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Samantha Schmütz desvenda sua versão ‘cantora’ com exclusividade

Samantha Schmütz desvenda sua nova versão artística nos Estados Unidos e relembra amizade com Paulo Gustavo para a L'Officiel Brasil

Samantha Schmütz
Samantha Schmütz

Samantha Schmütz é um verdadeiro ícone da comédia na televisão e cinema brasileiro, e agora, a estrela vive uma nova, e eletrizante fase: a de cantora nos Estados Unidos! Vivendo em Las Vegas, Samantha refaz o seu caminho rumo ao estrelato para além da comédia e se consagra nos palcos ao lado de grandes artistas como Arthur Verocai, Adrian Younge e Pedro Diniz. 

Em entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil, Samantha volta no tempo para falar sobre o seu início de carreira, desvenda “a fórmula perfeita” para o sucesso do programa ‘Vai Que Cola’ – que lançou sua nova temporada na última segunda-feira (23) – e relembra com carinho sua amizade icônica com o eterno Paulo Gustavo! E não para por aí, ela ainda aproveita para falar sobre moda, estilo, beleza e muito mais. Confira a seguir:

Samantha Schmütz
Foto: Carolina Vianna

Samantha, você tem 25 anos de carreira e coleciona sucessos, prêmios e projetos incríveis. A que atribui o seu crescimento e destaque na televisão e no cinema brasileiro? Sente que existe uma característica da sua ou um momento da sua jornada que foi crucial para uma “virada de chave”?

Acho que a minha virada de chave é diária e fazer tudo dando o meu melhor. Sou apaixonada pelo palco, viciada em atuar. Estou no palco como atriz há 25 anos, mas minha primeira apresentação profissional foi com um grupo de dança aos cinco anos no Sesc, em Niterói. Aos nove anos, fiz meu primeiro teste para TV. Coincidência ou não, com o Maurício Sherman que, 19 anos depois, me viu no teatro fazendo Juninho Play e me levou para TV. Então, na vida, pra mim, virar a chave é se preparar e ir à luta buscar ou criar oportunidades diariamente. Eu tenho a privilégio de ter o apoio dos meus pais e da minha família para poder estudar o que amo fazer.

 

Formado em Artes Cênicas desde 1999, você estreou como o icônico “Juninho Play” no Zorra Total em 2007. Quais as suas melhores lembranças daquela época e como a experiência te ajudou a seguir o caminho da comédia?

Acho que o mais legal de fazer TV é o alcance que seu trabalho passa a ter e também o fato da oportunidade de conhecer e trabalhar com seus ídolos e descobrir que alguns deles também são seus fãs, isso é muito gratificante. A comédia sempre foi uma coisa natural na minha casa. Meu pai e meu avô eram comediantes natos, só não ganhavam dinheiro com isso (risos), mas sempre estavam olhando o mundo através do humor. Acho que permanece na comédia porque quanto mais as pessoas gostam mais você vai ficar. Acho que é uma retroalimentação contínua, então você vai ficar ali porque está dando certo, mas também é perigoso pois pode te limitar como artista. Temos que tomar cuidado para não ficar nas prateleiras que nos colocam para não ficar para sempre acomodadas nela. 

 

Falando em comédia, de 2007 pra cá, você sente que o “modo de fazer comédia” mudou? Fazer as pessoas rirem ainda acontece da mesma forma que há 17 anos?

Eu acho que a essência do humor é a mesma, tem coisas que são clássicas, um exemplo disso é a gente ainda rindo assistindo filme de Charlie Chaplin. Acho que o que muda com o tempo são alguns assuntos, principalmente se o humor para em cima do texto, mas eu gosto de usar o humor que as pessoas entendem mesmo sem a palavra. O humor está em muitas coisas, no olhar, na entonação, no gesto, mais do que somente no verbal. Acho que estamos repensando e chegamos à conclusão de que certas coisas podem ser mais afiadas e grosseiras, porém vai do bom senso de cada um. Eu acho que há uma grande diferença também entre o politicamente incorreto e a piada que é criminosa, racista, esse equilíbrio é que precisa ser entendido e encontrado.

 

O programa “Vai Que Cola” teve sua décima primeira temporada gravada agora, em 2024. Como um dos programas de comédia mais longevos da televisão brasileira, qual você diria que foi a fórmula do sucesso para a produção?

