Moda

Patricia Field: conheça a figurinista de Sex and the City

Profissional da imagem assina o guarda-roupa icônico de Carrie Bradshaw e de outras personagens fashionistas

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Patricia Field | Reprodução: Instagram @konstantinosavgerinos

A figurinista Patricia Field pode ser reconhecida até por um público leigo em questões de moda. Com mais de cinco décadas de trabalho nos bastidores de grandes produções da televisão e do cinema, a influência de Field na moda é vasta. Mesmo assim, a profissional da imagem é indiscutivelmente mais conhecida por assinar o figurino de Sex and The City, série da HBO que foi sucesso nos anos da década de 1990 e que mudou a forma como as mulheres se vestiam até então.

Aos 83 anos, Field ganhou um Emmy e possui tantas outras indicações ao longo da carreira, incluindo uma ao Oscar. Os projetos que assinou para a televisão e cinema foram icônicos, assim como sua loja – exclusiva – em Nova York que se tornou uma verdadeira instituição para criativos, celebridades LGBTQIA+ e outros entusiastas da cultura de moda.

 

O início

O mundo do varejo foi o lugar onde Patricia Field começou antes de conquistar os holofotes da moda com trabalhos famosos assinados para televisão e cinema. Depois de concluir os estudos na Universidade de Nova York, Patricia abriu a Pants Pub, sua loja no Washington Place, em Greenwich Village em 1966. Em 1971, a boutique se mudou para um local mais espaçoso na East 8th Street e foi rebatizada com o seu nome - Patricia Field.

 

A loja logo se destacou pelo fato das araras abrigarem um mix eclético de roupas e acessórios. Mais do que um espaço comercial, a boutique se tornou uma espécie de santuário para boêmios, criativos, excêntricos e membros da comunidade LGBTQIA+. Com o tempo, a cultura underground começou a tomar conta do espaço que se tornou parada obrigatória para drag queens e outros habitantes da cena fashion de Nova York comprarem seus looks perfeitos para a noite.

Em 2016, depois de mudar de local por várias vezes, Patricia decide fechar a loja e mudar o foco de sua trajetória. Na época, o encerramento das atividades comerciais teve o propósito de se voltar para os trabalhos no cinema.

 

Profissão Figurinista

Por uma recomendação de Candy Pratts Price, editora de moda famosa dos anos 1980, Field se aventurou no figurino. Em 1987, as filmagens do thriller psicológico Lady Beware (Vitrine do desejo, em português) estavam a todo vapor pela Universal Studios e a diretora Karen Arthur precisava de uma figurinista. Pratts Price sugeriu Field para o trabalho, e, a partir de então, a profissional embarcou para trabalhar com moda no cinema. Em 1995, Patricia Field trabalhou na caracterização de personagens de Miami Rhapsody (Casos e casamentos), comédia romântica estrela pela atriz Sarah Jessica Parker. As duas foram unidas pelo trabalho e também pelo amor às roupas. A partir daquele momento, começava um novo capítulo da história da moda contemporânea.

 

Sex and The City

A indicação de Patricia por Sarah Jessica Parker a Darren Star, criador de Sex and the City, tornou-se um catalisador para a ascensão profissional da figurinista. Field foi responsável pelas roupas peculiares e, por muitas vezes, inovadoras usadas pelas personagens icônicas Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha.

Sex and the City | Getty Images

Nesta época, a moda teve um impacto profundo nas tendências do mundo real, o que fez mudar a forma como as mulheres se vestiam, como a mistura de peças mais elaboradas com as mais simples – o mix que resulta no estilo high-low -, a popularização de bolsas, sapatos e acessórios de marcas de luxo, além da ousadia de um styling que impulsionava a atuação de cada personagem. Algumas peças com curadoria de Field - como o colar com o nome de Carrie e os saltos Manolo Blahnik - se tranformaram em ícones de uma época.

