Tête-à-tête: Kel Ferey revela detalhes exclusivos do seu desfile na casa de criadores
Destaque da última edição da Casa de Criadores, batemos um papo com a estilista Key Ferey que revelou com exclusividade detalhes da sua última coleção. Intitulada ''Falésias", a inspiração desta coleção se deu por meio das problemáticas atuais, ambientais e culturais do presente momento, que estão ocorrendo durante o epicentro da pandemia mundial que vivemos agora.
O governo brasileiro ao deixar de ser centro das mídias e assim pouco visto seus feitos e cobranças dos cidadãos, está se aproveitando atrás das cortinas da pandemia (COVID19), para alterar leis, incisos e clausulas que prejudicam índios e todo o meio ambiente. A fauna e flora com desmatamento, o desflorestamento, a exploração de minérios (Brumadinho), e o genocídio indígena, tal como invasão de tribos isoladas doutrinando assim os nativos, tudo isso gera uma enorme perda de identidade cultural.
Partindo desse problemática, iniciamos um bate-papo e revelamos tudo o que rolou nos bastidores. Confira!
L'Officiel: Pantindo do seu tema, qual é a importância da preservação da Amazônia e as tradições culturais indígenas brasileiras? De que forma isso se reflete na sociedade?
Kel Ferey: A Amazônia é vida, cultura e a biodiversidade é humana. Manter esse bioma de pé é assegurar o equilíbrio do planeta. O território da Amazônia é berçário das nossas origens como seres humanos, é o lar de milhares de espécies e fonte da nossa cultura ancestral indígena. Negar quem somos, de onde viemos e o que fizemos é vergonhoso. O resultado desse tipo de comportamento agressivo e irresponsável são as mortes, guerra, exterminío cultural, desmatamento, extinção da biodiversidade, preconceito e exclusão social.
L'Officiel: Agora falando um pouco mais do seu processo criativo, como ele se desenvolveu depois da escolha do tema?
Ker Ferey: Após a definição do tema iniciei o moodboard com insights dos rituais, costumes e estilo de vida em meio a natureza que foram o ponto de partida no meu processo de criação. Por fim, a escolha da matéria prima ecológica, profissionais e parceiros com a mesma ideologia para que meu trabalho pudesse ser genuíno.
L'Officiel: Com certeza o sucesso desse desfile foi devido a genuidade que seu trabalho traz. Fale um pouco mais sobre essas matérias-prima...
Key Ferey: A escolha dos tecidos foi crucial pois, como citado anteriormente, tinha que fazer sentido no trabalho como um todo: ser de produção ecológica, algodão orgânico, eco-sustentável e sem tingimento. A seleção dos bordados de crochê e das franjas foi feita com bastante crivo, todas as bordadeiras são baianas locais e com alguns costumes pataxós milenares. O tecido é leve, fino e não destrói o meio ambiente. Também tinha como objetivo buscar por matérias primas de origem, natural e cultural, por exemplo: a junta, a palha da Costa, as sementes de pau Brasil de área de manejo.
L'Officiel: Kel, sabemos da suas passagens pelas semanas de moda de Milão e no Fashion Meeting. Qual papel você acredita que seja o seu como mulher afro-indígena na moda?
Kel Ferey: Incentivar as demais mulheres como eu a sonhar, trabalhar e conquistar o que elas quiserem. Eu posso, eu mereço, eu consigo e aqui é o meu lugar!
L'Officiel: Para finalizar, de que forma a marca se posiciona como antiracista no mercado?
Key Ferey: Todos da minha equipe, da costureira aos modelos tem 80% de raízes negras e indígenas. Gosto de deixar bem claro: nosso povo, nosso país é indígena, todos nós temos origens indígenas e negras. Nossa base histórica cultural são os indígenas e negros, eu sou a resistência e persistência de que cor não é defeito e sim orgulho. É sobre empoderamento pois todos somos capazes, cor e gênero definitivamente não influemciam na capacidade!
Assessoria de Imprensa: Saulo Dellano