San Régis: um hotel que mistura referências clássicas e modernas
Requinte parisiense! O San Régis é um hotel-butique que mistura referências clássicas e modernas, se estendendo à gastronomia e aos detalhes
Ocupando uma mansão do século 19, o San Régis é um hotel-butique que mistura referências clássicas e modernas. Seu requinte parisiense se estende à gastronomia e aos detalhes. Confira!
A história é famosa. A editora de moda americana Carmel Snow viu a coleção de estreia de Christian Dior e descreveu a linha Corolle, mais especificamente o tailleur Bar, como um new look. A expressão pegou, e Carmel ganhou destaque na história da moda. O que poucos sabem é que a exclamação da jornalista aconteceu em seu quarto no San Régis, no dia 12 de fevereiro de 1947. Habituée do hotel aconchegante que fica a poucos passos das Avenues Champs-Elysées, George V e Montaigne, no mítico Triângulo de Ouro da alta-costura, a jornalista recebia em seu quarto muitos buquês de flores e champanhe acompanhando os convites para todos os desfiles da temporada. Influente, era ela que, na época, construía e destruía a reputação de grandes estilistas.
Outros ilustres clientes e figuras da sociedade e da moda frequentaram e continuam indo ao San Régis, como hóspedes ou visitando seu espaço gourmet. Durante as semanas de moda, o hotel é disputadíssimo em função de sua localização: em uma rua tranquila e, mesmo assim, perto de todo o burburinho fashionista. Sua história também é glamourosa. Em 1857, monsieur Edmond Petit iniciou a construção do edifício como sua residência privada. Naquela época, a Avenue des Champs-Elysées já havia se tornado um local badalado entre os membros da alta sociedade parisiense. Em 1923, Simon André Terrail, proprietário do famoso restaurante La Tour d’Argent e do palaciano hotel George V, adquiriu a elegante residência, planejando transformá-la em um hotel de luxo que seria o centro da moda, do entretenimento e do mundo dos negócios. E, assim, o San Régis passou a receber turistas ingleses apaixonados por Paris.
Na década de 1950, monsieur Terrail vendeu o George V, e grande parte de seu requintado mobiliário antigo foi transferido para o San Régis. Os suntuosos móveis tornaram-se uma das grandes atrações do hotel- butique. O ambiente de casa de família que o local exibe hoje faz parte da visão de Elie Georges, seu segundo proprietário, desde 1984, que nutre atração especial por arquitetura, objetos, móveis e charme do hotel, bem como pela alma do lugar. No ano seguinte, preocupado em respeitar o espírito original, ele convidou o designer de interiores Pierre-Yves Rochon para o restauro e a modernização do prédio e acomodações, mantendo a elegante fachada neoclássica.
Amante da arte, o próprio Georges selecionou as obras de arte e os objetos do hotel, restaurou os móveis antigos e adquiriu novas pinturas, esculturas e porcelanas. Elie Georges então chamou seus dois irmãos, Maurice e Joseph, e formaram a sólida e enérgica equipe familiar que administrava o hotel recém-renovado. Juntos, eles transformaram o San Régis num hotel cinco estrelas, repleto de elegância e charme discreto. Os três irmãos administraram o hotel por 35 anos antes de entregar o patrimônio às filhas de Georges, Sarah e Zeina. Ambas trocaram a carreira no setor de beleza e joias para dar continuidade ao sonho do pai em 2017. Elas trouxeram a arte de cultivar excelência e atenção aos detalhes. O San Régis também deve esse espírito de família à lealdade e gentileza de seus funcionários.
O hotel costuma receber clientes que ficam hospedados durante várias semanas ou vários meses. Uma atmosfera tipicamente parisiense adorna os 30 quartos e as 12 suítes, todos eles exclusivos, cada um com ambientação própria. Todos os tecidos e os papéis de parede vieram das principais casas de design: Pierre Frey, Manuel Canovas, Braquenié, Hermès, Brunschwig, Sahco, Baker, Colefax, Lelievre e Edmond Petit. Móveis de época preenchem os quartos (Luís XV, Luís XVI, Império, Chippendale, rainha Ann). Nos sexto e sétimo andares, quatro suítes com terraços têm vista para a Place François Premier e para a Torre Eiffel.
As áreas comuns do hotel também são repletas de encantos. Inspirado no japonismo que entrou na moda na segunda metade do século 19, o restaurante Les Confidences, por exemplo, combina cores contrastantes de mesas pretas brilhantes com o suave verde-mar dos tecidos de seda ou o verde mais exuberante encontrado nas paredes de plantas vivas e jardins trompe-l’oeil. À frente da cozinha desde 2022, a chef Michele Fanciullo, que já trabalhou ao lado do chef David Bizet, com estrela Michelin, no Hotel Georges V, elaborou um menu requintado, eclético, que muda a cada estação. O espaço é perfeito tanto para almoços de negócios como para jantares íntimos, refeições ligeiras antes do teatro, bebidas e aperitivos longe da agitação.
Já a chef pâtissière Jessica Préalpato comanda o snacktime, o momento chá da tarde que enche o salão do San Régis. Em 2020, aos 34 anos, Jessica ganhou o título de melhor chef pâtissière do mundo ao revolucionar as receitas de doces. Ela também ficou por anos à frente da confeitaria do Plaza Athenée ao lado do chef Alain Ducasse.