiero.
Beauty Artist: Ale de Souza.
Assistente de beleza: Anderson Teixeira.
Produtora de moda: Cinthia Arnoni.
Produtora executiva: Anna Guirro.
Camareira: Eva.
Manicure: Soninha.
Retouch: Helena Colliny.
Catering: A&G Buffet