Não acho que tenha “a” fórmula, é uma somatória de fatores, um grande momento na frente e atrás das câmeras, além da vontade e desejo dos artistas somados ao público. A gente queria fazer o que o público necessitava consciente ou deliberadamente. Cada um fazendo bem o seu papel, isso coloca a máquina para girar, não é matemática, mas é preciso. Todos fizeram bem feito o que tinha que ser feito, rolou alinhamento e sincronicidade em todos os aspectos!

 

Paulo Gustavo também foi um ícone da comédia brasileira e esteve ao seu lado em diferentes produções, como o “Vai Que Cola”. Como acontecia essa parceria dentro e fora das telas? A despedida de Paulo Gustavo em 2021 foi uma perda imensurável para todos nós. Existe algum momento marcante que gostaria de reviver ao lado dele hoje?

Olha… a perda do Paulo foi um choque, uma coisa muito inesperada, uma tragédia na nossa vida... eu e ele temos muitas histórias juntos, reviveria todos os momentos com ele. Nós éramos imbatíveis juntos, afiávamos o nosso humor um no outro, e ficamos muito refinados porque éramos muito parecidos no ponto de vista de achar onde estava a graça das coisas. Ficamos tão refinados, que por vezes olhamos para nos cortar.

 

Morando em Los Angeles, você está com uma carreira musical todo o vapor! Você foi apresentado recentemente nos EUA com o maestro brasileiro Arthur Verocai e agora foi convidado por Adrian Younge, do Jazz is Dead para um álbum internacional. Além disso, também está formando uma banda com o Pedro Diniz, do Mundo Livre S/A, para fazer shows em LA com a vibe de “uma noite brasileira”! Como tem sido a experiência? 

O fato de não ser conhecido nos Estados Unidos está me dando a chance de começar de novo e isso tem um lado super positivo, pois não estou em prateleira nenhuma. Então, quando apresentei meu trabalho de cantora para o Adrian Younge ele me conseguiu ouvir com nitidez sem nenhum ruído de imagem que me associasse à comédia. Ele realmente viu a minha musicalidade no primeiro plano e me sugeriu para a turnê do Verocai que o Jazz is Dead (projeto dele e do Ali em Los Angeles, que leva músicos do mundo inteiro para se apresentar pelos EUA) estava produzindo. O Verocai, por já conhecer meu trabalho, organizou e organizou essa turnê incrível por cinco cidades, cantamos em lugares icônicos como o Lincoln Center em NY, começou com o pé direito a minha carreira de cantora internacional. A turnê foi tão incrível que o Adrian me chamou para fazer um álbum com ele de músicas inéditas em português e inglês. A gravação contou com uma orquestra de 30 músicos e foi tudo registrado de maneira analógica, como se fazia antigamente. Além disso, queremos levar essa sonoridade brazuca através desse projeto que eu e o Pedro estamos à frente. Também será uma parceria com o Jazz is Dead para levarmos uma noite de música brasileira para os amantes do vinil tocando clássicos do Brasil. A turnê com o Verocai nos Estados Unidos foi no ano passado, e este ano cantarei com ele no Coala Festival ao lado de Carlos Dafé e Mano Brown. 

Samantha Schmütz
Foto: Chiacos

Sendo uma brasileira que vive em Los Angeles, você costuma misturar referências e estilos em suas produções de moda? Quais peças não podem faltar em seu guarda-roupa? Você é do time das tendências ou prefere aderir a uma moda consciente e ligada à sua verdadeira essência?

As pessoas na Califórnia tem uma maneira muito livre de se vestir, existem tribos, mas também existe uma maneira muito criativa e pessoal. Eu tenho um stylist que está comigo há mais de 10 anos e que também mora nos EUA, o Higor Vaz Alexandre. Nos encontramos de tempos em tempos para montar looks com coisas que já tenho e também para adquirir novas peças que nos mantêm ligados às coisas que estão conversando com o momento do mundo e, claro, com o que eu estou querendo dizer através da roupa naquele momento. A gente se escuta muito e também sou super aberta para ouvir as opiniões dele e ousar em coisas que eu talvez não compraria para usar se dependesse só de mim. O olhar ele me ajuda muito. Uma das coisas que mais amo de lá é que ninguém se espanta com mulher sem sutiã com o bico marcando! “Free the nipple” é uma peça que não pode faltar no meu guarda-roupa. Corset também! Sou do time das tendências, desde que estejam ligadas à moda consciente e à minha essência, ou seja, um mix dessas três coisas. 

 

Como cantora, você com certeza segue uma rotina de cuidados com a sua voz. Mas e quando o assunto é pele, você também é adepto de um bom skincare? Conte pra gente como você se cuida para manter uma aparência tão jovem!

