Le Jazz: uma década de sucesso
O bistrô Le Jazz comemora 10 anos de grandes desafios, memórias incríveis e muito sucesso. Confira uma entrevista exclusiva com Gil Leite, um dos fundadores da casa.
Numa época não tão distante os restaurantes franceses de São Paulo cultivavam uma fama de caríssimos, formais e poucos generosos. Isso mudou completamente com a chegada do Le Jazz, dez anos atrás. Me lembro perfeitamente quando Gil Leite e Chico César abriram seu primeiro restaurante na rua dos Pinheiros. Eu adorava frequentar esse pequeno canto barulhento, com mesas apertadas, pratos clássicos e serviço animado para matar minha imensa saudades de Paris, cidade onde nasci. De fato, Le Jazz trouxe para São Paulo um jeito genuíno e informal de mostrar a gastronomia francesa, jeito tão comum na própria cidade luz e em toda França. O sucesso de público foi tanto que a rua dos Pinheiros se transformou e com o tempo Le Jazz ganhou três outros endereços espalhados pela cidade.
Um pouco antes da abertura do primeiro Le Jazz, a rua dos Pinheiros era composta praticamente por bares e restaurantes de almoço e não parecia um local aconselhável para instalar um bistrô francês. Mas Chico e Gil viram ali “algo de Saint-Germain: charme decadente, eflúvios boêmios, um sentimento de camaradagem entre vizinhos”. E teimaram que seria lá! Eles foram para Paris diversas vezes - não à procura de referências - para respirar a alma dos tradicionais bistrôs e brasseries. Menos solene e mais hospitaleiro, assim definiram o conceito do Le Jazz que expressa pelo próprio nome uma associação entre a vida boêmia e o estilo musical do jazz. Um lugar onde o velho e o novo convivem em harmonia.
No cardápio, há clássicos da cozinha francesa que perduram com o tempo. São atemporais como os clássicos musicais. Quem foi a Paris deve se lembrar de comer um belo entrecôte com fritas, um steak tartare ou ainda um filé au poivre, entre outros títulos inevitavéis. O bom não envelhece, e assim segue tocando. O Le Jazz sempre apostou numa comida simples do dia-a-dia parisiense, saborosa e acessível, e na música como um arremate encantador. E assim o bistrô, ainda tão jovem, ia construindo sua lenda: sempre cheio e disputado. O serviço acolhedor e simpático é uma marca registrada, aqui os garçons ditam as regras, nada de reservas ou famosos furando fila. Estamos quase em Paris: todos se apertam nas mesas e entram na fila sem frescura.
Para comemorar uma década de sucesso, surge o livro “Alma de Bistrô: A Trajetória do Le Jazz”, escrito por Luiz Américo Camargo e editado pela Amê Content. Além dos textos, a publicação tem concepção editorial de Luiz Américo, ensaio fotográfico de Romulo Fialdini e crônicas de “autores-clientes-convidados” como Lourdes Hernández, Antônio Prata, Reinaldo Moraes e Zuza Homem de Mello (in memoriam). São histórias sobre o bistrô de Chico Ferreira, Gil Carvalhosa Leite e Paulo Bitelman que, como bem descreveu o autor, chegou para preencher a lacuna que faltava nos restaurantes franceses de São Paulo até então, onde sobravam pompa, maîtres, garçons e códigos de etiqueta.
Le Jazz é o verdadeiro bistrô paulistano. Aliás, os verdadeiros, hoje você encontra quatro endereços fiéis à sua alma. Entrevistamos o Gil Leite, um dos fundadores e diretor dos restaurantes.
L’OFFICIEL : Quando criou o Le Jazz junto aos seus sócios em São Paulo, você imaginava o tamanho desse sucesso?
Gil Leite : Não imaginávamos, na nossa cabeça era somente um restaurante de dois donos que viveriam disso, fecharíamos um mês por ano, teríamos um cotidiano no restaurante de pinheiros e só.
O bairro de Pinheiros nunca mais foi o mesmo depois do sucesso do Le Jazz, você criou um movimento gastronômico em volta. Como enxerga essa transformação e as mudanças no bairro?
São Paulo tá sempre mudando, trouxemos destaque para aquela parte da rua, muita gente legal veio pra perto depois, alguns foram bem, outros não. Acho que temos que ficar atentos às mudanças, para não perdermos as características do bairro. Agora estamos entrando numa nova era de Pinheiros, com muitos prédios de uso misto. Pode ser muito legal ou pode virar um bairro impessoal, temos que trabalhar para não virar um bairro onde tem mais farmácias do que padarias.
Seus restaurantes tem uma verdadeira alma de bistrô, o cardápio é acessível e costuma agradar a todos os gostos, quais são seus pratos pessoais favoritos?
Gosto muito do ovo mollet (super reconfortante) o entrecôte sempre me faz feliz, mas no momento meu favorito é a paleta de cordeiro assada.
Le Jazz se tornou um lugar de encontros, um lugar de tribos distintas e misturadas. Como conseguem atrair e conversar com tantos públicos diferentes?
Quando abrimos o restaurante não tínhamos um público alvo, tínhamos uma ideia de um restaurante que poderia agradar muita gente. Prezamos por um ambiente acolhedor onde todos são bem vindos.
Quando vai a Paris, quais são seus lugares favoritos para comer e também quais serviram de inspiração para criar o Le Jazz?
Os clássicos bistrôs de Paris são nossas grandes referências em estéticas e gastronomia. Sempre vou no Comptoir, Paul Bert, Lipp, Petit San Benoit. Mas adoro tbm os novos Septime, Servain, Rooster… Paris é uma festa!
O livro “Alma de Bistrô, a trajetória do Le Jazz” que acabaram de lançar relata uma história cheia de curiosidades, qual foi a motivação desse livro?
Marcar os 10 anos de um projeto que nos traz muito orgulho. Orgulho de ter alcançado tanta gente e ter contribuído para o desenvolvimento sócio econômico de muitos colaboradores e fornecedores. O Le Jazz é um organismo vivo que depende de muito trabalho em equipe e organização para funcionar os 362 dias do ano que estamos abertos. Isso que queríamos levar e documentar para os leitores.
LE JAZZ BRASSERIE
Rua dos Pinheiros, 254
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Av. Higienópolis, 618 – Piso Pacaembu