Larissa Manoela em entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil
Em movimento, Larissa Manoela veste a energia do estilo esportivo e se prepara para o musical A Noviça Rebelde
Larissa Manoela começou a atuar muito pequena. As primeiras recordações dessa fase bem inicial são de estar fazendo algo de que gostava muito, que a deixava feliz. Larissa encarava tudo de forma lúdica, apesar do senso de responsabilidade acompanhá-la desde sempre. “Eu me divertia, mas tinha algo dentro de mim que sabia que não era só uma brincadeira. Mas me recordo que aquilo não tinha um peso. Conforme fui crescendo, fui tomando mais consciência desta realidade e ela foi se tornando uma escolha cada vez mais assertiva de que aquilo seria meu ofício e que ali estaria a minha realização profissional”, conta ela, aos 23 anos. Fato é que não consegue dizer como seria a sua vida se esse começo fosse diferente, nem ousa imaginar outra profissão ou outra trajetória. E ainda foi além: também canta, dubla e é empreendedora.
L’OFFICIEL Ser multifunção é o novo normal para a geração Z? Em que outros ramos tem vontade de atuar?
LARISSA MANOELA Não sei se consigo responder por uma geração inteira. Não sei se essa característica de múltiplos talentos é algo que só pertence a uma geração específica. O que eu acho é que a partir de um determinado período, quebrou-se a ideia de que uma pessoa só poderia ser uma coisa na vida. Antigamente era assim: se você atua, não pode se experimentar como pintora, por exemplo. Se você começa a empreender, precisa adormecer seu lado artístico. Ainda bem que, com o tempo, as pessoas começaram a entender que ninguém deveria colocar a gente em caixas. E isso foi um movimento que permitiu essa libertação de escolhas, de experimentações, de descobertas.
L’O Você também é celebridade desde criança – e em tempos de alta exposição por conta das redes sociais. Como lida com isso? Sente a pressão de ser o tempo todo transparente?
LM Eu cresci diante das câmeras. Já me acostumei com isso. E as manifestações de carinho, afeto e amor superam o lado ruim da exposição – porque sim, ele existe! Eu aprendi a dosar o que dividir e o que manter na minha privacidade. Eu não sinto pressão pela transparência não. Isso é natural para mim. Eu sempre fui muito direta na comunicação com o meu público. Quando tenho novidades (seja no trabalho ou na vida pessoal), eu conto. Quando é para desmentir alguma fake news, também dou as caras. Divido um pouco do meu dia a dia de forma espontânea e intuitiva. Tem dado certo até hoje.
L’O Houve momentos difíceis, o rompimento com seus pais, por exemplo?
LM Sim. A vida de todo mundo passa por momentos de altos e baixos. Ainda não conheci ninguém com uma vida 100% feliz e planejadinha. Isso é incontrolável. O que a gente administra é a forma como vamos atravessar esses momentos. E eu percebi que eu sigo um padrão de comportamento intuitivo quando estou diante de uma situação delicada, que é não deixar o problema crescer ainda mais para evitar um sofrimento ainda maior. Eu tento achar logo uma solução, dentro do possível, para colocar fim no conf lito e evitar ainda mais dor, seja para mim ou para quem está ao meu redor.
L’O Namoros, casamento e maternidade são desafios ainda maiores com uma fanbase dessas?
LM Hoje não mais. Os meus fãs já têm uma linha de comunicação estabelecida comigo e eu me sinto respeitada por eles. É uma troca saudável. Por outro lado, aprendi que as críticas, que os olhares e os dedos que apontam nossos defeitos e deslizes também fazem parte do processo. Não estou romantizando o famigerado cancelamento não. De forma nenhuma! Mas infelizmente não dá para eu mudar isso. Não dá para evitar que os hates venham às minhas redes. A gente não controla o outro. O que dá para fazer é me proteger. O que eu posso e devo fazer é me afastar do julgamento e ataque gratuitos quando eles vêm só para nos desestabilizar. É trabalhar minha autoestima. E cuidar de mim. E evitar o consumo de algo que eu sei que não me pertence.
“Como assim você não está no padrão? Como assim você não vive 100% do tempo imersa em uma dieta cheia de restrições? Como assim você não se exercita de domingo a domingo? Como assim o seu cabelo não está desta cor? Como assim você está com esse peso? Essas vozes nos rodeiam. Elas vêm de dentro e de fora da nossa cabeça."