 
 

Relembrando um dos momentos mais marcantes de moda na série, Patricia Field revelou à InStyle como surgiu a icônica saia de tule de Carrie Bradshaw na sequência de abertura do seriado. “Darren Star e eu estávamos tentando decidir o que Carrie deveria usar nos créditos de abertura. Naquela época, encontrei o que hoje é conhecido como o tule em uma pequena cesta de liquidação de showroom", disse Field. "Eu sabia que Sarah Jessica adoraria, especialmente porque ela treinou balé, mas, se você não estiver na moda, é um pouco difícil entender o apelo de um tule. Então, tive que ser convincente. Eu disse a Darren: “Se esse programa for um sucesso e ela usar isso nos créditos, ele nunca, jamais, ficará obsoleto. E funcionou, graças a Deus. Eu adoro esse tule”, explicou a figurinista.

 

Na segunda temporada da série, a participação da moda na atuação dos personagens se tornou intrínseca. Neste contexto, as marcas imploravam para embarcar no sucesso (e na tela!). O olhar atento de Field avistou a bolsa Baguette da Fendi, imaginando como o acessório se tornaria parte do estilo de vida de Carrie. “O design compacto da bolsa era perfeito para uma personagem como Carrie Bradshaw, permitindo-lhe a conveniência de sinalizar táxis ou acender cigarros.” O relacionamento com a Fendi completou 25 anos, quando a marca lançou uma linha colaborativa com Sarah Jessica Parker.

 

O diabo veste Prada

Depois de finalizar as seis temporadas de Sex and the City, Field voltou às telonas com O diabo veste Prada em 2006. A adaptação cinematográfica do romance de Lauren Weisberger mergulhou no universo de uma revista de moda. Meryl Streep assumiu o formidável papel de editora-chefe da publicação, a temida Miranda Priestly que contracena com sua assistente, Andy Schs, vivida pela jovem atriz Anne Hathaway.

O Diabo Veste Prada
Meryl Streep em O diabo veste Prada | Fox

A figurinista abraçou o projeto com entusiasmo. "Com O diabo veste Prada, consegui projetar um arco de moda transformador para Andy. Todos ainda se lembram da transformação que a levou de um suéter azul desalinhado a um fabuloso Chanel da cabeça aos pés", Field disse à InStyle em 2021. O trabalho impecável de Field no filme não apenas consolidou sua reputação na moda e no cinema, mas também a levou à indicação ao Oscar de Melhor Figurino.

 
 

Outros Sucessos

Nos últimos vinte anos de trabalho, Patricia Field cativou uma nova geração de fashionistas através de sua assinatura no figurino das séries Ugly Betty, Younger e, mais recentemente - retomando a parceria com Darren Star -, Emily em Paris, da plataforma Netflix.

 

Quando questionada sobre sua experiência no programa, Field respondeu: “Criar uma expressão simples de alegria por meio da moda é o que eu faço de melhor. Aquela atitude feliz, cômica e desajustada que adotamos com Emily em Paris é algo com o qual as pessoas realmente se conectam".

 

Recentemente, a figurinista renomada retornou, ainda que brevemente, ao universo de The Sex and the City. Devido ao trabalho de Field em Emily em Paris, ela não estava disponível quando ocorreu o início da produção de And Just Like That, série da HBO que recria o universo de Carrie Bradshaw para os dias de hoje. No entanto, quando a atriz Kim Cattrall reprisou seu papel de Samantha Jones no novo seriado, ela trouxe Field para vesti-la para a atuação de sua cena de minutos.

 

O Futuro

A paixão de Field pela moda e pela arte ainda está acesa. O encerramento da sua boutique icónica não foi um fim, mas um começo de novos tempos e empreendimentos. Aproveitando sua capacidade inata de identificar e nutrir talentos únicos, em 2016 ela lançou a ArtFashion. A galeria/loja faz curadoria e exibição de criações artesanais feitas sob encomenda por um conjunto seleto de artistas inovadores.

 

Field também está presente na indústria do entretenimento através de seu trabalho na série Emily em Paris que, recentemente, confirmou o início das filmagens de sua quarta temporada. Além de tudo, a figurinista escreveu um livro sobre sua trajetória. Pat in the City: my life of fashion, style, and breaking all the rules, foi lançado no ano passado e oferece uma visão íntima de sua carreira pioneira que inspira uma nova geração de fashionistas.

 

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