Maitê Proença relembra traumas e diz ter perdoado os pais
Maitê Proença relembra a infância marcada por tragédias, fala sobre maternidade, avosidade e como a ayahuasca ajudou nas crises de pânico
Aos 66 anos, Maitê Proença revisita as dores da infância com uma sinceridade rara — e surpreende ao falar em perdão. Em entrevista ao programa Provoca, da TV Cultura, a atriz mergulhou nas memórias de uma adolescência marcada por traumas profundos. Ao ser questionada sobre que nota se daria como filha, respondeu com calma: “Tinha uma personalidade forte, mas era afetuosa. E sabia perdoar”. Foi essa capacidade que, segundo ela, permitiu seguir em frente após viver uma tragédia familiar quase inimaginável.
Aos 12 anos, Maitê perdeu a mãe, assassinada pelo próprio pai. O caso permaneceu em silêncio por muitos anos, até que a artista resolveu quebrar o tabu. “Eles erraram muito — e erros que levaram à morte. Cometeram falhas gravíssimas, e eu os perdoei”, contou. Com a voz embargada, ela revelou o processo longo e doloroso de tentar entender o que não tinha explicação: “Eu precisei perdoar para lidar com tudo que tinha sobrado… Essa mala pesada, eu não carrego mais”.
A fala corajosa de Maitê não se limita ao passado. Na mesma entrevista, ela também falou sobre as transformações que viveu ao longo da vida — especialmente como mãe e, mais recentemente, como avó. “Como avó, sou excelente”, brincou. Mas fez questão de refletir com mais rigor sobre sua jornada como mãe de Maria, filha com Paulo Marinho: “Fui mais severa do que precisava. Fiz o melhor que podia com o que sabia. Hoje faria diferente”.
Num momento mais íntimo, a atriz também compartilhou sua experiência com a ayahuasca — bebida de uso ritualístico que, segundo ela, a ajudou a enfrentar crises de pânico. “A ayahuasca te leva quase à beira da loucura. Você passa pela loucura, porque todas as suas referências vão embora”, disse. O mergulho espiritual fez parte de um processo mais amplo de autoconhecimento e reconstrução emocional.
Com a intensidade de quem viveu grandes amores, tragédias e transformações, Maitê segue sendo uma figura inquieta e profundamente humana. Ao olhar para trás sem esconder as sombras, ela lança luz sobre temas que ainda são tabus: perdão, maternidade imperfeita, traumas familiares e saúde mental. E faz isso com a força de quem já atravessou a tempestade.