L’O Falando em maternidade… Você e André estão planejando ter filhos? Circula na internet que você estaria grávida…
LM Esse boato acontece de tempos em tempos e eu imaginei mesmo que isso fosse acontecer depois da notícia do casamento. Mas não, não estou grávida. A maternidade é um desejo que eu tenho, mas não será agora não. Eu ainda tenho muito trabalho pela frente e eu e André queremos curtir a nossa vida de casados, que está tão recente.
L’O Quais são suas bandeiras? Quais temas da atualidade tocam seu coração – aquecimento global, feminismo, autoaceitação?
LM Eu sou muito conectada com a sustentabilidade e acredito que grandes movimentos acontecem a partir de pequenos gestos individuais, do nosso dia a dia. De que adianta encabeçar uma campanha nos meios de comunicação se em casa a gente não cuida do lixo, se desperdiça plástico, papel... Se vai à praia e deixa a areia suja. Se consome a água como se ela nunca fosse acabar. Dar esses exemplos na minha rotina diária diz muito sobre essa questão do meu comprometimento com o tema. Falar sobre saúde é algo que também me representa bastante. Perdi uma avó com câncer de mama e eu lido com endometriose. Sempre que posso, divido um pouco do conhecimento que tenho sobre isso e faço alertas para formas de prevenção e tratamentos. O feminismo também me atravessa de maneira muito potente, afinal volta e meia me vejo sendo colocada em ambiente de rivalidade com outras mulheres – mulheres que eu amo, admiro e que possivelmente considero como amigas. A minha batalha é acabar com qualquer foco de comparação, de competição, como um bombeiro faz em um princípio de incêndio.
L’O Sempre se deu bem com o seu corpo?
LM Claro que não! É pressão de todos os lados: do público, no ambiente profissional, da gente mesma, da mídia... Como assim você não está no padrão? Como assim você não vive 100% do tempo imersa em uma dieta cheia de restrições? Como assim você não se exercita de domingo a domingo? Como assim o seu cabelo não está desta cor? Como assim você está com esse peso? Essas vozes nos rodeiam. Elas vêm de dentro e de fora da nossa cabeça. É preciso se autoconhecer, se autocuidar, se autoproteger. É fácil? Não! É inconstante? Sim! Mas a gente não pode abrir mão da gente. Do amor que a gente sente pela gente mesma. E isso inclui querer mudar algo, querer modificar o corpo. Mas desde que esse desejo não caminhe com o depreciar-se. A gente passa por muitas fases e algumas delas são mais sofridas. Mas quanto mais cedo a gente aprender que a saída começa por essa dobradinha de autoconhecimento e amor-próprio, melhor!
L’O Como cuida da sua saúde mental?
LM Terapia, trabalho e amor. A terapia me liberta porque ela me permite me conhecer. O trabalho é a minha energia vital. Eu sou muito feliz com o que eu faço. E o amor das pessoas que estão ao meu redor – aliás, pessoas e cachorros, claro! – fecham esse tripé do que eu idealizo para uma vida saudável.
L’O Quais seus planos para 2024?
LM Eu já estou prestes a começar a ensaiar um musical, A noviça rebelde, que estreia no Rio de Janeiro nos próximos meses. E tem mais novidades pela frente, mas ainda é cedo para contar.
Fotos THAIS VANDANEZI
Direção criativa CASSIO PRATES E EVE BARBOzA (BELTRAME MGMT)
Direção de moda MARCIO BANFI
Texto Karina Hollo
GUEST: Larissa Manoela,
Styling: Amanda Souza,
BEAUTY ARTIST: Lau Neves (Capa MGT),
ASSISTENTE DE BELE ZA: Bia Nunes,
DIRETOR DE ARTE: Roberth Augusto,
RETOUCH: Bruno Rezende,
PRODUÇÃO DE MODA: Samara Baccar,
ASSISTENTES DE FOTO: Renato Toso e Rodrigo Oliveira,
ASSISTENTE DE IMAGEM: Theo Casadei,
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Anna Guirro e Bárbara Barbosa,
ASSESSORIA: Muniky Sena e Bruno Dias Barbosa,
DIRETOR DE ARTE: Roberth Augusto,
VIDEOMAKER: João Otávio Bandeira,
ASSISTENTE DE VÍDEO: Yasmin Azevedo,
NAIL ARTIST: Soninha,
CAMAREIRA : Val,
MASSOTERAPEUTA: Patty Laquale,
CATERING: MV Buffet