Cultura

Lucia Bittar fala dos desafios das mulheres no mercado profissional

Conectando pessoas! Lucia Bittar, diretora de marketing da área de mobile experience da Samsung Brasil, fala sobre os desafios das mulheres no mercado da tecnologia, diversidade, sustentabilidade e relacionamento com a família.

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Fotos: Júlio Tavares; Assistente de fotografia: Ju Vasconcelos; Styling: Tainara Wollmer; Produtora de moda: Giovanna Pasqualeti; Make: Patrick Pontes; Produtora Executiva: Alessandra Della Rocca

Formada em administração pela FGV e com MBA na FEA/ USP, a paulistana Lucia Bittar passou por grandes empresas nacionais e multinacionais, nos setores de alimentos, beleza e turismo. “Na entrevista para a Samsung, avisei que não tinha tanta experiência na área de tecnologia e ouvi do entrevistador que esse tipo de profissional eles já tinham. De fato, buscavam alguém que entendesse de pessoas. Naquele momento, percebi que tinha boas chances porque esse é um norte do marketing que sigo na vida corporativa”, lembra ela. Ao longo desses três anos e meio, novidades não faltaram. “Talvez uma das maiores lições seja a busca cotidiana por oferecer novas soluções para as demandas das pessoas, entregando facilidade no dia a dia de todo mundo. É o caso que vivemos com a inteligência artificial”, lembrando que, no começo deste ano, a Samsung foi a pioneira em colocar a IA nas mãos de milhões de usuários no mundo. “Estamos na vanguarda da tecnologia de IA de ponta há anos, com mais de 30 mil patentes registradas.” Esse espírito pioneiro e de inovação está no DNA da marca, cujo histórico inclui a criação de categorias como smartphones dobráveis, com o Z Fold e o Z Flip. “Tenho um Galaxy Z Flip6 que oferece recursos para facilitar a minha vida e aumentar a produtividade. Na função ‘Intérprete’, por exemplo, posso conversar com uma pessoa que fale outra língua. Quando ela diz uma frase, a tela do celular mostra a tradução para mim em português e, tudo o que eu disser, aparece na tela para a outra pessoa no idioma dela.” A seguir, ela fala de etarismo, inteligência artificial e planos.

L’OFFICIEL: Você já atuou nas áreas de turismo, cosméticos e alimentos. Alguma delas recebe melhor as mulheres? Quais lições trouxe de cada uma?
LUCIA BITTAR: Em relação às mulheres, vejo bons progressos nos últimos anos. Nas áreas de marketing e nas empresas de consumo, elas já têm mais espaço que em outros mercados. Isso facilitou minha trajetória. Uma mulher que alcança cargos mais altos pode não só incentivar outras como também facilitar a jornada (faço parte de um grupo, com livro publicado inclusive, que fomenta esse múltiplo apoio). Certamente, fui beneficiada pelas que já estavam em posições de liderança quando cheguei. Meu primeiro emprego foi na Johnson & Johnson, onde já havia muitas mulheres incríveis. Minha primeira chefe, que aliás me ensinou muito, foi a Daniela Cimatti. Na Danone, cuja cultura é mais baseada nos moldes franceses, as mulheres já estavam fortalecidas. Acho que sempre fui incentivada, por chefes homens inclusive, a debater e colocar minhas ideias de igual para igual. Espero realmente servir de exemplo, da mesma forma que fui inspirada pelas minhas antecessoras.

L’O: Ninguém duvida que a comunicação pede as soft skills femininas. Mas o que é necessário fazer para a área de tecnologia ter mais mulheres?
LB: Vejo as mulheres com cada vez mais força, se fazendo ouvir, se unindo e se apoiando em todas as áreas. É um movimento muito positivo dentro e fora das empresas. Tenho uma filha de 19 anos e observo como ela e outras jovens dessa idade são fortes e firmes contra essa discriminação. Questões como a cultura inclusiva e equipe diversa são fundamentais na abordagem da Samsung a respeito da inovação. É importante ressaltar que, aqui no Brasil, temos um comitê interno chamado Women at Samsung, criado em 2016, que tem como objetivo proporcionar um ambiente de trabalho ainda mais acolhedor. Nesse grupo, debatemos abertamente questões que são comuns a muitas pessoas, como carreira, diversidade e inclusão, inseguranças, entre outras. Outro núcleo crucial neste tema é o Team Galaxy, que conta com cerca de 50 influenciadores. É um grupo diverso e representa diferentes idades, raças e orientações sexuais, o que nos ajuda a ampliar a visão da realidade, pondo luz em aspectos que poderiam estar enviesados por nossa experiência pessoal. Mas todos esses fatores não diminuem a complexidade da questão, que precisa ser discutida sempre, e em múltiplos fóruns. Estamos caminhando.

