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Fermentação da beleza - Entenda a nova tendência cosmética

Fermentados nos cosméticos ganham cada vez mais espaço, oferecendo maior poder de penetração, alta concentração de antioxidantes nos cuidados com a pele

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Foto: Instagram @breadfaceblog

A fermentação em si não é novidade. Esse é um processo utilizado há milênios na alimentação, principalmente nos países asiáticos, com alimentos fermentados como a kombucha sendo comprovadamente grandes aliados da manutenção da saúde do organismo, principalmente da microbiota intestinal. Mas, agora, esse conceito tem ganhado o mundo da beleza, com grandes marcas de cosméticos passando a investir mais em produtos formulados com ingredientes fermentados para promover uma melhora significativa do microbioma da pele.

“A fermentação é um processo metabólico no qual os ingredientes, geralmente plantas e óleos no caso dos cosméticos, são processados por microrganismos, como enzimas, bactérias e fungos, sendo quebrados em compostos menores e, muitas vezes, mais poderosos, adquirindo, inclusive, benefícios adicionais”, explica a Dra. Patrícia Mafra, Dermatologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

 

Devido a fatores como estresse, excesso de higiene e o uso de máscaras, vimos, durante a pandemia, um surto de peles sensibilizadas e irritadas. Com isso, os hábitos de skincare mudaram, deixando um pouco de lado a questão estética para focar ainda mais na saúde da pele, principalmente no que diz respeito ao microbioma cutâneo. “O microbioma cutâneo consiste em um conjunto de microrganismos que vivem em nossa pele, sendo assim parte integrante da saúde e beleza do tecido cutâneo”, diz a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Semeado no nascimento e único como uma impressão digital, o microbioma da pele está em comunicação constante com seu ambiente e nossa pele.

 

Por onde começar?

 

Muitos ingredientes comumente utilizados na rotina skincare já são provenientes da fermentação. E, com o crescimento dessa nova tendência, esperamos ver cada vez mais marcas investindo no uso desses ingredientes em seus produtos, além de pesquisas para descobrir novos compostos fermentados.

Algumas das fermentações já são queridinhos entre os ávidos por skincare, “Os alfa-hidroxiácidos, bastante conhecidos por seu alto poder de renovação da pele, são grandes exemplos de ingredientes fermentados. Os ácidos glicólico, mandélico e láctico, por exemplo, são obtidos a partir da fermentação do açúcar, das amêndoas e do leite, respectivamente”, explica a Dra Patrícia Mafra.

 

E o melhor é que basicamente qualquer pessoa pode se beneficiar do uso dos cosméticos fermentados. Mas, assim como qualquer outro ingrediente, os ativos fermentados devem ser escolhidos de acordo com as necessidades de sua pele e os cuidados na escolha devem ser redobrados no caso dos ácidos. Por isso, antes de entrar nessa tendência, o melhor é consultar um dermatologista para receber a orientação adequada.

Quais as maneiras de cuidar do microbioma?

Vale ressaltar, no entanto, que, apesar de extremamente benéfico, apenas o uso dos cosméticos fermentados não é suficiente para manter o microbioma cutâneo saudável, sendo importante adotar outros cuidados. “É importante, por exemplo, sempre optar por tomar banhos frios ou, no máximo, mornos, pois a água quente remove a barreira de proteção e as bactérias benéficas da pele, tornando-a mais propensa a agressores externos e agentes patógenos”, aconselha a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Outro cuidado é com relação ao uso excessivo de sabonetes agressivos.

 

Por fim, é indispensável também investir em uma alimentação balanceada, que, além de contribuir para a saúde da pele e a manutenção do microbioma cutâneo, ainda ajuda no equilíbrio da microbiota intestinal, que, por ter impacto direto na inflamação e na modulação da imunidade, também está relacionada à saúde da pele.

Por isso, também aposte no consumo oral de probióticos, que podem ser encontrados em alimentos fermentados, como kombucha e missô, e alguns queijos e iogurtes. “Vale a pena investir também nos prebióticos, componentes naturais presentes em alimentos como aveia, alho, cebola, frutas vermelhas e banana que, ao chegarem no intestino, promovem o crescimento de bactérias benéficas, ou seja, de probióticos”, recomenda a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. “Em contrapartida, guloseimas, alimentos fritos em imersão e ultraprocessados, ricos em sal, açúcar refinado, gordura saturada e trans devem ser evitados, pois favorecem a proliferação de bactérias prejudiciais que causam inflamação e reduzem a imunidade”, finaliza.

 
Foto: Instagram @laylamonteiro

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