SPFW N55: com cultura indígena, Mauricio Duarte estreia no evento
Nascido em Manaus e radicado em São Paulo, Mauricio é do povo Kaixana e — depois de entrar na moda — voltou a se aprofundar nas suas raízes ancestrais e podemos ver referências claras disso em seu desfile na SPFW N55.
Nas últimas décadas, quando a moda falava de abrigar a cultura indígena, era sempre através um olhar objetificador e distante — sem dar muita pelota a como essas pessoas refletiam ou o que sentiam. Nesse contexto, a estreia de Mauricio Duarte com seu primeiro desfile presencial no SPFW, é mais do que necessária em um esforço de compensar o atraso da mais vistosa fashion week brasileira. Saem os vieses antropológicos da moda branca, entram os povos nativos em primeira pessoa — é outro nível de atravessamento.
Nascido em Manaus e radicado em São Paulo, Mauricio é do povo Kaixana e — depois de entrar na moda — voltou a se aprofundar nas suas raízes ancestrais. O resultado desse bate e volta espiritual aparece na coleção com a delicadeza de quem se divide entre mundos: a alfaiataria é urbana, mas as vontades e alguns shapes remetem às memórias da floresta, mix que dá certo e deixa claro que a “moda indígena” pode ir muito além. Com senso de comunidade, Mauricio se amarra a iniciativas diversas para trazer seus iguais ao holofote — com ele, não abaixo. Seja na trilha sonora, nas intervenções com tramas de palha que adornam roupas e acessórios ou no espetaculoso look final — que viajou 3 dias de barco para chegar em Manaus antes de embarcar para a passarela em SP. Quando todos se ajudam, culturas ganham a repercussão que precisam — e merecem.