Cultura

“Não se Preocupe, Querida”: tudo sobre a maquiagem e os cabelos

Confira a entrevista exclusiva com a estilista de cabelo e a maquiadora do filme “Não se Preocupe, Querida”

Não se preocupe, querida - Olivia Wilde
Não se preocupe, querida (foto: Courtesy of Warner Bros)

Uma das maiores surpresas que “Não se Preocupe, Querida” foi a capacidade de transformar o visual de Harry Styles e Florence Pugh de pessoas glamourosas e cheias de vida para suas versões sem graça e, bem não há uma forma melhor de descrever, um pouco sujinhas. Ninguém poderia ter imaginado que um dia veríamos o maior cantor pop do momento com marcas de espinha e o cabelo seboso ou uma das mais novas estrelas do cinema, reconhecida também pelos seus looks de red carpet, com cara de cansada e os cabelos bagunçados em um coque mal feito. Visuais necessários para destacar as diferenças de realidades do filme. 

As responsáveis por essas tantas variedades de visuais dos moradores de Victory, são a estilista de cabelo Jaime Leigh McIntosh e a maquiadora Heba Thorisdottir. As duas contaram com exclusividade para a L’Officiel como foi o processo para desenvolver os personagens dentro e fora do bairro perfeito. Confira a conversa abaixo:

 
 

Vocês tiveram que criar não só o visual das pessoas no bairro perfeito, como também em algumas cenas bem bizarras. Quais foram os pontos que vocês se certificaram que tinham que estar presentes?

HT: O que foi interessante é que a gente pode criar a nossa própria versão dos anos 1950, porque não se passava bem nessa época. Então a gente pode dar um visual individual para cada um dos personagens. Por exemplo, a Peg (Kate Berlant), deixei com lábios escuros em várias cenas e tons mais frios, porque aí era o contraste perfeito com Alice (Florence Pugh), que sempre parecia um pouco mais natural. A gente deixou ela mais bronzeada, usamos tons mais quentes. Deixamos ela mais no início dos anos 1960 enquanto as outras esposas eram da década anterior. No mundo real ela é uma cirurgiã, é moderna, bem sucedida, então faz sentido que ela se destaque também no mundo dos sonhos. Mas a gente vê ela se desmontando rapidamente. Começamos ela com uma pele perfeita. Raramente a gente vê ela com lábios vermelhos, apenas no jantar com Frank (Chris Pine), para parecer a esposa perfeita em forma de apoio ao Jack (Harry Styles). Usamos a base Armani Luminous e aos poucos misturamos com o serum da Saint Jane Beauty. A gente começa a ver mais a pele dela, até que chega a um pouco que ela não tem nada, fora o protetor solar e um pouco da base Kosas. Isso faz com que o público consiga ver e se identificar com o processo dela. 

E no caso de Harry, havia essa preocupação com os tons?

Já com o Harry foi uma outra história. Eram mais ou menos 45 minutos de maquiagem corretiva da cintura para cima todos os dias para cobrir as tatuagens dele. Porque mesmo em cenas quando estava voltava para casa do trabalho, quando tirava a jaqueta era possível ver as tatuagens através da camisa branca. A gente decidiu cobrir sempre, independentemente da roupa que ele estava, porque “vai que ele tira a jaqueta nessa cena”. Era melhor prevenir. No mundo dos sonhos a gente usou um pouco mais de base, porque queríamos deixar ele realmente perfeito, não que houvesse muito o que melhorar no visual de Harry. Mas queria deixar ele quase que de plástico e bronzeado. E aí para o mundo real, eu e a Olivia tivemos que pensar. Já havia uma peruca. Chegamos a cogitar uma cicatriz no rosto, mas aí teríamos que criar uma história para isso e não havia nada no roteiro. Então a Olivia falou “e se a gente colocasse um pouco de acne nele?”. E eu pensei “já sei, vou colocar algumas marcas de espinhas nele”, porque é algo que todos nós podemos nos identificar, porque todo mundo sabe que podem deixar cicatrizes. E alguém como Jack ficaria inseguro em relação a isso e tentaria esconder.

Não se preocupe, querida - Olivia Wilde
Foto: Courtesy of Warner Bros
 

Os cabelos no filme todo eram interessantíssimos. Como foi o processo para criá-los?

JLM: Acho que para Alice, quando ela estava no seu período mais feliz, ela estava cheia de vida. Então eu quis dar a ela um cabelo que tivesse volume e movimento. Não queria nada muito estruturado ou rígido e sim algo sem esforço mas que passasse uma sensualidade. E conforme as coisas vão piorando para ela, o cabelo começa a pesar um pouco mais e, até pelo ambiente e o calor do deserto, menos movimento. Já no mundo real, eu queria dar a ela um estilo prático, para o seu trabalho e sua vida, já que ela não tinha muito tempo para ela. Para as cenas em que a vemos presa na cama, eu procurei deixar as raízes do cabelo mais escuras e deixá-la com um aspecto sem vida, assim como seu corpo estava. Com o Harry foi um pouco parecido. No mundo real ele é o marido desempregado esperando a esposa voltar para casa. O cabelo dele de verdade tem muito volume natural, era praticamente impossível deixá-lo fino e sem vida, então tivemos que usar perucas para deixar ele com menos cabelo e ter aquele visual mais geek. (ri)

O filme traz tantos elementos nostálgicos de moda e do cinema. O que vocês mais gostaram de criar ou trabalhar a sua versão?

JLM: Eu acho que recriar alguns looks da Brigitte Bardot para Alice foi extremamente divertido. Eu gostei muito de fazer isso. Foi um desafio, claro, para todas as nossas mulheres do elenco estarem de perucas. E sei que a Olivia também estava muito nervosa com isso, porque ela como atriz havia tido algumas experiências ruins com isso no passado. Mas prometi a ela que daria tudo certo. E eu apenas queria me certificar que as perucas tivessem não só o estilo e o formato, mas que também pudessem se movimentar de uma forma natural, como cabeças de verdade. E foi muito divertido correr atrás da Olivia enquanto ela tentava dirigir e atuar ao mesmo tempo, para pentear a peruca. Ela sempre estava a mil e eu tinha que dar um jeito e falar “só preciso de um minutinho” (brinca). E ela amou como a peruca se mexia. Ela corria pelo set só para ver a peruca pular. É uma época em que os cabelos e maquiagens eram muito divertidos. É o sonho de todo artista trabalhar com isso, tudo é lindo.

HT: Eu amei fazer este filme porque é tão raro a gente fazer algo que é em grande parte para deixar tudo lindo. É uma quase história de época, mas não era restrito. E isso foi incrível para trabalhar. Eu particularmente adorei fazer o jantar com o Frank em que a Alice tenta impressionar a todos, foi a única cena que ela usou um batom vermelho, mesmo que não fosse vibrante. E é uma cena realmente importante no filme. Os visuais da Brigitte Bardot eu amei fazer nela, porque também foi onde ela mais tinha produção. Foi realmente muito divertido trabalhar nestes visuais.

Não se preocupe,querida
Foto: Courtesy of Warner Bros
 
 

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