L'Officiel Hommes Brasil #30: Prelúdio à Primavera

PRIMEIRO MOVIMENTO 

Num mundo tão carente de sentimentalidades, as flores tornaram-se musas de poetas e de apaixonados, símbolo máximo do flerte e resumo de quem deseja boas energias. Flores são vistas por todos os lados durante a primavera tropical justamente por conta de seus tantos significados, que passeiam do renascimento ao replanejamento – e lá estão elas, empinadas sobre árvores que teimam em cessar o cinza brutalista das grandes cidades, exibidas às margens dos rios sufocados pela poluição, recobrindo o calçamento como se fossem pinceladas impressionistas de Manet ou solitárias em centros de mesa. É como se um novo ciclo brotasse da escassez de oportunidades, sobrevivente aos destemperos de uma vida que se desenha tão rara. O ressurgir em solo estéril, contrariando as estatísticas, é tarefa para gente como Gerald Thomas, uma mente fervilhante, duzentos anos no futuro, avesso à regra e descontente da lógica; Rashid, o rapper debruçado sobre a obra do cineasta Akira Kurosawa e Evandro Mesquita, o setentão pop, que segue surfando na crista da onda. Em jardins mais serenos, brota uma safra cheia de atitude, dona de si. Caso dos atores Nicolas Prattes, Romulo Estrela e João Guilherme, que posou para a edição em ensaio inédito, feito na centenária Galeries Lafayette, em Paris. E ainda tem aquelas sementes que rebentam em meio à natureza para tomar de volta o seu lugar de direito. Paulo Lessa, Gilson Rodrigues, Sérgio Sister, Docta, Raul Zito, Nelson Felix, Alison Oliveira, Saulo Rocha, Dida Teodoro e Kevin Cavalcante que o digam. Nessa sinfonia dedicada à primavera, com Allegro, de Vivaldi, tocando na vitrola, Steve Biko, que semeou a cultura do “Black is Beautiful”, faz cada vez mais sentido. É chegado o tempo de extirpar todos os preconceitos e deixar um novo dia romper no horizonte.

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