Jhona Burjack em entrevista exclusiva para L'Officiel
Jhona Burjack comenta todos os detalhes sobre a nova fase da sua carreira, se equilibrando entre as passarelas e a TV. Confira!
Jhona Burjack já emprestou seu rosto para as maiores grifes do mundo, como: Versace, Dolce & Gabbana, Moschino, Jean Paul Gaultier e muitas outras. Depois de estrelar um comercial com a musa de Almodóvar, Rossy de Palma, o modelo do interior de Brasília se sentiu despertado para começar sua carreira como ator.
Foi em 2019, que Burjack fez a sua estreia na TV, interpretando Lúcio Coutinho na novela “Éramos Seis”, da Rede Globo. Atualmente, Jhona integra o elenco de “Todas As Flores", trama de João Emanuel Carneiro, dando vida ao personagem Javé Pereira e que já possui a primeira parte disponível no Globoplay.
A segunda e última parte de “Todas As Flores”, com Jhona Burjack, estreia em abril com exclusividade no Globoplay. Caso você ainda não tenha assistido à primeira parte, aproveite os episódios gratuitos disponíveis no streaming.
Em entrevista à L’Officiel, Jhona Burjack comenta sobre suas aspirações, a dualidade de sua carreira entre as passarelas e a TV. Confira!
Fotos: Pedro Pedreira
Você começou sua carreira com 18 anos de idade, mas o desejo de atuar veio antes ou depois das passarelas?
O desejo de atuar surgiu depois que eu comecei a trabalhar como modelo. Eu morava em Londres e, sempre gostei muito de filmes e tudo mais. Fui convidado pra fazer um teste para Aladdin da Disney e eu fiquei muito empolgado com o teste e o script. Decorei o texto, fiz o teste e lá conheci os diretores. Eles gostaram do que eu fiz e fui para as finais do teste. Eles me disseram que infelizmente não ia ser dessa vez, mas que eu continuasse porque eles viam talento em mim, eles viam uma coisa muito boa e quem sabe numa próxima vez eles poderiam me convidar. Aquilo me empolgou muito a buscar, a estudar... E eu fiquei sonhando com essa coisa de me tornar ator. Foi passando o tempo, eu fui sendo chamado para outros testes internacionais, depois outros testes para Globo e isso foi me recheando de sonhos.
E como foi que aconteceu de você sair do interior de Brasília para desfilar internacionalmente para Armani, Dolce & Gabbana e outras grifes?
Eu comecei a trabalhar como modelo por conta da minha namorada, Gabriela Pires. Ela já era modelo, desde a época da escola. E eu nunca imaginei que eu ia me tornar um modelo, nunca quis. Quando acabamos o ensino médio, ela teve a oportunidade de ir pra São Paulo, de começar a carreira internacional. O dono da agência pediu pra me conhecer, fui até a agência e o Nivaldo Oliveira, da Mega Model, pediu para que eu fizesse umas fotos. Ele gostou das fotos, na hora perguntou se eu não queria começar a modelar também e eu aceitei. Ele mandou essas fotos para uma agência de Milão e eles se interessaram por mim e pela Gabriela. Em 2015, viemos morar em Milão. Foi um desafio muito grande, no começo, quando eu cheguei aqui, não fui diretamente trabalhar para essas marcas. Fiquei mais ou menos uns três anos tentando arrumar trabalho como modelo, sempre diziam não pra mim, sempre falavam que eu não tinha muito o negócio de ser modelo. Nesses três anos eu fui aprendendo, fazendo fotos com fotógrafos e sendo descoberto pelas marcas. Aí sim, depois desses três anos de luta, que eu fui começar a trabalhar. Comecei a desfilar pra Armani, pra Dolce, pra Moschino, pra todas essas marcas.
Da experiência como modelo, quais foram seus maiores desafios e os aprendizados que você carrega?
