Fashion Week

Fique de olho: 3x sustentabilidade durante o SPFW 45

A 45ª edição da semana de moda de São Paulo foi um tanto “eclética”: não apenas em relação aos estilos, mas especialmente quanto às coleções apresentadas.
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A 45ª edição da semana de moda de São Paulo foi um tanto “eclética”: não apenas em relação aos estilos, mas especialmente quanto às coleções apresentadas. Algumas marcas desfilaram o inverno, seguindo o modelo “see now, buy now”, enquanto outras anteciparam o verão, como acontece de acordo com o calendário tradicional.

 

Um tema, no entanto, teceu uma espécie de fio condutor, relacionando várias coleções do evento: a sustentabilidade. Confira abaixo 3 formas de pensa-la, de acordo com marcas que desfilaram nessa edição.

Conectar a moda a propósitos, motivos de fazer para além de “maximizar o lucro”, é uma das formas mais sustentáveis de pensar a indústria. No primeiro dia do evento, o projeto Ponto Firme, capitaneado por Gustavo Silvestre, apresentou peças confeccionadas por 20 presidiários da penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos.

 

Fernanda Yamamoto se inspirou na comunidade japonesa Yuba, no interior de São Paulo, em que o dinheiro não circula, a agricultura é a base do sustento e a arte tem imensa importância, para resgatar valores de que tantas vezes carecemos no cotidiano.

 

Ronaldo Fraga contou a história de Barra Longa, região devastada pelas chuvas de Mariana (MG): lembrou dos que se foram e do que se foi, e trabalhou com mulheres que ficaram e deram forma à sua história em bordados – uma arte que vem se perdendo no tempo. Belos (em todos os sentidos) exemplos do potencial que a moda tem de discursar sobre questões que não devem – e não podem – calar.

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MANIFESTO

Responsabilidade ambiental foi a principal bandeira levantada pela Osklen. O conceito foi trabalhado como manifesto, divertidamente sintetizado no trocadilho “ASAP – As sustainable as possible, as soon as possible”. A marca, que investe em alternativas para uma moda sustentável desde 1998, desfilou matérias-primas como o algodão reciclado em sarja, tricô e malharia - alguns materiais construídos a partir de retalhos da própria Osklen e reutilização de sobras da indústria têxtil.

 

Um lembrete sempre válido de que uma nova forma de se relacionar com os recursos naturais deve ser prioridade absoluta. Triste ironia pensar que, durante o mesmo evento em que a Osklen se apresentou, os convites para os desfiles permanecem físicos, e a cada dia de desfiles acumulam-se milhares de releases, encartes e sacolas de papel e plástico.

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CONSISTÊNCIA

A marca Beira, estreante do evento, declara: “as coleções da Beira são desenvolvidas seguindo um princípio de continuidade (...). O intuito é contar uma história, aprofundar uma linguagem e valorizar o tempo através de um processo criativo sem rupturas”. Essa forma de pensar se opõe a fixar um prazo de validade a cada coleção, e parece ser compartilhada por Gloria Coelho, Lenny Niemeyer e Reinaldo Lourenço.

 

Os veteranos desfilaram lindos desdobramentos de sua linguagem, já aclamada e bem estabelecida. Esgotou-se tempo em que “mais do mesmo” era um comentário pejorativo. Em uma filosofia verdadeiramente sustentável, a consistência do “mesmo” denota um estilista seguro de seu discurso, que dialoga com um consumidor seguro de suas escolhas e não precisa renovar, a cada temporada, seu guarda-roupa completo.

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Fotos Osklen por Marcio Madeira. 

Ronaldo Fraga e Reinaldo Lourenço de Agência Fotosite. 

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