Ronald van der Kemp apresenta coleção na semana de alta-costura
O holandês Ronald van der Kemp segue seu caminho como outsider no mundo da alta-costura. Desfilando como membro convidado desde 2016, ele se esforça em pregar mudanças de comportamento profundas na indústria - enquanto seus colegas de couture focam nas técnicas e na beleza, ele traz desde o começo o mote da sustentabilidade e do consumo consciente, discussões costumeiramente pouco presentes no mundo do alto luxo. Mas, nem por isso, se permite fazer menos — a sua pegada é exatamente provar que pode-se construir uma imagem “haute" a partir de outras fontes de matéria-prima e exemplares únicos, criando um desejo enquanto respeita o planeta.
Daí que saem, por exemplo, as plumas construídas com sobras de chiffon e organza ou o vestido com bustiê feito de sedas de fontes diversas. Ou ainda o upcycling de jeans usados, que dão assunto a jaquetas com patchwork e a texturas que ele batizou de “ban faux fur” — ou seja, não basta mais não usar pele animal, pois a pele sintética também é danosa ao meio-ambiente.
Mais do que construir coleções com um tom estético que una todas as peças, o criador prefere trabalhar com statements que reforcem seu discurso, sem abrir mão do fazer manual precioso. Tanto que até reutiliza peças de cinco coleções atrás, revistas e refeitas — uma possibilidade que escandalizaria qualquer cliente clássica da alta-costura de ontem. Ele prefere manter o foco (e garantir) o amanhã.