Entre os maiores desafios, acho que a língua. No começo eu não falava inglês, falava só espanhol. Acho que morar em outro país também foi um desafio. Eu, que vim de uma cidade muito pequenininha de Brasília, morar num país totalmente diferente, trabalhando como modelo - algo que eu não tinha muita experiência - era um desafio muito grande para trabalhar a minha desenvoltura e a minha timidez. Eu sou uma pessoa muito tímida e era muito mais tímida na época. Entender como a moda funciona, essa concorrência que é aqui dos modelos em pegar trabalho, viajar para outros países… Esses foram grandes desafios. As experiências que eu carrego são o oposto de tudo isso: as conquistas de falar outras línguas, estar mais desenvolto na frente da câmera, conhecer pessoas novas, de vários países, culturas e conhecer outros países também. Também aprendi a cozinhar, antes não sabia tanto e, morando fora, a gente vai provando outras culinárias. Acho que eu aprendi a cozinhar sentindo novos sabores. As experiências de viajar, acho que faculdade nenhuma dá pra ninguém. Eu sou muito grato por ter tido esse trabalho, por ter esse trabalho, por poder viajar mundo afora.
Depois de ter morado em Milão, Inglaterra e Istambul, qual retrato você faz sobre a qualidade de vida no Brasil?
Bom, morando num país de primeiro mundo, eu vejo que eles investem muito na educação, na saúde, na qualidade de vida em si. Vejo que aqui eles incentivam que as pessoas pratiquem esportes, principalmente os jovens. As faculdades são de fácil acesso para as pessoas que vivem aqui. O retrato que eu tenho do Brasil é que é um país que tem um potencial gigante, a gente tem toda a nossa riqueza, toda a nossa grandiosidade, as pessoas do Brasil são pessoas maravilhosas, pessoas felizes, carismáticas, por mais simples que sejam, são muito felizes. Diferente do retrato que eu vejo da Europa e da América, de pessoas que são ricas, que tem uma vida muito boa, porém não tem essa felicidade que o brasileiro tem. Infelizmente o Brasil tem essa má gestão, tem essa carência de pessoas responsáveis para administrar o país e investir mais em educação, investir mais no esporte, na cultura, na arte. Eu acho que o nosso país está precisando disso para melhorar e eu espero que nos próximos anos a gente possa melhorar mais e mais esse retrato. Eu vejo que o Brasil é um país muito bom, mas pra quem tem dinheiro. Infelizmente!
Quais são as suas referências nas passarelas e na televisão?
Minhas referências na passarela são: o Marlon Teixeira, que foi uma grande inspiração pra mim no começo, o Evandro Soldati, Sean O’Pry, David Gandy, o Chico Lachowski e Gisele. Na televisão eu gosto muito do Marcos Palmeira, Wagner Moura, Lázaro Ramos e Matheus Nachtergaele. Gosto muito do trabalho do Irandhir Santos, também. Fora do Brasil, gosto do trabalho do Joaquin Phoenix, gosto do trabalho da Rossy de Palma - que é uma amiga e que foi a grande responsável por me fazer sonhar em ser ator. Gosto do trabalho do Javier Bardem, do Brad Pitt e de tantos outros que são uma inspiração e já estão na caminhada há tanto tempo. Da minha geração, dos brasileiros, gosto muito do trabalho do Jesuíta Barbosa, que é um amigo também. Entre outros, existem muitos talentos brasileiros e internacionais que eu amo, adoro e me inspiro. E que bom que o Brasil tem essa força aí da nova geração.
Você revelou ter feito teste para o live action de "Aladdin", e nós, sem dúvida, gostaríamos de tê-lo visto nesse papel. Conta pra gente como foi o processo.
Bom, eu morava em Londres, isso em 2016, a minha agência de Londres recebeu esse teste e me enviaram. Acho que eles tinham me visto pelo Instagram e acharam que eu parecia com o Aladdin, que eu tinha os trejeitos do personagem. Eu decorei o texto que eles enviaram, chegou o dia do teste e, estavam lá o diretor, o produtor de elenco e tinham outras pessoas também. Além deles, tinha uma moça que ficava conversando comigo, no diálogo para a câmera. Fiquei bem nervoso, mas falaram que tinha sido ótimo, me agradeceram e disseram que iam mandar um feedback em breve. Passaram-se uns dois dias, eles entraram em contato com a agência falando que eu tinha passado na primeira bateria de teste, que iriam marcar um outro dia pra voltar lá. Eles mandaram outro texto, eu decorei e fui na segunda bateria de testes. Nesta fase, tinham vários outros atores concorrendo ao papel. Eu cheguei, fiz o teste de novo e conheci o diretor geral, que era o Guy Ritchie. Passaram mais alguns dias e, me deram o feedback falando que infelizmente eu não tinha passado, que eles tinham gostado muito de mim, mas acho que por algum motivo, talvez o inglês, que na época não era tão bom, eu não tinha sido aprovado, mas era pra eu continuar tentando porque viram um potencial muito grande em mim, um talento, e disseram que quem sabe numa próxima eles poderiam me chamar para trabalhar. Aquilo me recheou de sonhos, de possibilidades e esperanças de, quem sabe, me tronar ator. Desde então eu sonho, quem sabe um dia eu possa trabalhar pra Disney! Se Deus quiser!
