Schiaparelli apresenta coleção de outono 2021 na PFW
A Schiaparelli vive em 2021 seu momento de ouro. Nas mãos de um diretor-criativo esperto e sensível, a marca fundada nos anos 1930 e revivida há menos de dez anos angariou atenção redobrada neste ano por dois motivos — o trabalho de Daniel Roseberry e a aparição de Lady Gaga na posse do novo governo dos EUA, que ajudou a levar mais ainda o nome da casa para fora do círculo de fashionistas. Ontem, Emma Corrin (que interpretou Lady Di na série The Crown) apareceu com um look deslumbrante no tapete vermelho virtual do Critics' Choice Awards; confirmando o inegável apelo pop da marca para uma nova geração. Daniel sabe do potencial que tem reunido e, exercitando cada vez mais sua liberdade criativa dentro da casa, vai construindo uma Schiaparelli que não existiu nem pelas mãos da própria Elsa. Nesta coleção de inverno 2021, ele segue repescando as simbologias deixadas pela criadora original e testando seus limites — um celular de ouro em formato de orelha, oras, porque não? O surrealismo dourado aparece nas cabeças absurdas, nos broches e pingentes com detalhes humanos e em botões nada discretos; continuando o trabalho que já vem de outras temporadas. Mas, ao mesmo tempo, sua mulher surge mais urbana e ganha peças esportivas (e talvez, mais baratas?) como jeans. Nada mal para uma marca que voltou como “appointment only” e hoje já tem até e-commerce. Impossível não notar (e Daniel também nem deixaria) o foco na simbologia dos seios — tricotados em 3D nos pulôveres, cobertos por réplicas douradas nos vestidos ou desenhados na alfaiataria. Enquanto nos algoritmos ou na vida real, a visão de um peito feminino à mostra ainda é assunto de discussão e censura, o estilista abre o Dia Internacional da Mulher ironizando tal polêmica absurda para o século 21. Vamos ver se o Instagram vai censurar os mamilos de ouro da Schiaparelli — que, com certeza, serão repostados por muita gente.