Jacquemus lança primeira coleção de design de interiores
Jacquemus, do estilista ao designer,lança primeira coleção de design de interiores em colaboração com a Exteta e em homenagem à arquiteta italiana Gae Aulenti
Simon Porte Jacquemus lança sua primeira coleção de design de interiores em colaboração com a Exteta e em homenagem à arquiteta italiana Gae Aulenti. Uma retrospectiva das paixões, raízes e talento visionário do criador. Confira!
Em 14 anos, Simon Porte Jacquemus revolucionou a moda francesa abrindo-a para todos. E “todos” não é uma palavra escolhida por acaso, já que ele a abriu para os jovens por meio de seu estilo, preços e loja pop-up temporária Jacquemus 24/24, e também para as mulheres mais velhas – sua avó é a fã número um. Ele a tornou inclusiva – lembrem-se de sua campanha publicitária Amor contra a Homofobia. E ele a tornou solar. Um golpe de mestre em um universo frequentemente frio para ele que nunca deixa de dedicar às suas raízes suas coleções poéticas que defendem a liberdade, como sua ídola, Isabelle Adjani, no filme Verão assassino. Quaisquer que sejam suas coleções, La Grande-Motte, de 2013, Le Papier, exibida em um campo de lavanda em Camargue, ou Le Raphia, de 2022, todas são inspiradas nela.
UM ESCRITÓRIO QUE TEM MUITO A DIZER. Ainda nos lembramos da primeira vez em que o costureiro Simon Porte Jacquemus apresentou o interior de seus novos escritórios no 8º arrondissement de Paris no Instagram em 2021. Uma paleta de beges em linhas puras e detalhes orgânicos jogando com os volumes apresentava majestosamente sua coleção de design. Assim descobrimos, peça após peça, o canapé Mississipi de Pierre Paulin (que previu o surgimento do design colecionável), o canapé Camaleonda de Mario Bellini (que contribuiu para a promoção do design industrial no pós-guerra e criou o primeiro computador pessoal da história em 1965 para a Olivetti, batizado de calculadora Divisumma 18/28.), os alto-falantes redondos de madeira e gesso da Elipson (mais antiga marca do gênero, fundada em 1938), o sistema hi-fi Beosystem 5500, as pastas dos Irmãos Bouroullec (design francês tanto estético quanto técnico), a cadeira Howard Meister (grande nome americano), a escrivaninha Prima Duna por Alessandro Mendini (que utilizou a cor para revitalizar os objetos do cotidiano) ou ainda estátuas em madeira do artista Jean Touret (famoso por suas obras litúrgicas). Mais que um escritório ou um showroom, o espaço foi concebido como uma galeria de arte a ser apreciada, com peças que contam uma história e essa história é a do próprio estilista. Pois, além de ser fashion designer, esse esteta ardoroso acaba de criar sua primeira coleção de design.
HOMENAGEM A GAE AULENTI. Entre as raras vozes femininas que conseguiram se fazer ouvir no cenário da arquitetura do século 20, está a vanguardista Gae Aulenti, uma teórica da arquitetura do pós-guerra que aderiu às ideias da Neoliberdade, movimento italiano que pregava uma retomada da ornamentação e da expressividade estilística pessoal. Devemos a ela particularmente a transformação da antiga estação d’Orsay em museu dedicado à arte do século 19, mas igualmente a famosa luminária Pipistrello (“morcego”, em italiano) concebida em 1965 e que adorna os mais belos apartamentos de todo o mundo, a mesinha de centro em mármore Jumbo Table editada pela Knoll ou a mesa sobre rodas no estilo de um carrinho industrial, batizada de Tavolo con Ruoto. Mas, sobretudo, sua obra é marcada pela criação da Pinacoteca em Turim, que evoca sua amizade com o casal mais elegante da Itália, Gianni e Marella Agnelli (grupo automobilístico Fiat), cujos magníficos interiores ornam com os mais prestigiosos livros das mesinhas de centro.
“Coleciono AS CADEIRAS vintage DE Gae Aulenti HÁ MUITOS ANOS, DESDE QUE AS VI no FILME A PISCINA DE Jacques Deray. QUIS ACRESCENTAR UM TOQUE Jacquemus À CADEIRA, COM UM tecido amarelo LISTRADO INSPIRADO NOS COLCHONETES e guarda-sóis DE PRAIA DOS ANOS 1980.”
Para eles, o arquiteto projetou a casa do bairro de Brera em Milão, bem como a transformação do Palazzo Grassi em Veneza em um centro de exposições internacional, antes de ser comprada por monsieur François Pinault em 2005, que, por sua vez, a transformou em fundação de arte contemporânea. Não surpreende, portanto, nem que Jacquemus tenha desejado homenagear a talentosa Gae Aulenti com sua coleção Objetos, nem sua colaboração com o site de comércio eletrônico de móveis de luxo Exteta.
HISTÓRIA DE UMA COLABORAÇÃO. Para esta primeira coleção, o estilista foi até o Rio de Janeiro, na Casa das Canoas, concebida por Oscar Niemeyer, onde encenou suas reedições da icônica coleção Locus Solus, desenhada por Gae Aulenti em 1964, em colaboração com a Exteta: a poltrona Sgarsul, uma espreguiçadeira com mais de 2 metros de comprimento e uma cadeira em tubo de metal branca, ambas cobertas com uma tela listrada amarela, branca e azul-marinho. Como ele mesmo explica: “Esta colaboração com a Exteta aconteceu de forma natural e espontânea. Sempre sonhei em desenvolver uma linha de móveis… Sou um grande fã de cadeiras de grife e coleciono as cadeiras vintage de Gae Aulenti há muitos anos, desde que as vi no filme A piscina, de Jacques Deray. Quis acrescentar um toque Jacquemus à cadeira, com um tecido amarelo listrado inspirado nos colchonetes e guarda-sóis de praia dos anos 1980.”, disse o designer em um comunicado. Este mobiliário para área externa foi o primeiro do gênero da arquiteta italiana.
Além desses três modelos, Simon Porte Jacquemus imaginou uma coleção de objetos composta por uma pequena tigela de cerâmica, uma bandeja com alças duplas, um pregador de roupas, um prato, um chaveiro, um pequeno vaso, uma cesta, ou mesmo uma bandeja de morangos em forma de bolsa, bem como fivelas de cabelo em formato de folha de louro ou de flor, só para citar alguns. Tão coloridos como amarelo-limão, terra, da cor do morango ou do céu azul. Esta parte é embelezada por uma seleção de imagens originais do fotógrafo Lucien Clergue (nativo de Arles, amigo de Picasso e famoso por seus nus em preto e branco, que fundaram o primeiro dos Encontros com a fotografia de Arles) e por livros vintage raros, selecionados por Simon para homenagear seus artistas favoritos, tais como David Hockney, Tarsila do Amaral, René Burri, Luis Barragán, Claude Nori, Pablo Picasso… O designer declara as numerosas influências que permeiam sua marca que, aqui, celebram a coleção Le Raphia sob o prisma do design de interiores, da decoração e da arte. Jacquemus, este visionário, tem, definitivamente, o talento no sangue.
CENÁRIO FOTOGRAFADO POR THEO DE GUELTZL