O novo momento da Ellus
Na manhã desta quarta-feira, a L'Officiel foi conferir a nova coleção de Inverno das marcas Ellus, Bobstore e Tommy Hilfiger no showroom da InBrands, com direito a uma apresentação mais que especial. A diretora de branding Adriana Bozon acompanhou o nosso time, contando um pouco sobre as novidades e mudanças que estão acontecendo em cada uma das labels.
Na Ellus, além da comemoração do aniversário de 45 anos, as peças serão vendidas no formato "See now, buy now", durante o desfile que acontece em março no SPFW. Nossa diretora de redação Maria Rita Alonso bateu um papo com Adriana.
A Ellus é uma marca bem cosmopolita, com identidade urbana forte e que tem seu DNA reconhecido em várias peças-desejo. Como vai ser essa comemoração de 45 anos?
A gente está preparando muitas coisas especiais para marcar essa data. Vamos reeditar peças-chave da Ellus, trazer de volta estampas que fizeram sucesso, como o nosso antigo logo. Os coturnos, que são parte importante da nossa identidade, também vão aparecer, tanto em modelos novos quanto os clássicos. E, claro, priorizando o jeans, que sempre foi nosso carro-chefe.
Além da Ellus e da Second Floor, você agora direciona o branding da VR, da Bobstore, da Alexandre Herchcovitch, da Richard e da Salinas. Animada com os novos desafios? Eles são muitos?
A ideia é levar todo o know-how da Ellus, que tem 45 anos de história, para as outras marcas. Esse vai ser o meu papel, o de apoiar as equipes para, ao lado dos diretores criativos, e do Nelson (Alvarenga), definir quais são os produtos carro-chefe, qual o público, o lifestyle, o ambiente que conversa, o visual merchandising e a arquitetura dos pontos de venda. Meu papel vai ser o de um facilitador para ajudar as equipes de cada marca a estruturar tudo isso do melhor jeito.
Qual é a estratégia atual do grupo para encarar a crise econômica e as fracas vendas no varejo?
Nós estamos olhando muito para o produto, otimizando mais as coleções, com menos oferta e mais aprimoramento das peças. Estamos enxugando as coleções para torná-las mais produtivas. Como temos uma rede grande de lojas próprias e franquias (mais de 300), vamos olhar muito para o ponto de venda também, para afinar essa padronização. Esses são os primeiros passos.
Como é feita a busca por matéria-prima hoje? A InBrands usa os mesmos fornecedores para todas as marcas?
Nesse novo momento, a gente está reestruturando a área de Supply, e a ideia também é a de pegar as melhores práticas, os melhores negócios e trazer para o conhecimento de todos. Esse é o nosso desafio este ano.
À medida em que vocês passam a usar os mesmos fornecedores, existe o risco de todas as marcas ficarem meio parecidas?
Por isso a importância de eu, paralelamente, deixar claro o que é cada marca. Para cada marca ter sua personalidade. Estamos refrçando o branding de cada marca, para que a equipe criativa entenda como elas funcionam, de onde vêm cada inspiração, quais são os carros-chefes em temos de produtos e por aí vai. O coração do nosso negócio é esse, preservar o DNA das marcas. Agora é hora de arrumar a casa, olhar para dentro, melhorar o que a gente puder melhorar para estar pronto paro crescimento. A gente já viveu outras crises.
A Ellus cresceu em épocas de crises econômicas fortes, como a do início dos anos 90, não?
Exatamente, por isso temos musculatura, e a memória do que fazer para dar essa volta por cima.
O mercado de moda nacional já está aberto às inovações como, por exemplo, a utilização dos tecidos de cannabis, ou a tecnologia wearable ?
O mercado está, mas a indústria têxtil ainda não. Então, temos o grande desafio de ter que importar esse tipo de matéria-prima diferenciada. No Brasil, a gente tem bons fornecedores de jeans e de malharia, mas de resto, precisamos trazer de fora. Acho que esse modelo de sucesso que acontece lá fora, que tem uma produção local para ter a agilidade de mercado, é algo que o Brasil vai precisar. Porque não dá pra depender do que vem de fora, com esse timing longo. A nossa área têxtil terá que caminhar junto com a evolução do mercado.
Qual é a preocupação do grupo em relação à procedência da matéria-prima e ao consumo consciente?
Nossa preocupação é enorme e tomamos muitas precauções antes de definir nossos fornecedores. Mas ainda estamos caminhando nesse sentido. Se o custo Brasil for mais barato, tudo pode melhorar.