Rick Owens traz sobriedade para as passarelas de Paris
Nesta temporada da PFW, Rick Owens aposta em sobriedade em novas cores e silhuetas
Pode-se dizer que Rick Owens vive no universo à parte que vem criando nas últimas décadas (o que é verdade), mas não que ele não reflita o estado das coisas aqui no nosso mundo. Tanto que mudou a trilha sonora pesada do seu desfile, no último minuto, para uma sinfonia de Mahler. É hora de sobriedade, diz ele, refletindo sobre a validade da moda neste momento de tensão de guerra e como as roupas refletem o que queremos: “em tempos assim, a beleza pode ser uma das maneiras de manter a fé”. Errado, não está. Mas a beleza segue na toada estética do que ele enxerga e modela, envolta pela nova fragrância que desenvolveu com a Aesop Skincare, aspergida pelas modelos em máquinas de fumaça — um tema de turvar a visão que ele trouxe de temporadas passadasa. Da neblina, saem suas silhuetas conturbadas e contorcidas, alongadas e seguras de si — dos megaduvets às alpacas, trabalhando volumes, sobreposições ombreiras e capotes; abrindo espaço também para vestidos bodycon reflexivos. Todas emissárias de um mundo brutalista onde a tal beleza (mesmo que enviesada) venceu o mal, como se Owens estivesse fazendo a sua parte por aqui.