Como você reagiu ao saber que conquistou o papel do Javé em “Todas As Flores”?
Eu estava em Londres, indo trabalhar, e foi um dia bem frio e bem chuvoso. Eu estava no meio da rua e recebi uma ligação da Dani Pereira, produtora de elenco. Ela me ligou falando que eu tinha sido aprovado, que estava todo mundo feliz, que eu ia fazer o personagem e falou quem seriam as pessoas do meu núcleo. Eu fiquei muito feliz, fiquei muito emocionado, porque já tinha feito uns quatro testes para esse personagem e estava sonhando muito com ele. Desde “Éramos Seis”, veio toda a pandemia, toda aquela coisa, e desde então eu já não tinha tanta esperança, sabe? Esse papel chegou num bom momento, um momento em que eu estava muito triste, não estava tendo muitos trabalhos e veio como uma luva. Eu chorei quando ela desligou o telefone, fiquei todo emocionado. Liguei pra minha mãe, liguei pra minha namorada e disse que tinha sido aprovado. Estou muito feliz nessa novela.
Qual análise você faz sobre seu personagem Javé e como você espera que o personagem evolua na próxima fase da novela?
O Javé é um menino muito simples, que veio dessa família super caótica e super agitada. Ele e o pai são os homens da casa e os mais tranquilos. O Javé puxou muito a essência do pai, tranquilo e generoso. No começo da novela ele é assim, um menino muito “low profile”, muito quietinho, na dele, muito tímido, apaixonado pela prima, faz de tudo por ela e não sabe da beleza dele, não tem o conhecimento da beleza que carrega, da luz que ele tem. Quando ele é convidado para participar do concurso da Rodes, pela Mauritânia (Thalita Carauta), ele fica em dúvida se ele quer realmente - porque ele não acredita nessa beleza, não acredita que ele possa alcançar grandes voos. Mas durante o concurso ele vai sentindo que pode, que é uma pessoa bonita, a autoestima dele começa a crescer. E assim ele encontra um novo amor, uma mulher que valoriza as qualidades que ele tem, e ele começa a crescer, ficar mais forte. O que eu espero pra segunda fase da novela, é que o Javé venha com essa força, com essa confiança, que venha com esse brilho no olhar e com essa autoestima lá em cima. Eu espero que ele continue com a Mauritânia. E eu acho que muita emoção ainda está por vir, estou ansioso para essa segunda temporada. Que abril esteja logo ali, bem pertinho, pra gente poder todos assistir e se emocionar com essa novela.
Nos bastidores da novela, teve alguma experiência que te marcou?
Sim, eu acho que o que mais me marcou foi ter conhecido o samba de perto. Como era uma novela que rodeava e explorava muito o samba, eu fui introduzido à minha primeira roda de samba e fiquei encantado. Lá em Brasília, de onde eu vim, a gente não tem essa cultura de ouvir samba e quando eu cheguei pra fazer essa novela, acho que isso me arrebatou. Sempre nos bastidores o Xande de Pilares, o Mumuzinho, o DG e o Humberto Carrão cantavam, puxavam uma roda de samba e começavam a cantar. Isso era um aquecimento pra gente começar a gravar. Tocavam pandeiros na nossa casa na Gamboa, tinham instrumentos de samba lá, já que o Seu Darci (Xande de Pilares) era mestre de bateria e diretor de bateria. Então, antes de gravar, a gente meio que fazia um ritual, pegava os instrumentos e começava a cantar. Aquela energia entrava dentro da gente, ficávamos sambando e rindo. Foi muito gostoso ter esse contato com o samba. Hoje eu já escuto samba no fone de ouvido pra fazer as coisas, antes eu não tinha esse hábito e é uma delícia. É muito bom quando o samba te encontra, é muito ancestral. Eu gosto muito agora, acho que isso me marcou e não vou deixar de escutar samba nunca mais!
