Cultura

Anthony Vaccarello inova a Saint Laurent em projeto cinematográfico

À frente da direção criativa da Saint Laurent há oito anos, Anthony Vaccarello inova ao criar um projeto que dá vazão à sua outra paixão: o cinema

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Cena de Parthenope, ambientado em Nápoles - Foto: Saint Laurent Productions / Divulgação.

À frente da direção criativa da Saint Laurent há oito anos, Anthony Vaccarello inova ao criar um projeto que dá vazão à sua outra paixão: o cinema. Confira os detalhes!

Era 1966 quando Yves Saint Laurent abraçou a vanguarda abrindo a butique Rive Gauche, na margem esquerda do Rio Sena. Nascia o ready-to-wear de luxo, com roupas feitas em série criadas por um designer cujo berço era a alta-costura. Depois de se tornar o estilista mais jovem a assumir uma maison, a Dior, ele agora se tornava ídolo de uma geração que queria mudar o mundo, incluindo nomes de peso da cultura, como Catherine Deneuve, que virou sua amiga e musa. Os dois se aproximaram quando a atriz precisou de um traje especial para um baile de gala com a presença da rainha Elizabeth II. E então Saint Laurent foi convidado para criar o figurino dela no icônico A Bela da Tarde, de Luis Buñel e, também, A Chamada do Amor, de Alain Cavalier, e A Sereia do Mississippi, de Claude Sautet. Depois vieram colaborações com Romy Schneider (Sublime Renúncia e César e Rosalie), Claudia Cardinalle (A Pantera Cor-de-Rosa), Jean Seberg (Por um Momento de Amor), Sophia Loren (Arabesque) e Isabelle Adjani (Subway), entre outras.

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Making of de Parthenope - Foto: Saint Laurent Productions / Divulgação.

É essa relação próxima com a sétima arte que o atual diretor criativo da marca e cinéfilo, Anthony Vaccarello, abraça e amplia com a Saint Laurent Productions. É a primeira vez que uma grife de luxo se volta a produzir filmes entre suas atividades. O estilista belga escolhe os diretores e assina os figurinos, mas os looks não são comercializados. “Quero trabalhar e fornecer um espaço para todos os grandes talentos do cinema que me inspiraram ao longo dos anos”, diz ele sobre o suporte financeiro que permite aos profissionais realizarem projetos altamente autorais. Foi na escola de belas-artes que ele passou a admirar produções “papo-cabeça” de nomes como Pier Paolo Pasolini – especialmente Salò ou 120 dias de Sodoma – e toda a obra de Rainer Werner Fassbinder.

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Making of de Parthenope - Foto: Saint Laurent Productions / Divulgação.

Neste ano, três longas-metragens estiveram em competição na seleção oficial da 77ª edição do Festival de Cinema de Cannes: Emilia Perez, do cineasta francês independente Jacques Audiard, lançado em agosto e escolhido em Cannes no Prêmio do Júri; The Shrouds, de David Cronenberg, previsto para estrear em janeiro de 2025; e Parthenope, com roteiro e direção de Paolo Sorrentino, que tem promessa de estrear em breve por aqui. Aplaudido de pé por mais de dez minutos, traz no elenco Gary Oldman e a modelo Celeste Dalla Porta no papel-título, para contar a história de uma mulher nascida em 1950 em uma rica família de Nápoles que recebe o nome da sereia da mitologia greco-romana que se tornou uma espécie de padroeira da cidade italiana. O filme é recheado de imagens belas e traz várias referências a obras de Fellini e Bertolucci – Sorrentino é fã de ambos.

“PARA MIM, Parthenope É, acima DE TUDO, UM filme SOBRE o sagrado. SOBRE TODAS AS COISAS QUE UMA mulher NÃO CONSEGUIU esquecer EM SEUS 73 ANOS DE VIDA”

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Cena do filme Emila Perez - Foto: Saint Laurent Productions / Divulgação.

“Para mim, Parthenope é, acima de tudo, um filme sobre o sagrado. Sobre todas as coisas que uma mulher não conseguiu esquecer em seus 73 anos de vida: a Baía de Nápoles e seus pais, seus primeiros amores – um puro e brilhante, o outro sórdido e indizível –, o verão perfeito de Capri, aqueles encontros fugazes e fatídicos, a descoberta da sedução e a vertigem da liberdade, a busca desesperada por seu verdadeiro eu”, explica o diretor. Segundo ele, em tudo isso está a região no sul da Itália. “Nápoles é livre, Nápoles é perigosa, Nápoles nunca julga. Nápoles é como Parthenope. Sua liberdade é uma constante, mesmo que isso signifique abraçar a solidão. Porque – com muita frequência – solidão e liberdade andam de mãos dadas”, acrescenta.

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Cenas do filme Emila Perez - Fotos: Saint Laurent Productions / Divulgação.

A Saint Laurent e o cinema deram as mãos em 2019, quando a marca começou a convidar nomes de peso para colaborarem em projetos ligados às coleções de Vaccarello. Os primeiros foram os curtas-metragens Lux Aeterna – ou Self4 –, drama francês dirigido por Gaspar Noé, que foi exibido fora de competição no Festival de Cannes daquele ano, com Charlotte Gainsbourg e Béatrice Dalle interpretando a si mesmas; The Arrengement, de Bret Easton Ellis; e A Night in Shangai, de Wing Shya. O lendário diretor chinês Wong Kar-wai foi o convidado da marca francesa para ser o curador da quinta edição de Self – o projeto de artes multidisciplinar concebido pelo diretor artístico da Saint Laurent, Anthony Vaccarello, foi lançado em 2018 com a exposição do fotógrafo japonês Daido Moriyama, em Paris. 

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Cenas dos projetos SELF N.5, Phony Wars de Godard e The Shrouds - Fotos: Saint Laurent Productions / Divulgação.

Em 2020, Sportin’ Life, de Abel Ferrara, foi selecionado para o Festival de Veneza. O documentário é uma espécie de diário do diretor a partir de fevereiro de 2020, data da apresentação do seu último longa, Sibéria, no Festival de Berlim (pouco tempo antes de o mundo todo entrar em colapso devido à pandemia do novo coronavírus), até agosto do mesmo ano. Em 2023, já sob o guarda-chuva da Saint Laurent Productions, saíram Estranha Forma de Vida, curta-metragem de faroeste dramático dirigido e escrito por Pedro Almodóvar e estrelado por Pedro Pascal e Ethan Hawke, e Phony Wars, curta de 20 minutos de estilo colagem dirigido por Godard antes de sua morte.

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Cenas dos projetos SELF N.5, Phony Wars de Godard e The Shrouds - Fotos: Saint Laurent Productions / Divulgação.

Apaixonado por mestres do cinema, Vaccarello já disse em entrevista que enxerga nessa ação uma maneira diferente de enriquecer a comunicação da marca pensando em longo prazo e que quer trabalhar com jovens talentos ao mesmo tempo que adoraria produzir para pesos-pesados como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola. É de se esperar que ainda venha muita coisa boa por aí.

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Cenas dos projetos SELF N.5, Phony Wars de Godard e The Shrouds - Foto: Saint Laurent Productions / Divulgação.

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