Moda

Helena Bordon foi convidada para uma visita especial à Casa Lesage

Helena Bordon foi convidada para uma visita muito especial à Casa Lesage, após a semana de alta-costura, em Paris

clothing pants adult female person woman sleeve knitwear sweater
Helena Bordon - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

Amante da moda, cliente e amiga de Chanel há muitos anos, Helena Bordon foi convidada para uma visita muito especial à Casa Lesage, após a semana de alta-costura, em Paris. Confira! 

scissors kitchen utensil tongs
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

Algumas semanas antes do desfile haute couture, em Paris, a influenciadora e empresária recebeu o convite para conhecer a Casa Lesage e entender mais a fundo como é feito esse trabalho tão especial de artesanato. A casa Lesage cria bordados e tramas de tweed que exigem um savoir-faire excepcional e podem levar centenas de horas para serem feitas. Já em 1858, a bordadeira Michonet era fornecedora dos primeiros grandes nomes da história da alta-costura, incluindo Charles Frederick Worth, Paquin e Madeleine Vionnet – cuja assistente responsável pelo bordado era ninguém menos que Marie-Louise Lesage. Em 1924, Albert e Marie-Louise Lesage assumiram o ateliê de Michonet e este tornou-se Lesage et Cie. Inventora de novas técnicas (o fio reto de aletria e o sistema de sombreamento para tons suaves), a Casa de Lesage rapidamente se tornou conhecida. Quando o seu pai morreu em 1949, François Lesage, de 20 anos, assumiu o negócio. A partir de então, costureiros como Cristóbal Balenciaga, Pierre Balmain e Yves Saint Laurent contribuíram para a crescente reputação da empresa. Em 1983, com a chegada de Karl Lagerfeld à Chanel, se deu início à colaboração com a Casa Lesage. Herdeiras de um know-how único, as ágeis artesãs adornavam roupas e acessórios com bordados. Em 1996, François Lesage criou um ateliê têxtil e, dois anos depois, começou a sugerir tweeds à Chanel. Com 75 mil amostras de bordados, o legado criativo de Lesage representa hoje a maior coleção de bordados de alta-costura do mundo e fornece uma fonte inesgotável de inspiração.

furniture crib infant bed indoors
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’OFFICIEL Qual a importância desse mergulho na Casa Lesage? 

HELENA BORDON Sou fã de Chanel há muitos anos. Mas quando você assiste ao desfile, você vê a peça pronta, especialmente na alta-costura. A gente sabe que se trata de um trabalho muito específico, muito artesanal, muito feito à mão. Só que não imagina o quão profundo ele é, como uma bordadeira fica horas e horas preparando essa peça. Por isso, quando recebi o convite, aceitei de imediato. E foi realmente muito especial.

yarn wool tape
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’O Como preparou seu olhar para essa incursão nos bastidores? 

HB Meu objetivo, meu foco era realmente entender o processo de como é feita uma peça de alta-costura que a gente vê no desfile, os bastidores desse trabalho, sabe? Quantas horas leva para ser feita, os tecidos que são escolhidos, o bordado, a cor de cada paetê, como nasce a ideia. Foi muito legal ver todo esse backstage.

embroidery pattern stitch
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’O E então, entendeu a coleção de uma outra maneira? 