Como foi a experiência de dividir a tela com atores tão consagrados?
Eu todo dia achava que eu estava sonhando. Todo dia eu acordava e falava: “Meu Deus do céu, é verdade o que eu to vivendo? Será que eu não tô só sonhando?” E quando eu chegava lá na Globo, via o Fábio Assunção, Regina Casé, Sophie Charlotte, Letícia Colin, Caio Castro, a Zezé Motta, Thalita Carauta, o Xande sendo meu pai, isso tudo me deixava muito assustado no começo. Eu era o único que não tinha tanta experiência ali, eu e a Heloísa Honein. A gente ficava assim: “Meu Deus do céu, isso é um sonho. É realidade?” A gente ficava sempre muito bobo. Mas a gente foi recebido tão bem, fomos abraçados por todos eles, que depois foi passando a ser normal - mas ainda não é tão normal. Quando olho pra trás e vejo que trabalhei com essas pessoas tão maravilhosas, nem acredito, só vejo que foi uma benção gigante. Às vezes eu nem consigo somar a dimensão de tudo isso. É mais uma gratidão enorme de poder ter trabalhado e ter tido a chance de observar eles de perto, poder aprender com eles. Foi muito enriquecedor e eu sou muito grato! Tenho saudade de todos eles também, que viraram família. É muito forte o que a gente faz nesse trabalho de ator, nós criamos um laço muito grande, viramos uma família mesmo, e já sinto muita falta de estar naquela rotina, de estar sempre gravando, de encontrar meus amigos entre estúdios. Espero que em breve eu possa encontrar eles de novo e tenha mais uma chance de poder aprender.
Depois da temporada de inverno de moda, quais são seus planos?
Bom, eu penso em ficar aqui na Europa até abril. Estou fazendo um curso de atuação em Madri e em busca de trabalhos como modelo. Os meus planos é ficar aqui até abril, estudando e trabalhando. Depois penso em voltar pro Brasil por um mês e depois retornar, ou pros Estados Unidos, ou ir pra Austrália - que já estão me convidando pra fazer alguns trabalhos lá. Se não rolar, eu vou voltar pra Europa mesmo. Se nesse meio tempo aparecer algum trabalho de ator aí no Brasil, que é minha prioridade agora, eu com certeza vou dar prioridade a esse trabalho. E é isso, não tenho tantos planos. Os planos que tenho agora são mais pensados para o primeiro semestre. Vou deixar as coisas acontecerem pra ver como vai ser no segundo semestre. Já está sendo ótimo estar por aqui (Madri), poder estudar, estar trabalhando e curtindo esse frio da Europa com a minha namorada.
Para finalizar, uma dica de beleza… após 10 anos de carreira como modelo para as principais grifes, quais cuidados com a pele e cabelo você possui?
Bom, pra ser honesto, eu sou bem tranquilo com isso. Acho que minha principal forma de cuidado é me alimentando bem, praticando bastante esporte, ciclismo, corrida, academia, sempre que posso pego uma sauna para limpar os meus poros e tirar as toxinas do sangue. Gosto muito de beber chá, de tomar suco verde, sucos detox. Gosto de tomar um chá de gengibre, que é antioxidante. E dicas de beleza eu às vezes gosto de fazer uma máscara para o cabelo que é a base de babosa, que é a nossa aloe vera. Eu raspo a babosa, coloco uma máscara capilar que eu gosto, coloco um óleo de coco no meio, um óleo de argan e bato no liquidificador. Depois jogo no cabelo, deixo uns vinte minutinhos, lavo o cabelo e ele fica lisinho. Para pele, quem me ajuda muito é a minha namorada, eu sempre fico roubando os produtos dela de beleza. Protetor solar todo dia! Todo dia mesmo, até quando não está fazendo sol. Eu também acho que beber bastante água é uma ótima dica!