Cuido da voz com aulas de canto. Atualmente, faço aulas presenciais e online com o coach do The Weeknd e da Karol G. Meu treino é como se fosse uma musculação mesmo, só que vocal. Da pele, cuido também, obrigada pela “aparência tão jovem”... Não sou louca por máquinas e lasers, mas faço uso diário de vitamina C e filtro solar. Uma vez por ano faço cool laser com o Dr. Simon Ourian, o queridinho das Kardashians, e, quando estou aqui no Brasil, faço botox com Thales Bretas.

 

Você é casado desde 2012 com Michael Cannet, e já foi casado que não deseja ser mãe. Como chegou a esta decisão? O que você seguiu o caminho oposto à maternidade?

Eu acho muita responsabilidade para meus filhos, sou uma pessoa que pensa demais. Eu não teria paz de espírito, só pensaria no filho, seria muito preocupado, então, por mim conhecer e também por ser workaholic optei pela paz e pelo trabalho. Mas, graças a Deus, minha irmã me deu uma sobrinha, sinto um amor gigante, mas sem ter a responsabilidade do dia a dia. Ficar pra titia foi a melhor decisão, sem dúvidas. Não entendo por associar “ficar pra titia” como uma coisa ruim... bora ressignificar essa expressão.

 

Samantha Schmütz
Foto: Carolina Vianna

Seu lado fã aflora ao lado de artistas como Lauryn Hill. Em suas redes sociais, você aparece um momento tiete com o artista e nós queremos saber: quem são as suas principais inspirações na comédia e na música?

Sou apaixonado por pessoas talentosa... conhecer a Lauryn Hill pessoalmente foi um sonho! Esse foi o terceiro show dela que assiste, ela sem dúvida é uma grande referência para mim, pois ela canta muito, fala de problemas e questões sociais em suas músicas e tem uma musicalidade e uma raiva na hora de cantar que me deixa extasiada. Sem dúvidas ela está no topo da lista dos meus ídolos na música, mas tem a rainha Elis, que também é referência pra mim, além da Amy, que canta seus amores e desilusões. E, claro... eu amo quem junta sua arte com protesto, então também colocaria nessa lista a Nina Simone, Bob Marley, Nação Zumbi, Mundo Livre, Criolo e Racionais. Na comédia, meus ídolos são muitos também: Chaplin, Jerry Lewis, Jim Carrey, Eddie Murphy, Lucille Ball, Fernanda Torres, Louise Cardoso, Pedro Cardoso, basicamente toda a turma do TV Pirata.

 

Uma característica sua que apenas os íntimos podem notar:

Eu sou aquela amiga que você pode contar de olhos fechados, se você precisar de mim, eu estarei lá para o que der e vier. 

 

Você é do horário que é super ativado pela manhã ou ligado no 220v à noite?

Sou de fases… se eu estiver em cartaz fazendo teatro ou show fico mais ativo à noite e acordo mais tarde, mas nunca depois das 10h. Mas, se eu não estiver em cartaz, sou daquelas que pode levantar junto com o sol para dar uma corrida, nadar ou pedalar. Cada vez gosto mais de aproveitar o dia! 

  

Um projeto que você quer tirar do papel o mais breve possível:

E quero focar na minha carreira musical. Estou trabalhando na construção de um projeto junto com a banda Funk Como Le Gusta chamada Baile Dolce Bagana, que será um show com releituras de reggae, meu estilo musical favorito. Quero homenagear nomes icônicos do reggae e apresentar canções de artistas que eu amo, como Bob Marley, Erykah Badu, Steel Pulse, Gilberto Gil, além de composições de artistas mais recentes, como Protojoe, YG Marley e Hollie Cookie.

Samantha Schmütz
Foto: Carolina Vianna

PING PONG

O que não pode faltar em sua geladeira?

Ovo

 

Uma saudade e um medo:

Saudade do meu pai medo de perder as pessoas que amo

 

É melhor ser perfeito e atrasado ou bom e pontual?

Bom e pontual

 

Qual filme merece uma sequência?

Tô Ryca 3

 

Um personagem para ressuscitar no cinema ou televisão:

Sally Bowles, personagem de Liza Minnelli em Cabaret, e Juliana, personagem de Marília Pera em “O Primo Basílio”

 

Uma música que hoje, não sai de sua cabeça:

“Minha Terra Tem Palmeiras”, de Arthur Verocai 

 

Se você pudesse transformar qualquer atividade num esporte olímpico, em qual você teria chance de medalha?

Canto

 

3 palavras para definir a si mesma:

Apaixonada, persistente e justa

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