HB É, eu fui visitar a Lesage algumas horas depois de ter assistido ao desfile. Foi muito interessante, porque ainda haviam algumas peças lá, alguns trabalhos que acabaram não indo para o desfile ou que eles puderam me mostrar. Assim que cheguei, a primeira coisa que me falaram foi: olha, você está pegando no momento mais calmo, porque as bordadeiras e todos os artesãos estavam há meses trabalhando loucamente. Senti uma sensação de dever cumprido. Conheci desde a pessoa que pega aquela primeira seda e faz o desenho de onde vai ser feito o bordado – inclusive fui convidada para desenhar! Trouxe até para casa: escrevi Helena, esbocei um coração e Chanel. Esse é o primeiro passo, antes do bordado. Foi muito interessante ver todos esses processos. Um deles, que me chamou muita atenção, foi obviamente o dos bordados, porque é um paetê por paetê, um trabalho manual minucioso. Eu não conseguia nem colocar a linha na agulha de tão fininha que era. Fiquei imaginando as artesãs fazendo isso, peça por peça. São milhões de pedras em uma peça, uma jaqueta ou um vestido. O que mais me chamou a atenção foi o tweed. Porque a gente sabe que a jaqueta, o terninho ou o vestido de tweed são peças importantes. Mas você realmente não imagina o que há por trás de cada uma delas. Tem um artefato que vai misturando fio por fio do tweed até ele ter o desenho idealizado. Você imagina quantas horas leva para fazer uma jaqueta ou um terninho ou um vestido ou uma saia? Eu não imaginava. É muito especial. Conhecer os bastidores da alta-costura dá uma outra visão do desfile. Tenho certeza de que terei outro olhar para a próxima passarela, pensando em todas as artesãs, todas as bordadeiras, o trabalho que elas tiveram, a paixão que eu senti, a paixão realmente que elas têm naquele momento em que estão produzindo as peças, o brilho no olho. É muita dedicação e muito foco. Se eu não conseguia nem colocar a linha no buraco da agulha, imagina você ter que alcançar a cor exata… Tudo pensado, milimetricamente pensado, para ter aquela peça perfeita, traduzir o desenho para a vida real. Tudo é mágico!

blackboard
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’O Como amante da moda, como vê o legado Chanel? 

HB A minha relação com a Chanel começou há muitos anos. Eu acho que vem da minha mãe, da minha avó, que são amantes da moda também. Tenho, inclusive, várias peças da Chanel que eu herdei da minha mãe. São peças de roupa eternas, não só atemporais, mas eternas, que têm uma qualidade que não é que na próxima temporada ela já não vai estar boa. Eu estava usando um tailleur, em Paris, que é da minha mãe, de 20 anos atrás. Acho muito incrível como a Chanel tem esse poder de transformar a peça em eterna e passar de geração em geração. Minha mãe tem muito amor pela marca e passou esse amor para mim. Há uma parte que me chamou muita atenção também na Lesage:  visitar a sala onde ficam todos os arquivos. É uma espécie de biblioteca enorme de tecidos catalogados por data. Você consegue puxar aquela caixinha e ver os bordados de uma determinada coleção. E tudo é feito manualmente, demora para uma peça ficar pronta. Realmente o tweed foi o que mais me chamou atenção. Você não pode errar, porque muda toda a estrutura da peça.

Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

“CONHECER OS bastidores DA alta-costura DÁ UMA OUTRA VISÃO DO desfile. TENHO CERTEZA QUE TEREI outro olhar PARA A PRÓXIMA PASSARELA, PENSANDO EM TODAS AS artesãs, TODAS AS bordadeiras, O TRABALHO QUE ELAS TIVERAM.”

architecture building factory manufacturing workshop person wood plywood indoors
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’O O que viu ali que vai levar para a vida pessoal e profissional? 

HB E eu acho que, para uma empresária, para alguém que ame moda, ver esse trabalho manual, especialmente nos dias de hoje, que a gente sabe que tem muita coisa produzida em massa, é um voltar no tempo. Ver esse trabalho tão impecável, tão tão único, é muito especial. Então isso vai para a minha vida sim e até para o meu trabalho. Na minha marca, vou prestar mais atenção aos mínimos detalhes. Já sou superdetalhista, mas eu sei que a gente vai agora prestar mais atenção e dar muito mais valor a tudo o que é feito artesanalmente.

text
Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

L’O Você ama moda desde sempre. Como Chanel participa da construção da sua persona de estilo? 

HB Eu me identifico muito com a marca por ela ser atemporal, mas ao mesmo tempo sempre trazer tendência. Os desfiles são sempre muito inspiradores. Pode ser uma coleção mais minimalista, sem muita coisa no cenário, mas é. Você vai ver que sempre vai ter alguma peça que vai chamar muita atenção e que vai ser o must have da temporada. E tudo isso sem perder a identidade. A Chanel tem essa coisa de você ser você mesma, de ser livre. Dá para se divertir com moda e ao mesmo tempo ter uma peça que é importante e que vai estar no seu armário para o resto da sua vida, que vai passar para os seus filhos.

Savoir-faire: Helena Bordon foi à Casa Lesage, em Paris, para acompanhar o processo de criação e produção dos bordados e tramas de tweed de Chanel - Foto: Thomas Tebet / Chanel.

Tags

Posts recomendados