Simbolismo na moda: conheça a nova coleção de Régis Duarte
Uma das mais importantes parcerias a protagonizar a união entre arte e moda aconteceu entre Salvador Dali e Elsa Schiaparelli. A estilista, concorrente mais forte e gráfica de Chanel, criou vestidos belíssimos com figuras de lagostas e gravatas falsas, usando a técnica chamada Trompe-l'oeil, algo como "trapaceando o olho", na mesma época em que cunhou a expressão Rosa Choque.
Ao longo da história da dupla, arte e moda sempre tiveram colaborações importantes. Outro momento foi quando Yves Saint Laurent trouxe as telas de Mondrien para seus vestidos trapézio bem sessentistas. E esse diálogo entre moda e arte inspira e é tema constante nas criações de Régis Duarte. O artista e estilista tem se inspirado nas obras e referências de artistas do Rio Grande do Sul para suas coleções.
No verão de 2012, o designer escolheu Britto Velho e apresentou uma linha de vestidos, kaftans e camisetas com estampas baseadas nas obras do professor, pintor, gravurista e escultor. Agora, novamente olhando para a arte de Britto, Régis cria, deslocando as figuras de realismo mágico do artista para sua moda.
Intitulada “De Olhos Vendados com Microfones”, em uma alusão ao período em que o pintor viveu na França, a coleção traz peças femininas e masculinas, todas feitas em malha. Mas, apesar do título fazer referência ao período em que Britto Velho viveu em Paris, pintando figuras mais escuras, sem olhos, falando em microfones, as roupas, na verdade, trazem obras recentes e de diversos períodos, sendo muitas com o terceiro olho, a visão interior, segundo o pintor.
“Para mim é difícil não tentar interpretar as obras do Britto, fico sempre na busca por significados, mesmo que simbólicos. O pássaro é raro, cítrico e robusto, mas parece não ter asas”, conta o estilista.
Régis vem conquistando também colecionadoras de seus vestidos, todos peças únicas, com uma explosão de cores e texturas que tem tudo a ver com o dna do pintor. O estilista descobriu no Instituto de Moda e Tecnologia de Nova York, onde viveu no final dos anos 1990, durante um curso voltado para a publicidade, que eram as roupas o seu fascínio.
Filho de uma professora de artes que nas horas vagas desenvolvia vestidos exclusivos, em Uruguaiana, Régis cresceu entre linhas e tecidos. Na coleção, rostos se misturam às icônicas e expressivas mãos, e um pássaro e um gato ganham destaque, sendo repetidos em camisetas e vestidos longos, os quais já são objeto de desejo na divulgação online da mostra e no site da marca.
www.regisduarte.com.br
Fotos: Tiago Coelho