Tieta é a musa inspiradora da nova coleção da Misci

Conta a história que quando Tieta, aquela mesma do Jorge Amado e da novela, volta para o agreste, chega madura, esperta e completamente mudada. Um mulherão, em suma. A personagem (e toda a mítica ao redor) foi ponto guia do desfile da Misci, apresentado ontem na Bienal. E, de maneira semelhante, a marca de Airon Martin reapareceu madura, esperta e completamente mudada. Um novo recomeço? De certa forma, sim — e muito bem-vindo para uma jovem casa que segue conquistando seu espaço no cenário nacional, de olho firme em abrir caminhos no mercado de exportação (alvo sempre declarado por Airon).

A inspiração amadiana não é óbvia. Você até pode enxergar aqui e ali, na coleção, referências ao cenário do livro, ao mood das personagens e afins em estampas e cores. Mas, no fundo, não é isso que importa. O que pesa é o olhar metafórico sobre um Brasil interessante e quente, que pode produzir uma imagem de moda poderosa olhando para si. Airon não é o único a estar nessa toada, é claro — mas assumiu isso como missão, que neste desfile apareceu realmente lapidada como merece.

Efeitos de uma remexida no modo de fazer e de pensar (que se refletiu até no feed do Instagram da casa, recentemente zerado). Efeitos também de um novo ateliê, aberto no final do ano passado. Uma maelemolência interessante que resulta num bom masculino, especialmente na alfaiataria, e no feminino mais fluido, em curvas que se completam com fechos e grandes voltas nos tecidos. Às vezes, tudo o que se precisa é apertar o botão de reset.