Fotos: Júlio Tavares; Assistente de fotografia: Ju Vasconcelos; Styling: Tainara Wollmer; Produtora de moda: Giovanna Pasqualeti; Make: Patrick Pontes; Produtora Executiva: Alessandra Della Rocca

L’O: O marketing é geralmente um setor um pouco mais feminino. Você imagina um motivo?
LB: Isso envolve uma combinação de fatores culturais e sociais. A mesma cultura que associa à mulher traços como empatia e capacidade de entender o outro cria barreiras para a sua presença em áreas de conhecimento STEM (sigla, em inglês, para ciências, tecnologia, engenharia e matemática). É um cenário que tem mudado aos poucos. Me orgulha muito saber que na Samsung o principal laboratório de desenvolvimento de dados para saúde fica no Brasil. É o Health Data Lab, localizado em Campinas. Lá, boa parte do time é composta de mulheres, inclusive com várias PhDs. Ou seja, as cientistas brasileiras contribuem bastante na criação da tecnologia que exportamos para o mundo.

L’O: É fato que estamos em um momento de luta aberta contra o etarismo. Ainda assim, para se manter no mercado de trabalho, é preciso continuar “parecendo” mais jovem?
LB: Etarismo é um tema que interessa a todos. A idade tem um componente relativo. Hoje, se vive os 50 anos de formas muito diferentes. Alguns podem parecer mais velhos, outros mais jovens, variando em função de fatores como saúde, interesse por aprender ou propósito de vida. Acredito que qualquer profissional precisa continuar aprendendo sempre, com as experiências do dia e buscando conhecimento. Vamos pensar, por exemplo, na inteligência artificial. Algumas pessoas se sentem receosas, mas a maior proteção é buscar entendê-la e usá-la a nosso favor. Tem gente que fará a virada, incorporando-a à sua vida. Outros ficarão pelo caminho. Não é a idade o grande fator e sim a flexibilidade ao aprendizado.

L’O: O preconceito diz que depois dos 50 tem-se menos energia ou se é mais conservador. Como a experiência pode desequilibrar o jogo ao seu favor?
LB: De modo geral, o profissional na faixa acima dos 50 anos é um trabalhador com enorme capacidade produtiva, que tem muito a oferecer às empresas. Infelizmente, o etarismo é uma realidade do mercado de trabalho, apesar de sermos um país que está envelhecendo. Só para se ter uma ideia, há algum tempo, em uma sondagem sobre a diversidade em agências parceiras, descobri que o grupo com menor presença era justamente o meu, o dos que têm mais de 50 anos. Precisamos pensar em estratégias para a construção e consolidação de um mercado de trabalho mais justo e inclusivo, no qual a idade não seja um fator de discriminação.

L’O: Como você cuida de si mesma, física e mentalmente?
LB: A atividade física é uma poderosa arma contra o estresse, mas a agenda profissional, e uma certa dose de preguiça, não me permitem fazer tudo o que gostaria. Faço musculação e caminho bastante – especialmente nos fins de semana, com minha filha, para colocarmos a conversa em dia. Na saúde e no bem-estar, os dispositivos da Samsung me ajudam muito. Uso o Galaxy Watch Ultra e o Galaxy Ring, que são wearables equipados com sensores avançados que, potencializados pela inteligência artificial do Galaxy AI, transformam dados em insights práticos e personalizados, que me permitem tomar decisões consistentes sobre a minha saúde, me estimulando a adotar hábitos saudáveis de maneira intuitiva e personalizada, além de monitorar meu sono, estresse, frequência cardíaca e outros indicadores relevantes.

L’O: Ser mulher e ter vida pessoal e profissional ainda é um desafio no século 21? Como equilibra família, filhos adolescentes e trabalho?
LB: Sou casada e tenho dois filhos. Não foi fácil, especialmente quando eles eram pequenos. É muito duro dar conta de tudo. Algum prato sempre cai e, normalmente, é o cuidado conosco. No meu casamento sempre houve parceria, o pensamento de “equipe familiar”, construído desde o início. Somos uma família unida que prioriza tempo para estar junta, normalmente algumas refeições e, claro, as férias. Na Samsung, procuramos proporcionar maior flexibilidade para que quem tem filho pequeno possa seguir em suas carreiras sem desistir da maternidade, que pessoalmente acho uma experiência incrível.

L’O: Quais você entende serem nossos grandes desafios para 2025 em relação a diversidade, crise climática, etarismo e no campo do bem-estar?
LB: A questão do meio ambiente é uma das mais urgentes. Tenho muito orgulho de trabalhar em uma empresa que considera o meio ambiente uma prioridade global. Um dos nossos compromissos é que, até 2025, todos os produtos da Samsung terão componentes recicláveis. Hoje, isso já é realidade em vários dispositivos e ampliada a cada lançamento. Criamos produtos para durar mais tempo, com mais atualizações de segurança e sistema operacional. Temos programas como o Samsung Recicla, que permite que itens eletrônicos de pequeno e médio porte de qualquer marca sejam descartados nas lojas Samsung, e produtos de grande porte, como refrigeradores, sejam coletados no endereço do cliente e depois voltem à cadeia produtiva. Destaco ainda os programas de troca, nos quais produtos quebrados ou sem uso de qualquer marca valem descontos na aquisição de um novo dispositivo Samsung. Acredito que a base para um planeta e progresso sustentáveis é a educação. Esse foi um dos principais fatores que fizeram a Coreia do Sul, país onde a Samsung nasceu, se transformar na potência que é hoje.

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