SPFW56: Korshi, Martins e Mateus Cardoso desfilam suas coleções
As marcas brasileiras Korshi, Martins e Mateus Cardoso apresentaram suas novas coleção na 56ª edição do São Paulo Fashion Week.
KORSHI 01
Apostar em peças multifuncionais parece ser uma ótima ideia para repensar o consumo. Dessa vez, o estilista Pedro Korshi (@korshi01) trocou o desfile por uma espécie de “live”, com trilha sonora entoada por Alv Lara e casting encarregado de mostrar a versatilidade das roupas. Depois dos “assistentes de palco” transformarem ecobags em aventais, foi a vez de uma modelo entreter o público convertendo a “suposta” barraca – propositalmente incluída no décor da passarela –, em capa de chuva, toalha de piquenique e poncho com mochila embutida. Por sinal, o traje dela também sofreu mutação, e a calça perdeu comprimento para transitar como bermuda. E seguiu assim por toda a apresentação: jaqueta vertida em cropped, cropped vertido em jaqueta sem mangas, jaqueta sem mangas vertida em cropped com meia manga... Até a calça foi ressignificada em saia com fendas profundas. Enfim, o rapaz que entrou em cena a bordo de calça preta, jaquetão caramelo, boné com tela frontal, camiseta branca e bolsa de peixe voltou para o camarim de saia (feita da barra da jaqueta), polainas de couro (sacadas das mangas da jaqueta) e boné estilo pescador. Pelo menos a bolsa de peixe e a camiseta ainda eram as mesmas. Os dez minutos finais foram dedicados a mais construções e desconstruções in loco. Aí está o que podemos chamar de mil e uma utilidades da moda – conceito bom, mas execução truncada.
MARTINS
A coleção da Martins (@martins__________) levou os espectadores para uma voltinha no tempo. Com silhuetas emprestadas dos anos 1980, cores e estampas hipnóticas – com homenagem à dama do punk, Vivienne Westwood (falecida em 2022) –, paetês espalhafatosos, matérias-primas sustentáveis e técnicas de biodesign elaboradas em collab com Paula Ulargui (@ulargui_escalona), a tag mostrou potência e discurso afinado com os novos tempos. Nesse caminho ecorresponsável, destacaram-se os looks “vivos”, com plantas de verdade brotando sobre o tecido biodegradável, assim como a sarja marmorizada por água de reúso e a viscose produzida com fibras de reflorestamento. Tom Martins apostou ainda no visual amplo, com barras assimétricas e muitas camadas de babados, naquilo que pode ser chamado de “maximalismo botânico”. Os florais desenhados pelo Estúdio Pareia (@estudiopareia) compõem a miscelânea psicodélica da grife, que retomou o conforto das papetes, a elegância dos lenços de seda e a ousadia da paleta de cor – que foi do new wave ao metal glam, sem deixar de fora o xadrez Madras.
MATEUS CARDOSO
Mateus Cardoso (@__mateuscardoso__) fez a lição de casa – e estreou em grande estilo, com alfaiataria primorosa, tonalidades clássicas e um ou outro atrevimento no finzinho do show. Aos 26 anos, o alfaiate resgatou a tradição da produção artesanal, com acabamentos impecáveis e cortes atemporais. Com apenas três anos de ateliê aberto, Cardoso já havia feito o début na Casa de Criadores, em 2019 – quando causou frisson em muito fashionista. Sob os holofotes do maior evento de moda da América do Sul, ele investiu na combinação entre ombros de linhas arredondadas, porém comedidas, e caimentos quadrados. Para a parte inferior, calças de cinturas altas (com franzidos) revezaram-se com shorts sequinhos, tudo arrematado por meias de cano alto e ¾, além de bolsas grandalhonas usadas dobradas, como se fossem clutches. Quem esperava ver no select roupas femininas, saiu de lá satisfeito. Mateus desdobrou a coleção para atender todos os gêneros, embora a maior parte de suas criações pareçam unissex. Para a próxima edição do @spfw, é torcer para ver mais gente interessante no line-up, como @jalvieira e @leandrocastrum.