Novembro Azul e a importância do diagnóstico prévio do câncer
Novembro azul é o mês da conscientização sobre o câncer de próstata, doença que afeta homens, principalmente a partir dos 40 anos, podendo, muitas vezes, passar despercebido e sem apresentar sintomas.
Novembro é o mês de conscientização do câncer de próstata e a atenção a saúde masculina.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que deve ser registrado mais de 70 mil casos no Brasil até 2025. Com exceção dos tumores de pele não melanoma, esse é o segundo tipo de câncer mais frequente e o diagnóstico precoce, não apenas aumenta as chances de cura, mas também proporciona opções de tratamento menos agressivas e melhora a qualidade de vida dos pacientes.
“Causado pela replicação descontrolada das células da próstata, o câncer de próstata é um tumor maligno que tem a idade como principal fator de risco. Indivíduos com idade mais avançada acabam apresentando um risco aumentado de desenvolver essa doença, principalmente após os 40 anos”, alerta o médico oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-Doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra).
Assim, a campanha Novembro Azul reforça a importância do acompanhamento médico regular a partir dessa idade, já que o diagnóstico precoce do câncer de prostata aumenta muito as chances de sucesso do tratamento.
Esse acompanhamento é especialmente importante visto que a doença é muitas vezes assintomática. “Presença de sangue no sêmen, ao urinar, diminuição do jato de urina, mudança na frequência ou surgimento de dor ao urinar são alguns dos possíveis sintomas do câncer de prostata, mas nem sempre aparececem”, detalha o oncologista. Por isso, os métodos de rastreio são tão importantes. “Além do exame de toque, o exame de sangue que dosa a quantidade de PSA (Antígeno Prostático Específico) é fundamental para o diagnóstico precoce do câncer de próstata”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Além do acompanhamento regular, é importante ainda adotar cuidados para prevenir a doença ainda durante a juventude. “O mais importante é manter um estilo de vida saudável, com a adoção de uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos, controle do peso e realização de atividades sexuais regulares”, diz o Dr. Ramon, que acrescenta que esses cuidados são especialmente importantes para pessoas com maior predisposição à doença. “Os principais fatores de risco do câncer de próstata incluem idade, história familiar e alterações genéticas”, acrescenta o oncologista.
Mas, uma vez diagnosticado, o tratamento da doença pode variar caso a caso, podendo incluir, segundo o Dr. Ramon, cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e também quimioterapia. “Temos também novos métodos que têm demonstrado excelente eficácia, como as terapias-alvo, que permitem localizar alvos celulares e manipulá-los para impedir o desenvolvimento dos tumores, uso de fármacos radioativos como Lutécio 177, medicamento recém-aprovado pela Anvisa que mostrou resultados positivos em pacientes com câncer metastático, e terapia focalizada de alta intensidade (HIFU), procedimento em que usamos energia de ultrassom para destruir as células cancerígenas”, destaca o especialista.
Por fim, o Dr. Rodrigo Rosa ressalta que outra preocupação que os homens diagnosticados com a doença devem ter é com relação à fertilidade, principalmente se ainda desejam ter filhos. “Os tratamentos da doença podem afetar a capacidade reprodutiva do homem. Por exemplo, a cirurgia, ao retirar a próstata, afeta a produção do líquido seminal. Já a radio e quimioterapia podem prejudicar a produção dos espermatozoides”, explica o médico, que acrescenta que hoje existem meios de preservar a capacidade reprodutiva do homem. “Para a preservação do espermatozoide, é necessário apenas a masturbação, de preferência em várias amostras. Então, é feita a criopreservação (congelamento) do sêmen, antes do início do tratamento contra o câncer. Caso o homem não consiga ejacular, os espermatozoides podem também ser retirados diretamente dos testículos, com uma agulha ou numa pequena cirurgia”, finaliza o especialista em reprodução humana.