"Making the Cut" ganha terceira temporada com tempero brasileiro
Tim Gunn conta em detalhes como a terceira temporada apimentou o mercado de reality shows de moda com participação do brasileiro Rafael Chaouiche
"Making the Cut" teve a estreia de sua terceira temporada muito aguardada pelo público brasileiro. O reality show já é grande sucesso por abordar a realidade com toque de adrenalina em seus desafios contra o tempo e com temas diversos, entretanto essa nova temporada ganhou um tempero brasileiro e como adoramos uma boa competição a torcida por aqui ta mais que garantida para Rafael Chaouiche
Em entrevista exclusiva Tim Gunn, apresentador ícone que divide a tela com Heidi Klum, nos conta sobre sua experiência durante anos como guia de mentes criativas. Rafael Chauicher também nos dá detalhes de sua participação e o que podemos esperar dessa aventura fashion.
O guia da criatividade Tim Gunn
L'Officiel Brasil: Qual a importância dos Reality Shows de moda como "Making the Cut"em tempos de mídias sociais?
Tim Gunn: Considerando que estamos vivendo em uma era de mídias sociais, não existe a possibilidade de haver uma separação entre esses dois mundos e esse é o ponto em ser completamente sem restrições. O mais interessante em "Making the Cut", e o que o torna diferente, é a presença de um time de designers global, assim como o reality poderá ser visto em mais de 240 países diferentes.
L'Officiel: Como é ser mentor de diferentes pessoas com multiplas nacionalidades? Você acredita que a moda tenha uma linguagem própria que facilita essa comunicação criativa?
Tim: Fui professor por 29 anos e sempre tive contato com alunos de todas as partes do mundo, então esse entendimento de culturas é algo que sempre esteve presente em minha carreira. Em "Making the Cut" esse fator é acentuado, afinal os designers carregam suas jornadas, então é sempre um prazer presenciar essa construção enquanto estou observando.
Existe sim uma linguagem dentro da moda, mas acredito que ela faça parte de um mundo maior dentro do Design como um todo, sendo ele na arquitetura, design de produto, interiores... eles estão todos interligados.
L'Officiel: O que você analisa em uma criação "agênero" que a torna única sem ser básica?
Tim: Nessa temporada muitos designers trabalharam a questão do gênero fluido e definitivamente não queriamos nada básico. A troca de modelos era um fator que acentuava essa porposta dentro do reality e um dos designers que sempre tinha essa visão era o brasileiro Rafael Chaouiche, que considero uma jóia criativa, mas não existe um ponto específico para essa proposta então é muito subjetivo e depende muito do que é criado.
O elemento especial Rafael Chaouiche
L'Officiel Brasil: Como foi o processo de inscrição e qual foi a sua reação quando recebeu a notícia que tinha sido selecionado para fazer parte do reality?
Rafael Chaoiche: Me inscrevi para o programa de 2019, seria a segunda temporada do programa. Passei por todo processo de casting e, de repente, começou a pandemia e não pude viajar para a fase presencial. Dois anos se passaram até que tive a oportunidade de me inscrever novamente para a terceira temporada! Depois do vídeo de inscrição aprovado, o processo seletivo ainda durou por volta de três meses até eu ter a confirmação de que realmente iria para o programa. Quando recebi a caixa com a câmera de gravação em casa, me passou um filme de todos esses dois anos de espera, estudo e preparação. Foi uma mistura de sensações e emoções!
L'Off: Além dos desafios de criação, quais foram os momentos mais difíceis dentro do reality para você?
Rafael: Para mim o mais difícil, além do idioma, foi a situação de saúde da minha mãe durante todo o processo. Ela faleceu de câncer há três meses e na época que viajei para as gravações ela estava hospitalizada. Minha mãe sempre foi minha maior apoiadora e saber que ela estava no hospital enquanto eu estava nas gravações foi realmente desafiador para mim, não só como profissional mas também como pessoa e filho.
L'Off: Qual foi a situação mais emocionante que ficará para sempre gravada em sua memória dessa experiência?
Rafael: Ter sido o primeiro participante a ser chamado pela Heidi para conversar com o júri logo após nosso desfile na Rodeo Drive. Foi muito emocionante sentar pela primeira vez diante do Jeremy, da Nicole e da Heidi. Éramos dez participantes e eu fui o primeiro a ser entrevistado por eles. Confesso que foi uma emoção e tanto, junto com a minha insegurança no inglês. E mais emocionante ainda foi o quanto eles gostaram e elogiaram os looks do nosso primeiro desafio.
L'Off: Não sabemos se ganhou ainda, mas como investiria o 1 milhão de dólares do prêmio?
Rafael: Minha marca completou seis anos e nosso problema hoje em dia é não conseguir atender a demanda de pedidos que temos, desde antes da participação no programa. Acredito que, se ganhar, poderei ampliar com qualidade a minha capacidade de produção e entrega. Ter dinheiro para investir em mais fornecedores e equipe realmente seria incrível.
L'Off: Houve alguma diferença cultural que foi um bônus ou que possa ter dificultado a sua participação no reality? Ou você acredita que a linguagem da moda é universal?
Rafael: Sim! Acho que ser brasileiro foi como um bônus. Toda vez que eu falava que era do Brasil as pessoas me abriam um sorriso gigante e falavam que amam o país e a cultura e isso me deixava muito feliz e animado. Ter sido o primeiro brasileiro em uma competição de moda americana realmente foi como furar uma bolha e mostrar para o mundo que no Brasil temos moda, sim!
L'Off: Qual foi o conselho do Tim que você vai levar para a sua vida e por quê?
Rafael: O momento que ele me disse: “Rafael, don’t overthink!”. A cada desafio eu tinha ideias diferentes e o mais difícil de tudo isso era que só podíamos apresentar dois looks. Ou seja, dentro de uma infinidade de opções que eu poderia criar, tinha sempre que escolher e confiar em duas sem chance de errar. Às vezes, até eu decidir o que iria fazer eu sofria comigo mesmo e mudava de ideia várias vezes. E quando o Tim aparecia no workroom era sempre para nos dar uma luz ou uma palavra amiga, não só para mim, mas para todos os participantes. O Tim era como nosso pai que vem para aconselhar os filhos antes de uma decisão importante!